O testemunho que vai abaixo é de uma aluna do nosso site, que mora na Itália. Em poucas linhas ela conta, com muita franqueza e bom humor, como foi a "descarada interferência" do Padre Paulo Ricardo em seu processo de conversão à Igreja Católica.

Nem sempre o encontro com um sacerdote é a experiência mais agradável do mundo. Para Jules, no entanto, deparar-se com nosso site foi, providencialmente, o encontro com a Verdade que liberta, ainda que a duras penas.

Que o breve retrato de sua vida, cujos contornos lembrarão a muitos de vocês a figura de Santo Agostinho, converta a tantas outras pessoas que se acham no mesmo caminho.

Eu tenho muitas coisas a dizer sobre o Padre Paulo Ricardo e a sua descarada interferência no meu processo de conversão.

Descobri a Igreja Católica há aproximadamente quatro anos e a internet foi um veículo fundamental no meu confronto de hipóteses e desmascaramento do que eu achava que sabia que era o Catolicismo Romano. Era também o modo como eu me mantinha em contato com amigos e família. O início do meu percurso se deu em um momento em que eu estava muito isolada, pois havia acabado de mudar pra um país onde não tinha amigos, emprego ou domínio da língua. Não me sobrava muito além da internet, mas graças a Deus que nesse mundão véio sem nenhuma porteira que é a worldwideweb foi o Padre Paulo Ricardo quem cruzou o meu caminho. Poderia ter sido qualquer outro, o Alexandre Frota, por exemplo. Quão grande a misericórdia divina!

A primeira fase foi de pura curiosidade. Eu estava me apaixonando pela Itália e é impossível fugir da presença das artes sacras pelas ruas, das cruzes sempre sobre nossas cabeças, do rosto amoroso da Madonna no jardim de tantas casas, dos olhares dos santos em todos os becos.

Passada essa fase, veio um desertinho purificador básico, porque alguns filhos têm a cabeça um pouco mais dura e Deus precisa deixá-los rangendo os dentes na areia, ouvindo Bon Jovi por um pouco mais de tempo. Ele sabe o que faz. E, quando não aguentava mais ouvir Bon Jovi, passei para a terceira fase em que eu já estava bem apaixonada por Cristo, procurando catequese, começando a rezar o terço. Na verdade, eu estava apenas me reerguendo de um dos períodos mais difíceis, deprimentes e solitários da minha vida e achava que tinha o direito de me divertir um pouquinho.

Todos nós sabemos que o Espírito Santo não é nenhum pastor pentecostal que sopra na tua testa, te derruba em êxtase sobrenatural no chão, te faz aceitar Jesus, e, no minuto seguinte, a vida está completamente transformada. Oh, que delícia seria se fosse tão simples! Todos os nossos desejos, defeitos, pecados e vícios de décadas desapareceriam instantaneamente com a expressão vocal do "sim" a Jesus! Eu não demorei muito para aprender que a conversão é um processo que leva a vida toda e que, no começo, naturalmente, a mudança é gradual.

Eu tive uma experiência real com Deus mas ainda estava muito perdida dentro da Igreja. Eu não conhecia a liturgia, a história, a filosofia, os sacramentos, nada. Eu via os vídeos do Resposta Católica sempre que possível, em todo o tempo livre que eu tinha. Lavando a louça, no ônibus, antes de dormir, antes de sair. Frequentemente antes de sair. Depois de tanto tempo de isolamento, uma vez que a vida voltou a uma certa normalidade, o meu primeiro impulso foi o de fazer o que já sabia, o que já conhecia: eu tinha me convertido, mas queria levar a mesma vida de antes. Não sabia de nada ainda.

Foi então que um fenômeno interessante começou a ocorrer. Eu me lembro nitidamente da primeira vez que tal "coincidência" aconteceu. Eu estava me preparando pra ir a uma festa de aniversário, onde eu sabia que teria a oportunidade de me aproximar de um homem que me interessava. Eu havia feito o download de vários áudios e vídeos do site do Padre Paulo Ricardo, e nesse dia coloquei pra escutar em modo aleatório. Eu estava bastante satisfeita comigo mesma e meu empenho em ser tão santinha, até que comecei a ouvir algo sobre aquela coisa ultrapassada e cafona, a castidade. Como não me interessava, mudei de áudio. Passados alguns minutos, o modo aleatório colocou naquele de novo. Desliguei.

