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É possível se converter “aos pouquinhos”?

Nenhum católico teria dificuldade em admitir que a conversão é um processo diário e que “é uma luta a vida do homem sobre a terra”. Mas e os pecados mortais?! Dá para ir largando aos poucos? Nesta aula, Padre Paulo Ricardo propõe alguns princípios para quem quer mudar de vida, mas não sabe por onde começar.

Texto do episódio
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A conversão pode ser compreendida em dois níveis. Se se trata da busca pela santidade, então é um caminho lento e gradual, que precisa ser trilhado todos os dias, com perseverança e o auxílio da graça de Deus. Somente almas eleitas já praticamente nascem nas mais altas moradas da perfeição cristã. Mas se por conversão se entende o abandono dos pecados mortais, neste caso, deve ser algo total e imediato.

O pecado mortal destrói a caridade na alma humana. Trata-se verdadeiramente de uma morte espiritual, que só pode ser remediada mediante o arrependimento, a Confissão e o firme propósito de nunca mais cometer esses crimes ou outros de igual gravidade. Não é possível viver na paz de Deus estando em pecado mortal, assim como não é possível viver meio morto, porque não existe semimorto: ou se está vivo, ou se está morto. Assim diz o Catecismo da Igreja: “O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação” (n. 1856).

Todo pecado mortal acontece quando, consciente e livremente, se ataca um dos Mandamentos. Na verdade, a pessoa substitui o Criador pela criatura (dinheiro, pessoas, jogos, sexo etc). A pessoa vira as costas para a fonte do seu ser, isto é, Aquele pelo qual ela existe. Daí a gravidade dessa ação e a sua consequente mortalidade. São João distingue duas espécies de pecados: os que levam à morte (mortais) e os que não levam à morte (veniais). “Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isto para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para morte; não digo que se reze por este” (1Jo 5, 16-17). Embora não levem diretamente à morte, os pecados ditos “veniais” também ofendem a Deus, e pavimentam o caminho para a perdição.

Não resta dúvida de que o pecado mortal é algo abominável, com o qual nenhum cristão pode sobreviver. E não é preciso ser nenhum sábio para chegar a essa conclusão, pois Deus já nos revelou tudo. Basta a fé. O verdadeiro católico, portanto, deve acolher a Revelação como um todo, buscar sempre a necessária confissão dos seus pecados, tomando a firme resolução de nunca mais pecar. Por isso, uma conversão só acontece quando se tem a intenção genuína de se largar todos os pecados mortais.

A dificuldade que muitas pessoas encontram para se converterem deve-se à falta de propósito. Algumas fórmulas do ato de contrição fazem o desserviço de dizer que a pessoa “deve esforçar-se para não mais pecar”, como se já estivesse determinada a provável queda posterior. Mas nenhum marido diz à sua esposa: “Vou esforçar-me para não te trair outra vez”. De igual modo, como se pode dizer a Jesus: “Vou esforçar-me para não O crucificar outra vez”? Isso é blasfemo. Ou há o propósito de não mais pecar, nunca mais, ou não há conversão.

O arrependimento é um ato da vontade. Com a meditação das consequências do pecado, da paixão de Nosso Senhor, com muita oração etc., esse ato de vontade torna-se mais forte e decidido, de modo que a alma passa a detestar o mal, e ainda que volte a pecar, ela buscará o quanto antes a Confissão para retomar a vida outra vez. A determinação para as coisas de Deus é como um músculo que necessita de exercícios para ficar forte. E essa força só virá por meio da oração, da ascese e da fuga das ocasiões.

O importante é decidir-se pela vida da graça. Afinal de contas, Deus quer a nossa salvação.

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