O patriarcado hoje costuma ser definido como um sistema social injusto que reforça papéis de gênero e oprime, evocando a típica dominação masculina sobre as mulheres.

Minha própria irmã descobriu recentemente essa versão do patriarcado em um curso de estudos sobre a mulher em uma instituição pública, durante o qual ela foi instada a dar exemplos em sua vida de quando a dominação masculina foi reforçada sobre ela, seja por seu pai ou qualquer outro homem com o qual ela tivesse algum contato. Infelizmente para o professor, que tentava tirar uma lição disso, minha irmã não conseguiu recordar uma única vez em que essa noção de misoginia tivesse sido imposta sobre ela. Ainda que meu coração sinceramente se compadeça de qualquer mulher que já tenha sido assediada por um homem, não me parece que devamos culpar o patriarcado por isso.

O fato é que muitos homens e mulheres nunca experimentaram o que é realmente o patriarcado. Em uma época na qual 1 em cada 3 lares sofre com a ausência do pai, será que podemos mesmo continuar a culpar o patriarcado pelas doenças sociais que estamos experimentando? Para que um patriarcado esteja em ordem, deve haver um homem desempenhando um papel de liderança. Mas os homens não estão em suas casas; ao contrário, eles estão abandonando seus postos e entrando em expedições egoístas. Se algum chega a abandonar a própria família, como muitos hoje estão fazendo, não se trata propriamente de opressão, mas de covardia. Acredito que a velha e desgastada mania de culpar os homens de ser “opressores” só funciona quando eles estão realmente presentes.

Ainda que o movimento de “liberação” das mulheres tivesse como finalidade libertar as mulheres da abstrata “opressão patriarcal”, o que o movimento provocou, na verdade, foi um retrocesso à servidão: nunca se viu os homens usarem tanto as mulheres como agora. Sem praticamente nenhum senso de compromisso, eles recebem hoje a gratificação imediata do ato sexual, fato que as mulheres exaltam como se se tratasse de verdadeira liberdade.

Mas será liberdade de fato ser jogada de lado como nada mais do que um objeto descartável? Isso não é amor, não é liberdade, não é verdade. É sim uma covardia dos homens, provocada pelo ciclo contínuo de meninos sendo criados para temer seja sua liderança como homens seja sua capacidade inata de fazer diferença no mundo. É também um resultado da noção, passada a homens e a mulheres, de que “libertar-se do patriarcado” é o mesmo que livrar-se dos “grilhões” da responsabilidade moral.

Essa ideologia tem se espalhado porque fomos ensinados a ver tudo pelas lentes da vitimização. Os grandes heróis de nossa época são os que mais foram oprimidos. Ao invés de olhar para as virtudes que deveríamos cultivar e, mais importante ainda, para os vícios que deveríamos erradicar, as últimas duas ou três gerações foram ensinadas a vislumbrar matéria de opressão em cada ação ou reação da sociedade. Graças a essa tolice, a ideologia marxista de consciência social não só aliena as pessoas, como torna-se um verdadeiro perigo. Debaixo do fiasco cultural de um feminismo equivocado e de uma masculinidade caracterizada por violência e indignação encontra-se uma população inteira de homens que não sabem sequer o que seja conduzir uma família. Os princípios mal formulados do feminismo, incluindo sua noção de patriarcado, são simplesmente tão errados quanto os dos homens que tratam suas mulheres como animais. Ambos confundem liderança com opressão e imprimem na cultura um medo entre os dois sexos.

Talvez o restabelecimento do patriarcado cristão seja a mudança necessária, o catalisador positivo, para resolver nossos problemas sociais. Algumas das principais características do patriarcado são sua clareza, o conflito que ele gera e o controle que ele detém. Se devem ser elogiadas ou censuradas essas características, tudo depende de como se percebem os objetos a que elas dizem respeito.

