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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
10, 17-24)

Naquele tempo, os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: "Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome". Jesus respondeu: "Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu".

Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar".

Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: "Felizes os olhos que veem o que vós vedes! Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir".

No dia em que se comemoram os bem-aventurados André de Soveral, Ambrósio Francisco e seus companheiros mártires a Igreja proclama o Evangelho do retorno dos setenta e dois discípulos missionários. Jesus os enviara dois a dois para pregar o Reino de Deus e agora os vê de volta da jornada, contentes com os frutos da pregação e, sobretudo, com os prodígios que lhes confirmaram a palavra. Lida porém à luz dos martírios de que hoje nos lembramos, há algo de intrigante nesta narrativa: "Nada vos poderá fazer mal", promete Cristo a seus porta-vozes. Como compreender, pois, estas palavras, se tivermos sob os olhos a violência, a quase selvageria com que o beato André e seus irmãos derramaram o sangue pela verdade evangélica? Qual o sentido, afinal, da promessa de Nosso Senhor?

O que Jesus nos garante, na verdade, é o seu auxílio para chegarmos incólumes à vida eterna. É curioso observar, aliás, que existe hoje na Igreja, de forma mais ou menos generalizada, uma certa tendência a fazer-nos esquecer do Céu. A religião cristã parece ter-se tornado neste nosso século um meio não para alcançarmos a pátria celeste, para conseguirmos a alegria eterna, mas para fazer desta terra miserável um paraíso, para enfiar à força o Reino dos Céus dentro da história humana. O demônio, fazendo-nos adorar o ídolo de um mundo perfeito e sem machas, onde tudo são alegrias e Deus está sempre à disposição dos caprichos humanos, vai assim, a pouco e pouco, de frustração em frustração, calcificando o terreno em que a verdadeira fé poderia lançar raízes.

Acontece, porém, que Deus nunca nos prometeu a felicidade perfeita nesta vida. O próprio Cristo, no Evangelho de hoje, nos adverte: não nos alegremos porque os espíritos nos obedecem, porque as coisas sucedem como desejamos; fiquemos antes felizes porque os nossos nomes, com a graça de Deus, estão escritos no Céu. Esse Evangelho, com efeito, ilustra de modo bastante eloquente aquela preciosa ordem de Jesus: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo" (Mt 6, 33; cf. Lc 12, 31). Ele pode, sim, dar-nos tudo de que necessitamos, mas sob a condição de que o nosso espírito esteja sinceramente focado e orientado não para os gozos e para as consolações terrenas, mas para o Reino de Deus, para o amor de Jesus, que cria no coração do mártir a alegria de ver finalmente abertas as portas do Céu.

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