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Memória de São Bento de Núrsia

São os obedientes e, portanto, os humildes e cheios de fé que, apoderados pelo desejo da vida eterna, lançam-se como de assalto ao caminho estreito do qual disse o Senhor: “Estreito é o caminho que leva à vida” (Jo 6, 38).

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10, 7-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!

Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida.

Ao entrardes numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não os receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo.

Celebramos hoje com grande alegria a memória de S. Bento de Núrsia, pai do Ocidente, que, por meio de sua famosa Regra monástica, transformou para sempre a história da humanidade. No capítulo V da Regra, S. Bento nos fala de uma das características essenciais da vida cristã: a obediência, primeiro grau da humildade e fundamento sobre o qual, juntamente com a virtude da fé, se ergue todo o nosso edifício espiritual. Primus humilitatis gradus est obœdientia sine mora, “O primeiro grau da humildade é uma obediência sem demora”, quer dizer, que não se perde em contemporizações nem cálculos. Por isso, a obediência e, por conseguinte, o princípio de uma santidade frutuosa só convém àqueles que nada estimam mais do que a Cristo: Hæc convenit his, qui nihil sibi a Christo carius existimant, isto é, aos que, desejando ser santos, quer por medo do inferno (seu propter metum gehennæ), quer por causa da glória da vida eterna (vel propter gloriam vitæ æternæ), começam a alimentar um ardente desejo de estarem unidos ao Senhor, cuja vontade se dispõem a realizar o mais prontamente possível: Moram pati nesciant in faciendo. Essa pressa em agradar a Cristo para com Ele estar unido não é mais do que um sinal da presença da virtude da esperança. Prova disso é que os obedientes e, portanto, os humildes e cheios de fé, apoderados pelo desejo da vida eterna, “lançam-se como de assalto ao caminho estreito do qual dissera o Senhor: ‘Estreito é o caminho que leva à vida’ (Jo 6, 38)”: Ideo, angustam viam arripiunt, isto é, eles como que tomam com violência, sabendo dos percalços que terão pela frente, todos os meios conducentes à salvação, pois “o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos”, os decididos e determinados, “que o conquistam” (Mt 11, 12). Isso significa na prática que é absolutamente imprescindível que nos disponhamos com vontade firme e constante a pagar o preço de chegarmos santos ao céu: separar um tempo para rezar todos os dias, segundo as possibilidades do estado de vida de cada um; determinar-se a amar a Deus com toda a intensidade possível no único momento que temos, que é o presente; organizar-se para receber, não só com mais frequência, mas com mais fruto e melhor preparo os sacramentos da Penitência e da Eucaristia. De olhos fixos no Senhor, que nada nos distraia, que nada nos desanime: lancemo-nos de assalto à vida espiritual, pois estreito é o caminho que leva ao Reino dos céus, e são os violentos que o conquistam.

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