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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 22, 54-65a)

Naquele tempo, renderam Jesus e o levaram, conduzindo-o à casa do Sumo Sacerdote. Pedro acompanhava de longe. Eles acenderam uma fogueira no meio do pátio e sentaram-se ao redor. Pedro sentou-se no meio deles. Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo; encarou-o bem e disse: “Este aqui também estava com ele!” Mas Pedro negou: “Mulher, eu nem o conheço!” Pouco depois, um outro viu Pedro e disse: “Tu também és um deles.” Mas Pedro respondeu: “Homem, não sou.” Passou mais ou menos uma hora, e um outro insistia: “Certamente, este aqui também estava com ele, porque é galileu!” Mas Pedro respondeu: “Homem, não sei o que estás dizendo!” Nesse momento, enquanto Pedro ainda falava, um galo cantou. Então o Senhor se voltou e olhou para Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe tinha dito: “Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.” Então Pedro saiu para fora e chorou amargamente. Profetiza quem foi que te bateu? Os guardas caçoavam de Jesus e espancavam-no; cobriam o seu rosto e lhe diziam: “Profetiza quem foi que te bateu?” E o insultavam de muitos outros modos. 

Na terça-feira que precede a Quarta-feira de Cinzas, nós recordamos a devoção à Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo. Trata-se de uma devoção instituída exatamente no período que precede a Quarta-feira de Cinzas, o chamado Carnaval, na “terça-feira gorda”, momento para reparar as ofensas feitas a Nosso Senhor Jesus Cristo e à sua Sagrada Face durante o tempo de “festas”. Essa devoção, que não está no calendário litúrgico universal, foi acolhida pelos bispos do Brasil muitos anos atrás, que pediram licença à Santa Sé para celebrá-la aqui, exatamente pelo fato de o Carnaval ser tão forte no Brasil. O Evangelho desta festa é o de S. Lucas. Jesus se encontra com S. Pedro, que acabara de negá-lo três vezes. S. Lucas nota então uma coisa que não está presente nos outros evangelistas: “O Senhor olhou para Pedro” (v. 61). É este olhar misericordioso da face compassiva de Nosso Senhor Jesus Cristo que nós queremos celebrar, esta certeza de que, apesar de nossos pecados, apesar de nós o negarmos, Ele olha para nós cheio de misericórdia! Além disso, o Evangelho diz, logo em seguida, que Jesus era ofendido pelos soldados, que batiam no seu rosto e lhe davam bofetões e cusparadas, escarrando-lhe a face. A face de Cristo ofendida! Mas o rosto de Jesus recebeu uma outra grande ofensa, pior do que os bofetões e as cusparadas: foi a ofensa do beijo de Judas. Celebrando hoje a Sagrada Face, queremos reparar este beijo, beijar o rosto de Jesus e dizer: “Senhor, tende compaixão de mim, que vos ofendi e traí como vos traiu Judas, como vos traiu Pedro”. No entanto, como foi diferente a reação de um e outro! O mesmo rosto de Jesus, para Pedro, foi visto como rosto de misericórdia, e Pedro arrependeu-se; o mesmo rosto de Jesus, para Judas, foi visto como rosto de ira, e ele desesperou. Mas a face de Jesus é misericordiosa ou irada? Lembremos o que diz S. Agostinho no livro IV das Confissões: no fundo, é impossível afastar-se de Deus, porque, quando se foge dele, se foge do Deus de misericórdia para encontrar o Deus de ira e de justiça. O rosto de Jesus é sobretudo de misericórdia. Nós precisamos nos voltar para Ele e reparar as ofensas que fizemos. Somente assim estaremos nos preparando para viver corretamente a santa Quaresma, que está às portas. Sim, é tempo da conversão, é o tempo de misericórdia; mas, para isso, é preciso mudar o coração, com a atitude de fé e confiança de S. Pedro, que, saindo para fora, chorou amargamente. É a atitude com que precisamos entrar na Quaresma, arrependidos e confessados de nossos pecados.

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