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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15, 9-17)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor.

E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.

Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.

Fazendo hoje memória de S. Matias, proclama-nos a Igreja um Evangelho que, se bem não o tenha ouvido o Apóstolo escolhido às sortes para ocupar o lugar de Judas (cf. At 1, 26), foi ele chamado a vivê-lo integralmente, como também o somos nós neste dia, e até o último de nossas vidas: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”. Por isso, “já não vos chamo servos […], eu vos chamo amigos”. “Permanecei”, portanto, “no meu amor”. Chama-nos hoje o Senhor amigos seus e explica-nos, para que sejamos nós amigos dele, algumas das propriedades que toda amizade verdadeira há de possuir. a) A primeira é que seja fruto de eleição racional: “Fui eu que vos escolhi”, fundada sobre a comunicação de algum bem honesto, como o são as virtudes entre os homens retos e, entre os que somos cristãos, o amor e a reverência ao mesmo Deus e às leis da mesma Igreja. Pois há entre o amor de amizade e o amor chamado de concupiscência esta diferença, e é que o primeiro convém apenas aos que se amam segundo o bem e a verdade, ao passo que o outro se dá também entre os animais: “A amizade”, com efeito, “nasce da razão e da justa estima entre as pessoas; o desejo, do afeto e do ímpeto das paixões” (Forcellini, Lexicon II 244b). — b) A segunda é que seja manifesta, aberta e não oculta: “Eu vos chamo amigos”, isto é, que não seja mera e benévola simpatia, mas que se afirme e reforce com sinais e gestos concretos de mútua consideração. — c) E daí, em último lugar, que seja efetiva: “Permanecei no meu amor”, pois os que são amigos não se limitam a saber-se queridos nem a desejar bem ao outro, mas a fazê-lo realmente: “Que outra coisa é amar, do qual verbo se originou o nome ‘amizade’, senão querer cumular o amigo dos maiores bens, ainda que com o risco de os não poder reaver?” (Cícero, De finibus II 24). Se, revestida dessas qualidades, é já excelente entre os homens uma tal amizade na ordem natural, qual e quão grande não há de ser ela, na ordem da graça, entre os homens e Deus? E se Deus nos escolheu, quis e amou até o fim, não sejamos nós tão ingratos a ponto de não correspondermos a este seu amor de amizade para conosco. Amemos a Deus, porque Ele “nos amou primeiro” (1Jo 4, 19). É verdade que, sendo Ele perfeitíssimo e fonte de todo bem, nada lhe podemos desejar e fazer que Ele já não tenha ou dele não tenhamos recebido: “Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído?” (Rm 11, 35). Podemos, no entanto, a) escolhê-lo como a nosso mais querido amigo, e não haverá eleição mais racional que essa; b) podemos manifestar-lhe o nosso amor, nele pensando, a Ele aspirando e com Ele falando; c) e podemos amá-lo na prática, obedecendo ao que Ele com tanto encarecimento nos manda hoje: “Permanecei no meu amor”. E como? Guardando “os meus mandamentos”, com amor servil, e amando-nos “uns aos outros, assim como eu vos amei”, como amor filial. Assim seremos verdadeiros amigos daquele que verdadeiramente o é nosso: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos”.

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