São conhecidas as sentenças dos santos da Igreja sobre o tempo do Carnaval. Elas estão espalhadas na Internet e deveriam formar todos aqueles que se dizem católicos. Para citar um só exemplo, vindo da terra do santo Papa João Paulo II, vejamos o que diz Santa Faustina Kowalska sobre esses dias de festa e aparente alegria:

"Nestes dois últimos dias de carnaval, conheci um grande acúmulo de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer num instante os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista." (Diário, 926)

Essa apóstola da Divina Misericórdia escrevia tais palavras ainda na primeira metade do século XX. Hoje, passados já mais de 100 anos, não há dúvidas de que os festejos carnavalescos pioraram muito. Se a revelação recebida por Faustina fê-la "desfalecer de terror", com que tristeza não deveríamos reagir ao quadro que, agora, infelizmente, todos podemos ter diante dos olhos, graças ao alarde dos meios de comunicação! Se, com um só Carnaval do século passado, uma santa se admirava por Deus permitir que a humanidade existisse, o que dizer dos festivais que se repetem, ano após ano, aumentando mais e mais a sua malícia — a ponto de a ala de uma escola de samba anunciar, este ano, "que terá 40 casais simulando sexo na Avenida"?

Mas nós, infelizes que somos, perdemos a noção do que seja o pecado. A ofensa cometida a Deus tornou-se para os nossos contemporâneos uma trivialidade, algo banal. Os homens e mulheres de nosso tempo não estão minimamente preocupados com mandamento algum: embebedam-se fim de semana sim e outro também; têm sexo quando, como e com quem bem entendem; e, pior do que tudo isso, criam os filhos que têm, frutos do acaso, para viverem as mesmas coisas que eles vivem. Em resumo, e é esta a grande tragédia de nossa época, o homem moderno transformou a sua vida em uma festa de Carnaval prolongada. Que as pessoas vivam 4 dias de festas indecentes uma vez por ano, é escandaloso; mas que passem as 4 idades de sua vida na mesma situação, é uma tragédia muito pior.

O quadro é horrendo, mas a pergunta que devemos fazer nós, que estamos no mundo sem sermos do mundo, é como acordar essas pessoas, que convivem conosco no dia a dia e até que fazem parte de nossa família. Qual a melhor forma de convertê-las e tirá-las do abismo em que se acham?

Uma sugestão que muitas vezes o Padre Paulo Ricardo lança em suas pregações é mostrar para os pecadores como eles são infelizes na vida que levam. Para aqueles que estão cegos e apaixonados pelas coisas do mundo, será muitas vezes inútil repetirmos o velho sermão dos santos — embora não o devamos subestimar, absolutamente. Com muita frequência, no entanto, as palavras deles só costumam funcionar para "os de dentro", que já têm o mínimo de temor de Deus. Para quem "está fora", muito mais eficaz é apontar para a tristeza que mora nos corações afastados do Senhor: onde estão, na Quarta-feira de Cinzas, os sorrisos e as gargalhadas que desfilaram na Sapucaí? Para onde foram tantas energias gastas pelo prazer, pela roupa mais exuberante, por mais um gole de bebida?

É mais ou menos esse o quadro que pinta, no vídeo acima, a grande comunicadora católica Madre Angélica, falecida ano passado (2016), nos Estados Unidos. No excerto em questão, a religiosa bem-humorada mistura com a estratégia do "olha para ti mesmo" a tradicional pregação cristã sobre o pecado, o escândalo, a penitência e o inferno, à semelhança do pai de família do Evangelho "que tira do seu baú coisas novas e velhas" (Mt 13, 52).

Que as suas palavras possam cair, de alguma forma, nos corações afastados de Cristo e da sua Igreja. Para os que entendem inglês, vale a pena assistir ao episódio completo de onde foi extraído esse vídeo: o programa foi ao ar no dia 2 de março de 1999, e fala sobre as "observâncias quaresmais".

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