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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 7,31-35)

Naquele tempo, disse Jesus: “Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem? São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes!’ Pois veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes: ‘Ele está com um demônio!’ Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos pecadores!’ Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”.

Nós celebramos hoje a memória de Santo André Kim Taegon e seus 152 companheiros mártires. Trata-se das primícias dos mártires da Igreja na Coréia. Em 1836, eles ofereceram o seu grande sacrifício de amor a Jesus Cristo. O padre André Kim Taegon foi o primeiro padre coreano e deu um grande testemunho de seu amor a Jesus Cristo. Se vocês forem olhar a leitura que a Liturgia das Horas nos apresenta hoje, com as suas palavras cheias de amor e de fervor por Jesus Cristo, vocês verão o quilate deste santo. Ou seja, é um santo de um grande porte, que tem uma lição espiritual para nos dar.

Santo André nos diz com toda a clareza que de nada adiantaria termos nascido e continuar vivendo, se não fosse para nós amarmos Jesus Cristo e, com isso, conseguirmos o Reino dos céus; de nada adiantaria nem sequer nós termos entrado na Igreja, sermos batizados e conhecermos o nome de Jesus, para depois traí-lo. Não, precisamos ser fiéis a Jesus, e fiéis até o fim. Aqui, Santo André faz uma reflexão profundamente teológica e, ao mesmo tempo, de uma luminosidade divina para as nossas almas. Ele diz assim: “Jesus fundou a Igreja com a sua morte na Cruz. A Igreja continua então crescendo através do sofrimento dos seus membros”.

Mas aqui fica a pergunta: nós cremos de verdade que os nossos sofrimentos, quando sofremos por amor a Cristo, são úteis, são verdadeiramente um tesouro espiritual que propulsiona a vida da Igreja? Nós cremos que, quando os cristãos são perseguidos, a Igreja de Cristo, na realidade, prospera? Santo André, falando de seu martírio, do martírio de seus companheiros, professa esta fé. Ele compreende perfeitamente que não existe derrota quando os cristãos são martirizados. Na verdade, nós cristãos pintamos e fazemos esculturas dos santos mártires com a palma da vitória nas mãos. Aquela palma que é colocada nas estátuas dos santos é exatamente isto: júbilo de vitória.

Assim como Cristo, que entra triunfante em Jerusalém — “Hosana ao Filho de Davi!” —, ao som de cantos, de gritos de louvor e de palmas agitadas, também os santos mártires são recebidos na glória do céu com palmas de vitória. Durante muitos e muitos séculos a Igreja adornou o túmulo dos mártires com palmas de vitória, inclusive os grandes mártires sobre cujos túmulos são erigidas as grandes basílicas romanas têm, em cima do túmulo um arco do triunfo, um arco da vitória, que mostra exatamente que o martírio é uma glória, uma grande glória no Céu!

Observemos, por exemplo, a basílica de São Pedro, em Roma, com aquela cúpula de Michelangelo, erguida a 120 metros do chão. Lá em cima, no cume, está escrito: “Para glória de Pedro, Apóstolo”, e o cume da cúpula está exatamente sobre o lugar onde, lá embaixo, a vários metros de distância, está o túmulo de Pedro, o túmulo do príncipe dos Apóstolos. Aquilo é o reconhecimento de que, quando nós derramamos o nosso sangue para garantir a fé de Pedro, nós estamos no caminho da glória do Céu.

Por isso não nos preocupemos com perseguições, mas nos preocupemos, sim, em ser fiéis a Cristo, e aprendamos de Santo André que de nada adiantaria ter nascido — nem mesmo ser batizado — se não fôssemos fiéis. Com os nossos sofrimentos a Igreja de Cristo cresce e prospera. As portas do inferno não prevalecerão, e não há nenhum poder humano que possa destruir a Igreja de Cristo.

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