[Este texto não é de autoria do Pe. Paulo Ricardo. Foi escrito pelo Pe. Gerald Murray, publicado no site norte-americano The Catholic Thing e traduzido para o português por nossa equipe.]

A recente tentativa, por parte de clérigos e leigos progressistas, de forçar a Igreja Católica a abandonar doutrinas que eles consideram inaceitáveis em matéria de moral sexual, inclui, necessariamente, esforços por modificar a linguagem com que a Igreja apresenta essas doutrinas em documentos oficiais, como o Catecismo. Uma das estratégias empregadas funciona como uma espécie de ataque autocontraditório: um ensinamento é considerado ininteligível às pessoas do nosso tempo por usar uma linguagem filosófica obscura. A um só tempo, o ensinamento é condenado como cruel e ofensivo, porque essas mesmas pessoas do nosso tempo, ao que parece, são perfeitamente capazes de entender a linguagem e o sentido do ensinamento. Elas simplesmente não gostam dele.

Outra estratégia consiste simplesmente em ridicularizar o ensinamento como disparatado, absurdo e constrangedor no mundo em que vivemos. Se o consenso reinante entre as pessoas informadas e inteligentes quanto ao que é certo ou errado considera uma doutrina católica incompatível com a própria maneira de ver as coisas, então é a Igreja que tem a obrigação de rejeitar tal doutrina. Por quê? Porque o “progressivo” consenso moral e ético das sociedades ocidentais ditas “avançadas” tem de ser agora a única norma aceitável para julgar qualquer comportamento. Os líderes da Igreja que abraçam essa visão abandonaram, evidentemente, os ensinamentos da Igreja e são os arquitetos e construtores da “igreja do que está acontecendo agora”.

A grave ameaça que essas táticas de pressão representam para os ensinamentos da Igreja sobre a homossexualidade está bem documentada em um recente artigo escrito pelo jornalista Edward Pentin. Alguns bispos e padres são os principais promotores de uma campanha persistente para que a Igreja abandone a doutrina segundo a qual os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados. Em consonância com o Antigo e o Novo Testamento e com a longa história do pensamento moral católico, a Igreja nos ensina que esses atos são intrinsecamente maus e jamais poderão ser moralmente bons, em circunstância alguma.

Por que isso está acontecendo? Como pastor de almas, sei bem como as pessoas tentam defender e justificar seus pecados das mais variadas formas. Uma das táticas é convencer-se de que, já que você não é má pessoa, mas boa e amável, então seus desejos e escolhas de vida também devem ser bons: eles devem vir de Deus.

Além disso, se a Igreja diz que a escolha de envolver-se em atos homossexuais é errada, é ela, na verdade, que deve estar errada. A pessoa que quer pecar de consciência tranquila pode até já ter visto essa linha de pensamento ser defendida por um “padre simpático e atencioso”, que é um tipo de “herói” — há inúmeros deles hoje em dia, alguns dos quais são inclusive celebridades.

Outro pretexto é alegar que, como tantas pessoas ignoram os ensinamentos da Igreja e muitos bispos e padres andam dizendo por aí que Deus quer abençoar relacionamentos homossexuais, então deve estar tudo bem. “Progredir na moralidade” significa que os atos homossexuais, proibidos em tempos “primitivos”, e agora tacitamente tolerados, não tardarão em ser finalmente aprovados pelos que estão a cargo da Igreja, tudo porque uns profetas pioneiros triunfaram em sua incansável insistência. Abaixo o velho, viva o novo!

Mas a realidade é completamente diferente. A Igreja ensina que os atos homossexuais são sempre gravemente imorais, pois Deus revelou essa verdade. Deus é amor, e sua verdade é expressão de seu amor. Viver contra a verdade significa viver contra Deus. Todo pecado, especialmente o mortal, ofende a Deus e causa dano espiritual a quem o pratica e a outros. 

A situação caótica em que a Igreja vive hoje é resultado do esquecimento ou da rejeição de uma verdade simples: o que Deus ordena é bom, o que Ele proíbe é mau. Os atuais esforços de bispos e leigos alemães para negá-lo põem a Igreja em perigo de cisma, o que ficou patente na indignação com que receberam a notícia de que o Vaticano proibíra bênçãos a “uniões de pessoas do mesmo sexo”.

Nós temos um dever — e, portanto, uma razão gravíssima — de viver e agir em completa obediência à lei de Deus. Temos o dever igualmente sério de convencer os outros a viver de acordo com o que Deus, em sua bondade, ordena.

Quando pastores da Igreja dizem às pessoas que elas estão fazendo “algo bom” ao cometer atos de sodomia, e que irão abençoar suas promessas mútuas de sodomia, eles estão traindo integralmente sua missão. Ao invés de tirar as pessoas do pecado e levá-las para a virtude, que agrada a Deus, esses falsos pastores as estão conduzindo ao pecado, afastando-as de Cristo.

A crença infundada de que a união de pessoas do mesmo sexo, baseada no uso imoral das faculdades sexuais (dadas ao homem por Deus para a propagação da espécie e como expressão do amor marital, na união física divinamente ordenada entre marido e mulher), é “digna” da bênção de Deus gera um escândalo horrível e promove uma enorme confusão na cabeça das pessoas quanto ao casamento, ao sexo e ao nosso dever de obedecer à lei de Deus.

É lamentável que tantos bispos e sacerdotes estejam hoje induzindo as pessoas ao erro, levando-as a envolver-se em atos homossexuais ou a aprová-los, ensinando que Deus mesmo aprovaria e abençoaria algo que a Igreja sempre ensinou — e sempre ensinará — ser um comportamento gravemente imoral. Esses falsos “mestres” têm de ser corrigidos fraternalmente e chamados a arrepender-se e retratar-se.

Precisamos dar a seus atos o nome certo: são artimanhas para eliminar ou redefinir a verdade de Deus em função de preferências humanas. Não podemos deixar que isso aconteça, e devemos resistir pelo bem das almas e pela preservação da verdade que nos foi confiada por Cristo e sua Igreja.

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