No dia 26 de julho, celebramos a memória de São Joaquim e Santa Ana, pais da Santíssima Virgem Maria e, portanto, avós de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Esta celebração nos convida a rezar pelos avós, que na família são os depositários e, muitas vezes, as testemunhas dos valores fundamentais da vida. “A tarefa educativa dos avós é sempre muito importante, e torna-se ainda mais quando, por diversos motivos, os pais não são capazes de assegurar uma presença adequada ao lado dos filhos, na idade do crescimento” [1].

São Joaquim e Sant’Ana e a tarefa educativa dos avós

Em 2013, quando esteve no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco destacou que “São Joaquim e Sant’Ana fazem parte de uma longa corrente que transmitiu o amor a Deus, no calor da família, até Maria, que acolheu em seu seio o Filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé!” [2].

Na festa de São Joaquim e Sant’Ana, somos chamados a recordar “como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família” [3].

Em sua casa paterna, a Virgem Maria cresceu cercada do amor e da solicitude de Joaquim e Ana. Ela aprendeu de Santa Ana como ser mãe. Embora tivesse renunciado à maternidade, o Pai do céu, aceitando a sua doação total, deu a Nossa Senhora a graça da mais perfeita e mais santa maternidade: a maternidade divina!

“Cristo”, ensina S. João Paulo II, “do alto da Cruz, transferiu em certo sentido a maternidade d'Aquela que O gerara, dando a esta por objeto, em vez de Si, o discípulo predileto, e ao mesmo tempo fez que ela abrangesse toda a Igreja, todos os homens” [4]. Sendo assim, como herdeiros da promessa (cf. Gl 4, 28-31) divina, encontramo-nos abrangidos por esta maternidade e experimentamos a sua santa profundidade e plenitude.

Por isso, recordemos que foi precisamente Santa Ana a primeira a ensinar a Virgem Maria, sua diletíssima filha, como devia ser Mãe.

A devoção a São Joaquim e Sant’Ana

Consideremos, pois, quão agradável deve ser a Nossa Senhora a devoção aos seus santos pais, aos quais se reconhece de mil modos obrigada. Conforme uma tradição antiquíssima, São Joaquim e Santa Ana ficaram muitos anos sujeitos à “vergonha” da esterilidade. Se finalmente da sua santa união nasceu essa Menina celestial, foi porque, pelas orações, vigílias, jejuns e esmolas, Joaquim e Ana fizeram “violência” a Deus.

São Joaquim e Santa Ana foram os primeiros que, aqui na terra, amaram Nossa Senhora, e, como afirmam São Jerônimo e Santo Epifânio, foi por ordem da Santíssima Trindade que lhe puseram o nome de Maria, que pelas suas sublimes significações já indicava os altos ofícios a que ela era destinada.

“A Virgem menina fiando”, do séc. XVI.

Quando a Menina Maria completou três anos de idade, tomaram-na nos braços e, carregando-a alternadamente na longa viagem de Nazaré a Jerusalém, apresentaram-na no Templo, a fim de cumprir a promessa que fizeram a Deus. A celeste Menina ficou no Templo até seus doze anos. Este sacrifício custou bastante a São Joaquim e a Sant’Ana, mas o fizeram para se conformar com a vontade de Deus e em vista do grande bem que disso devia resultar para a sua amada filha.

Quando Joaquim e Ana morreram, deixaram à Bem-aventurada Virgem todos os seus bens, particularmente a casa de Nazaré, na qual o Filho de Deus encarnado passou a maior parte de sua vida, em submissão a São José e à sua castíssima esposa.

Depois de Deus, é a São Joaquim e Santa Ana que Maria Santíssima é devedora de tudo que tem, e daí podemos ter uma noção de como deve ser agradável a ela se a ajudarmos no seu tributo de gratidão, praticando a devoção a esses grandes santos.

Se é tão agradável à Santíssima Virgem a devoção para com seus amados pais, procuremos ser-lhes particularmente devotos, a fim de darmos a ela maior satisfação. Cada ano, na festa de São Joaquim e Santa Ana, recebamos o Santíssimo Sacramento em sua honra, e desde hoje tomemos a resolução de os amar com o mesmo amor com que os amam e amarão eternamente Jesus e Maria.

Agradeçamos muitas vezes à Santíssima Trindade os dons, as graças e as prerrogativas que concedeu aos santos pais de Nossa Senhora e, em todas as nossas necessidades, recorramos a eles com inteira confiança. Esforcemo-nos principalmente em imitar os exemplos de virtude que eles nos deixaram, em particular o amor que tiveram a Maria Santíssima.

Oração a São Joaquim e Santa Ana

Ó progenitores digníssimos de Maria sempre Virgem, São Joaquim e Santa Ana, eu, vosso servo humilde, cheio de confiança em vossa bondade, ofereço-me hoje todo a vós e proponho honrar-vos sempre o mais possível, para contentar o coração de vossa santíssima filha, minha rainha Maria. Não vos dedigneis de me aceitar por vosso servo e de me ajudar em todas as necessidades, tanto da alma como do corpo. Obtende-me especialmente uma terníssima devoção para com vossa filha e minha amadíssima Mãe.

Ó meus santos protetores, quisera eu amar a Maria assim como vós a amastes. Mas este desejo é superior às minhas forças, meu coração está demais apegado às criaturas para se elevar tão alto. A vós recorro, portanto, e rogo-vos, pelo amor da mesma Virgem, me alcanceis a graça de a amar, honrar e servir com todas as minhas forças; e juntamente com a devoção à Maria, obtende-me um amor ardentíssimo para com Jesus Cristo, seu divino Filho e vosso descendente segundo a carne [5].

Referências

  1. Papa Bento XVI, Angelus em Les Combes (Vale de Aosta), em 26 de julho de 2009.
  2. Papa Francisco, Angelus no Rio de Janeiro (JMJ), em 26 de julho de 2013.
  3. Id.
  4. Papa João Paulo II, Homilia em 10 de dezembro de 1978.
  5. S. Afonso M.ª de Ligório, Meditações: para todos os dias e festas do ano, t. 3. Friburgo: Herder & Cia, 1922, pp. 240-243.

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