O patriarcado é claro no sentido de que as leis dentro de um sistema patriarcal geralmente significam punições mais severas. Assim como o pai dentro de uma casa impõe uma boa dose de medo em tempos de mau comportamento, no patriarcado é muito menor a leniência para com as transgressões feitas à lei. Também é claro o patriarcado no sentido de que um sistema assim chama as coisas por aquilo que elas são. Um inimigo é um inimigo. Na modernidade nós temos dificuldades em definir um inimigo. Não queremos ferir os sentimentos de ninguém e trocamos a misericórdia e a justiça cristãs pela noção hodierna de “ser legal”. Jesus nos disse para amarmos nossos inimigos, não para fingirmos que eles não existiam.

Se uma ameaça estivesse a caminho de uma tribo ou de uma nação, os homens se reuniam para discutir como afastá-la e como melhor proteger aqueles sob seu cuidado. Isso significava guerra, conflito, controle. Não o controle de um ditador, mas o controle adquirido por meio de autossacrifício e coragem. Os homens tinham de arriscar suas vidas na linha de combate a fim de manter a salvo suas tribos. Eles entendiam que, se alguns dos homens morressem, ao menos sua descendência perduraria. Se as mulheres morressem, no entanto, eles teriam menos oportunidades de “encher a terra” com sua prole. As mulheres eram tidas em alta consideração deste modo porque sua sobrevivência significava a sobrevivência de todo o povo.

Houve épocas obviamente de abuso do patriarcado, e a elas se deve parcialmente a culpa dos desentendimentos de hoje. Por isso faço menção específica do patriarcado cristão. O homem cristão tem consciência da necessidade de viver como o próprio Cristo. Ele de bom grado dá a própria vida por sua família e por seu povo. São Paulo exalta esse patriarcado em Ef 5: “Pois o marido é a cabeça da mulher, assim como Cristo é a cabeça da Igreja”. O entendimento paulino de patriarcado pede dos homens que eles ajam exatamente como agiu Cristo crucificado; exorta-os a ganharem o direito de ser a cabeça da casa, não por meio da força bruta, mas através da caridade, fazendo sacrifícios e agindo com honra.

Eis um outro porquê de Jesus ser uma figura tão perigosa: Ele oferece a solução para nossos problemas, Ele oferece o patriarcado cristão. Quando os fariseus questionaram sua fidelidade à lei mosaica, que permitia o divórcio para não deixar os homens matarem suas esposas, Cristo respondeu: “Foi por causa da dureza de vossos corações que Moisés permitiu o divórcio, mas no princípio não era assim”. Jesus volta à origem do homem. Ao fazer isso, Ele não põe abaixo os ideais do patriarcado, mas desafia o status quo de um machismo corrosivo e traz de volta à mente o papel do próprio Adão. Este, encontrando-se sozinho e insatisfeito, procura sua amada. Ele procura aquela que será carne de sua carne e que satisfará suas necessidades mais profundas. Jesus repreende a mera noção de medo entre os sexos e, ao invés, institui uma masculinidade baseada no amor crucificado. Ele não pede aos homens que “sejam legais”, mas os desafia sim a interiorizar a lei eterna de Deus. Ele manda aos homens que reconheçam uma vez mais o incrível dom do feminino em suas vidas e que o tratem como a joia mais preciosa da Criação.

Acredito que nunca tenha sido tão necessário como agora revisitar os ideais do patriarcado cristão. Um sistema de expectativa dado aos homens para que tomem a frente e sejam os líderes que foram chamados a ser. Por muito tempo os homens deixaram de lado seus deveres como protetores, provedores e líderes de seus lares, tanto em matérias físicas quanto espirituais. O patriarcado, complementado pelas virtudes e princípios cristãos, permite que uma sociedade e sua moralidade prosperem porque, quando os homens conduzem suas casas no seguimento de Cristo, protegendo-as dos perigos físicos e espirituais e provendo-lhes os bens materiais e espirituais necessários, as famílias prosperam. Isso significa que os homens precisam dar um passo à frente e parar de agir como vítimas.

Construa suas virtudes, portanto, reze pedindo a graça de Deus e prepare-se para tomar o leme. Esse é o modo como Deus pensou o homem — e o modo como também nós deveríamos pensar.

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