O Brasil nasceu sob a sombra da cruz de Cristo. Não sem razão os portugueses, tão logo fincaram bandeira em nosso território, trataram-no com o belo nome de “Terra de Santa Cruz”. Com os colonizadores, de fato, veio para o Novo Mundo um incontável número de sacerdotes e religiosos católicos que, sem prata, nem ouro, deixava a Europa tão somente para semear a semente do Evangelho no coração dos povos indígenas (cf. At 3, 6). Hoje, pode-se dizer que praticamente todos os lugares de nosso país rendem homenagem a esses “homens de fé”. Igrejas, cidades, ruas e monumentos são apenas alguns exemplos de como os nomes dos santos de Deus não estão escritos somente nos céus (cf. Lc 10, 20), mas também nas obras e construções humanas.

Uma bela composição musical, de autoria da cantora e compositora Kay Lyra, evoca justamente a história do corajoso Beato Inácio de Azevedo e de seus trinta e nove companheiros, que, não contentes em pregar o Evangelho com os lábios, testemunharam-no com o martírio, enquanto tentavam entrar no Brasil. Em poesia, a canção “Quarenta Homens de Fé” conta como os quarenta jesuítas, após aportarem “na Ilha da Madeira” e entrarem na nau chamada de “Santiago”, foram atacados e mortos por piratas protestantes, quando passavam perto das Ilhas Canárias:

“Quarenta Homens de Fé" (Kay Lyra)

Aportaram na Ilha da Madeira
Quarenta homens de fé
Prosseguiram na nau de Santiago
Quarenta homens de fé

Missionários guiados pelo vento
Com o intento do espírito da luz
Que conduz com firmeza e com clareza
Do cruzeiro de pedra Monte da Cruz

E a nau prosseguia bem tranqüila
Sobre a água o sol refletia paz
Mas a prece de Santa Tereza D'Ávila
Foi visão do martírio de um rapaz

Dom Inácio de Azevedo vinha
Com um sorriso e na mão sua santinha
E desejava seguir o seu irmão
João sobrinho do capitão

Uma prece eu peço, pra esses homens de fé
Que não sejam esquecidos, esses homens de fé
De repente uma nuvem pressentia
O clamor da maldade de um irmão

Onde o amor é de pouca serventia
Onde a noite chegou no coração
Surpreendidos com enorme alarido
Ameaçados com armas no convés

Dom Inácio caído e atingido
Sem saber a razão desse revés
Praguejando e ferindo com a espada
Era a ira de Jacques Sourie

Mais potente é a arma que o homem guarda
Com a fé sua morte não temer
Foram todos os homens então lançados
Uns já mortos, uns vivos, condenados

E agarrado à Santinha foi Dom Inácio
Para o fundo do mar…pra você ver
Uma prece eu peço, pra esses homens de Fé
Que não sejam esquecidos, esses homens de Fé

Prosseguiram então sua viagem
Para além desse céu e desse mar
Com as armas que vestem fé e coragem
Prosseguiram pro eterno bem morar

Ave Maria Gratia Plena…

Escute a canção abaixo:

Para conhecer mais a história desses homens, recomenda-se a leitura da obra Novas Páginas da História do Brasil (São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965), do Padre Serafim Leite, que conta, em detalhes, como morreram pela fé esses valentes missionários portugueses. Embora não tenham conseguido concluir a sua viagem ao Brasil, Inácio e seus companheiros mártires evangelizaram, do Céu, essa Terra de Santa Cruz: “Prosseguiram então sua viagem / Para além desse céu e desse mar / Com as armas que vestem fé e coragem / Prosseguiram pro eterno bem morar”.

Para esta civilização cada vez mais esquecida de sua identidade cristã, que seja atendido, como prece, o estribilho dessa bela música de Kay Lyra: “Que não sejam esquecidos, esses homens de fé”.

Beato Inácio de Azevedo e companheiros mártires, rogai por nós!

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