Pois é, Padre Paulo Ricardo. E mais alguns anos se passaram desde o seu nascimento. Todos os anos escrevemos algumas parcas palavras para lhe expressar nossa eterna gratidão por suas catequeses, pregações, respostas e direcionamentos. Quantas conversões e mudanças de vida, né?! Ora, é claro que nunca poderíamos deixar passar em branco essa data tão especial. Mas, dessa vez, o senhor é quem nos dará o presente, revelando-nos o seu grande segredo: a alegria de Cristo!

Afinal, o que é a alegria? O mundo de hoje adora aventar sua suposta felicidade, enquanto acusa os cristãos de levarem uma vida reprimida. Nietzsche, por exemplo, chamava o cristianismo de a filosofia dos fracassados, por causa da pregação sobre a cruz e da renúncia aos prazeres carnais. Será tudo isso verdade?

No livro Ortodoxia, o escritor G.K. Chesterton faz uma meditação interessante sobre o assunto. Ele diz o seguinte: "A alegria, que foi a pequena publicidade do pagão, é o gigantesco segredo do cristão" [1]. Chesterton nota que, durante Sua vida terrena, Jesus nunca temeu demonstrar compaixão por aqueles que se achavam em situação difícil, nunca escondeu suas lágrimas, ao passo que as lágrimas eram precisamente o grande medo dos estoicos antigos e modernos. Do mesmo modo, Cristo também não se constrangeu ao "arremessar móveis pela escadaria frontal do Templo"; sua indignação manifestava-se sempre que necessária [2]. Não obstante, "solenes super-homens e diplomatas orgulham-se de conter a própria ira", compara o escritor.

Uma leitura superficial dos Evangelhos — como costumam fazer aqueles que se julgam mais felizes na conquista dos bens temporais — poderia induzir-nos a pensar Jesus como uma pessoa amarga ou destemperada. Sabemos, no entanto, que as coisas não são assim. Porque não foi manchado pelo pecado original, Jesus é perfeitamente ordenado em todos os seus sentimentos. Neste sentido, de que modo se pode compreender o silêncio dos Evangelhos a respeito das "risadas" de Cristo, por assim dizer? Chesterton ajuda-nos a resolver o problema: "Havia uma certa coisa que era demasiado grande para Deus nos mostrar quando Ele pisou sobre esta nossa terra" [3]. E ele prossegue: "Às vezes imagino que era a sua alegria" [4].

Eis aí. Cristo não tinha medo de chorar ou irar-se porque no fundo de seu coração habitava — e ainda habita, pois continua vivo nos Céus — a alegria da liberdade cristã. Todas as suas manifestações sentimentais foram livres. Com efeito, Ele não precisava esconder-se por de trás de máscaras, abadás ou quaisquer outras fantasias de felicidade. É por isso que, mesmo na cruz, pôde amar e perdoar seus algozes, pois sua alegria era cumprir a vontade do Pai: a salvação da humanidade. Assim também se entende a alegria de tantos cristãos que foram cantando e dando glórias a Deus pela coroa do martírio. O cristão permanece feliz mesmo no sofrimento. Os pagãos, ao contrário, inventam uma falsa felicidade para esconderem a angústia e o desespero que sentem no período da dor.

Padre Paulo Ricardo, nestes anos ao seu lado temos experimentado o gosto desta verdadeira felicidade. Trata-se da certeza de que nossa casa não é esta "pousada" terrena — para usar uma expressão de Santa Teresa —, mas a casa de Deus, onde há muitas moradas (cf. Jo 14, 2). Trata-se de compreender que as alegrias do cristão não passam porque Aquele que as inspira também não passa. Como o padre é chamado a identificar-se totalmente com seu mestre, o senhor, Padre Paulo, também não temeu chorar a morte de um grande amigo nem arremessar móveis para corrigir outros irmãos. Mutatis mutandis, assim como fizeram com Jesus, podem fazer com senhor, identificando-o erroneamente com uma pessoa amarga e destemperada. Mas isso, sabemos, não passa de um profundo equívoco. Atrás de cada Parresía, Resposta Católica, Testemunho de Fé esconde-se uma alma cheia de alegria, que sabe rir de si mesma, por se saber apenas um instrumento nas mãos do Senhor.

Sim, Padre Paulo Ricardo, somos apenas servos dispensáveis. Fazemos aquilo que devemos fazer. E quando erramos, por que não rir de nós mesmos, não é? Afinal, Deus também criou o bom-humor.

Feliz aniversário!

Nós o amamos!

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