Não vou me estender na descrição da sucessão de derrotas que obtive em minhas tentativas de me comportar como solteira que estava deliberadamente desobedecendo às ordens divinas. "Faz-me casta, mas não hoje" era a preferida das minhas frases, o que já mostrava que eu, mesmo agarrada às minhas falsas convicções resultantes de uma vida de lavagem cerebral cultural, sabia reconhecer que estava vivendo em modo desordenado. Como eu tendo a hiperbolizar tudo, imaginava que o Céu inteiro estava ocupado em me manter distante dos galantes conquistadores italianos. Meu anjo da guarda teve que fazer tanta hora extra pra me livrar de encrencas várias que eu não achei que ele tivesse tanta energia para o que eu considerava um pecadinho tão bobo. Mas ele tinha, e como: Deus já tinha dado um basta naquela vida, eu que ainda não sabia.

Como já disse, eu sou bem teimosa e a castidade era um assunto que eu considerava irrelevante. Tanto na minha vida já havia mudado... Em menos de um ano eu já tinha sido virada e revirada do avesso diversas vezes, e ainda mais isso? Assim, tão rápido? Ah, que carolice! Quem é que é casto nos dias de hoje, meu Deus do céu? Vou ficar aqui fazendo a puritana com mais de 30 anos nas costas? Ah, me poupe, Catecismo.

E assim, Deus permitiu que eu rascunhasse uma tragicômica busca em encontrar o amor pelos meus próprios meios, e, enquanto isso, o assunto carola continuou a me perseguir, sem que eu lhe desse atenção. Todas as vezes que eu sequer abria o site do Padre Paulo Ricardo era esse o assunto do dia. Eu ignorava e ia pra outro site. Eu esquecia, e voltava, e lá estava esse padre inconveniente querendo ficar falando disso de novo. E de novo, e de novo, e de novo. Não sei nem dizer quantas vezes isso aconteceu. Até que um dia percebi que isso não era uma coincidência e fui obrigada a confrontar o assunto com a sinceridade devida.

Não demorou muito e um senhor meio sem paciência se juntou ao coro do Padre Paulo Ricardo. Por puro turismo eu fui ver o corpo incorrupto de São Padre Pio e, já que estava ali, fiz umas orações. Para depois ir à praia, que era o que realmente me interessava naquele verão de 2013, no sul da Itália.

Alguns dias depois dessa viagem eu fui obrigada a me ajoelhar no meu quarto e chorar de tristeza. Briguei com Deus, com os anjos e com todos os santos (na minha cabeça o drama sempre envolve o Céu inteiro, e a trilha sonora é sempre Bon Jovi). Eu não tinha absolutamente nenhuma vontade de fazer a Sua vontade, um último ímpeto rebelde de resistência à entrega total a um Cristo exigente que nos quer por completo. Foi a primeira vez que eu entendi o quanto eu precisava da graça, que não sou eu que venço a carne, que venço o mundo. Eu estava aterrorizada diante da possibilidade de perder tudo aquilo que o mundo sempre me prometeu (e nunca me deu). Eu tinha medo de desperdiçar o restinho da minha juventude, medo de descobrir que minha vocação era ser freira, medo de abdicar de experiências que eu achava que eram essenciais para a compreensão da realidade. E medo maior ainda era da possibilidade de que o único tipo de homem nesse planeta que apreciaria uma mulher casta seria o moralista hipócrita onanista sem nenhuma compreensão da vida, mas com muita compreensão de discussões na internet. Eu detestava a ideia. Aceitei o meu dever com o coração pesado e aflito. Mas aceitei.

Dois meses depois eu conheci o meu marido (que nunca discute na internet).

Não se deve inferir que a castidade deve ser seguida pra que haja uma recompensa. Eu não esperava um matrimônio como resposta. Por muito tempo eu nem soube que meu marido seria meu marido. Eu chorava e fazia novenas, questionava se eu era vocacionada para o casamento, e ele já estava ali, do meu lado. Eu levo algum tempo pra perceber as coisas, acho que deu pra notar. Por alguns meses eu tive dificuldades, e ainda tenho, com a castidade. Somente a graça divina nos permite superar esses obstáculos, e foi também com o Padre Paulo Ricardo que eu aprendi a suplicar por ela. Mas em nenhum momento eu me arrependi da minha escolha. Foi através dela que eu me converti de verdade. Foi ali que eu entendi que não queria mais aquela minha velha vida, que queria amar a Cruz. Foi ali que eu soube que eu queria mesmo entrar no reino dos Céus, que queria glorificar a Deus com todas as coisas, inclusive com o meu corpo. Foi ali que a minha inteligência se abriu para a busca da Verdade, foi ali que eu comecei a aprender o que é amar. E até aquele chato insistente do Padre Paulo Ricardo eu amo um pouco mais por causa disso.

Testemunho enviado ao nosso site no dia 23 de setembro de 2015.

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