Hoje decidi contar um pouco do que aprendi com a pornografia ao longo de minha adolescência, passada infelizmente tão distante do cuidado de meus pais.

Eu sei, eu sei, você me dirá que esse não é o tipo de coisa com que possamos aprender algo. Mas é aí que você se engana. Sim, a pornografia é boa professora… Como o diabo!

A pornografia me ensinou, por exemplo, que não existe nem dia, nem hora, nem lugar para ter sexo. Os atores e atrizes pornográficos são colocados em cenas as mais triviais do dia-a-dia e, inesperadamente, começam a manter relações sexuais, seja qual for o lugar em que se encontrem.

A pornografia me ensinou que não existe idade quando o assunto é sexo. As legislações de praticamente todos os países civilizados mundo afora têm restrições sobre essa matéria, prevendo os relacionamentos com pessoas mais novas como crimes, e crimes com punição severa. No mundo paralelo da pornografia, porém, os vídeos de maior sucesso são justamente os que retratam mulheres mais novas. (Tudo depende, é claro, “do gosto do freguês”. Para os mais doentios, há também uma seção reservada para o sexo com pessoas de idade mais avançada.)

A pornografia me ensinou que não tem problema ter sexo com um monte de gente, e até com muitas pessoas simultaneamente. Na vida real, um comportamento assim está necessariamente associado a um punhado de doenças (as chamadas DSTs). No filme pornô, porém, só o que há é o prazer, prazer hard core e sem limites. Apenas quem chega a pesquisar um pouco a vida de atores e atrizes de filmes adultos se depara com a verdade: uma grande parte deles morreu ou está para morrer de alguma enfermidade grave (ou de overdose de drogas).

A pornografia me ensinou que o sexo não dispensa nem a família. Os atores em filmes pornográficos estão sempre se passando por pais e filhos adotivos (quando não biológicos mesmo), só para tornar mais “picantes” as cenas de sexo. O adultério é também amplamente praticado. As personagens têm todo um roteiro para seguir, de modo que um fique com a mulher do irmão, uma fique com o esposo ou o namorado da irmã, da mãe etc. A traição não tem fim. E é retratada como uma coisa muito boa, prazerosa, na qual até mesmo quem foi traído pode entrar e se satisfazer.

A pornografia me ensinou que, dentro de quatro paredes, tudo é possível. Mesmo que degrade a outra pessoa. Mesmo que ela visivelmente não queira mais. Mesmo que ela esteja sentindo muita dor. Mesmo que ela esteja literalmente a ponto de vomitar. Tudo em um lugar onde as pessoas deveriam estar supostamente “fazendo amor”.

A pornografia me ensinou uma porção de métodos para evitar filhos. Sim, porque, quando não estão usando visivelmente algum tipo de preservativo, os atores pornográficos sempre terminam suas relações fora do corpo das mulheres. É a indústria do coitus interruptus.

A pornografia me ensinou, enfim, a usar o nome de Deus em vão. A quem já teve contato com pornografia, nem precisarei explicar o porquê. A quem não teve, porém, basta-me dizer que a pornografia deturpa um dos dons mais maravilhosos com que Deus agraciou o ser humano: a sexualidade. Quem produz, quem atua e quem assiste a filmes pornô, é como se usasse o nome de Deus em vão, é como se desse aos cães as coisas santas, é como se jogasse pérolas aos porcos (cf. Mt 7, 6).

Em resumo, com a pornografia eu aprendi… uma porção de mentiras, um monte de ilusões, das quais estou tentando me desvencilhar até hoje. Em minha cabeça há uma verdadeira coleção de cenas de sexo, repletas de pessoas que eu nunca conheci nem jamais chegarei a conhecer. Essas pessoas têm pai, têm mãe, têm irmãos, como eu e como você. E eu tenho certeza que essas famílias sofrem muito quando descobrem a intimidade de seus filhos exposta assim, de modo tão degradante e vergonhoso, para milhões de pessoas em todo o planeta.

Por isso, se você nunca teve contato com esse tipo de conteúdo, você é um agraciado. Continue mantendo-se bem longe disso. A pornografia é boa professora, sim, mas só para quem a confronta com a realidade. Para quem acredita piamente nela e se afunda no mundo paralelo que ela propõe, é uma estrada pavimentada em direção ao inferno. Nesta e na outra vida.

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