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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13, 44-46)

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O Reino do Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.

1. Cristo, nas quatro parábolas precedentes, a saber: do semeador, da semente, do grão de mostarda e do fermento na massa, declarou qual é a natureza, a força e a eficácia do Evangelho, isto é, da pregação e da doutrina evangélica; agora, com outras duas parábolas, quais sejam: do tesouro escondido e da pérola preciosa, declara qual é o preço do Evangelho, que é tão inestimável, a ponto de valer a perda de todos os outros bens. Nesse sentido, o Evangelho pode muito bem ser comparado com a sabedoria, da qual se diz em Provérbios: “Vale mais que as pérolas e jóia alguma a pode igualar […]. Mais precioso que o mais fino ouro é o meu fruto, meu produto tem mais valor que a mais fina prata” (Pr 8, 11.19). 

2. Ora, por este tesouro escondido muitos intérpretes, entre eles S. Jerônimo, entendem o próprio Cristo, cujo amor santíssimo é capaz de arrebatar todos os corações que se abrem à fé; outros, como S. Agostinho, entendem a S. Escritura, na qual estão contidos tão maravilhosos mistérios, que nem todos os bens temporais juntos igualam a doçura que é o conhecimento das coisas divinas; outros ainda, como S. Gregório, entendem o desejo piedoso do céu: “O tesouro, uma vez encontrado, volta a esconder-se, para ser mais bem guardado, porque não basta proteger os desejos santos da ação dos espíritos malignos; é necessário, ademais, resguardá-los também do olhar curioso dos homens. Com efeito, na vida presente, estamos como que a caminho da pátria celeste: e os espíritos maus estão à espreita, como bandos de ladrões nos arredores. Por isso, expõe-se temerariamente ao risco de ser depredado quem anda em público com seus tesouros à mostra” (Hom. 11 in Evang. Matth.).

3. “O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas”, quer dizer: com tanto mais interesse devem os fiéis buscar instruir-se na fé e levá-la à prática, segundo os princípios do Evangelho, que é a via e o preço do Reino dos Céus, quanto um comerciante que, à procura de pedras preciosas, põe todo o seu empenho em comprar a mais valiosa delas. Para o fiel, em última análise, esta pérola é o próprio Cristo: dele recebemos todas as virtudes, dele procedem todos os bons desejos, e por ele recebem as nossas obras todo o seu valor meritório. A divindade dele, unida hipostaticamente à sua santíssima humanidade, pode ser entendida também como uma pérola escondida numa concha puríssima, feita de matéria virginal e orvalhada pelo Espírito Santo: por ela, a carne de Cristo foi santificada e pode, assim, operar em nós as maravilhas da graça divina [1].

Referências

  1. O texto desta homilia é uma tradução adaptada de Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, p. 228-229.
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