Celebramos hoje a memória de São Paulo Miki e seus companheiros mártires. Frente à crise de identidade que vivemos no catolicismo, a meditação sobre a vida dos santos missionários e mártires traz-nos um bem enorme, funcionando como um remédio contra o indiferentismo religioso e um bálsamo que alivia as inúmeras ofensas contra a Igreja de Cristo.
Infelizmente, muitos católicos hoje fazem ouvidos moucos para os ensinamentos da Igreja de dois mil anos, ao mesmo tempo que aderem de forma inquestionável aos ditames de órgãos estatais ou às ideologias de fundações internacionais e de ONGs esquerdistas. Com essa atitude, constitui-se um simulacro da Igreja — ou uma igreja modernista — que passa a ser aceita pelo mundo moderno, porque renunciou ao seu poder educacional.
No entanto, a Igreja Católica de dois mil anos jamais renunciou ao seu dever de ensinar e, justamente por isso, sempre foi perseguida e rechaçada. A vida dos santos mártires do Japão, Paulo Miki e seus companheiros, que no século XVI foram martirizados em Nagasaki, comprova essa realidade.
Naquela época, o cristianismo tinha sido recém implantado no Japão, pelo grande missionário São Francisco Xavier, de tal modo que, em cinquenta anos de evangelização, já havia cerca de 500 mil católicos naquele país. Esse grande número de convertidos começou a ser um problema para os poderes constituídos, visto que o cristianismo ensina que convém antes servir a Deus do que aos homens.
Nesse contexto, o jesuíta japonês Paulo Miki — que através de sua pregação havia convertido inúmeros conterrâneos ao catolicismo — foi capturado e preso. Depois, foi forçado a caminhar cerca de 900 km de Quioto a Nagasaki, ao longo dos quais ele e seus companheiros foram torturados, caluniados e ridicularizados, a fim de que abandonassem da fé cristã. Ao chegarem em Nagasaki, eles foram levados a uma colina, onde então foram crucificados. Entre eles, havia também alguns padres franciscanos e 17 leigos, entre os quais crianças de 12 a 13 anos.
Durante seu martírio, Paulo Miki do alto da cruz começou a pregar aos que ali estavam: “Eu sou Paulo Miki e sou japonês como vocês. Ninguém pense que, agora que vou morrer, eu teria alguma razão para mentir. Pois eu lhes digo: estou morrendo pela minha fé e pelo meu amor a Nosso Senhor Jesus Cristo. Nele está a salvação e não há outro caminho de salvação a não ser nele. Aqueles que não crerem e não aceitarem Jesus Cristo irão perecer no fogo eterno. Convertam-se! Venham para o nosso caminho, para o único caminho, que é Jesus!”
Assim, pelo sangue dos mártires, foi semeada a fé no Japão. No entanto, as perseguições continuaram e se intensificaram de tal modo que, cem anos depois, o catolicismo já havia sido banido do Japão. Ainda assim, muitos católicos perseveraram na fé, vivendo-a às escondidas. Sabemos disso, porque, no século XIX, um padre francês, responsável por uma pequena capela diplomática, recebeu a profissão de fé de quinze católicos que, à semelhança dos primeiros cristãos, viveram durante anos clandestinamente nas “catacumbas”, na esperança de que um dia viria um missionário que lhes administraria os sacramentos e nutriria sua fé.
Essa é a verdadeira Igreja de Cristo, da qual queremos fazer parte e que é totalmente incompatível com a ideia modernista de que “o importante é crer em alguma coisa”. Ora, os mártires não morreram porque acreditavam em uma coisa qualquer, mas porque creram em Jesus Cristo e amaram-no a ponto de por Ele dar a vida.
Se poucos são os que creem nas verdades de fé, sejamos nós os missionários do século XXI, evangelizemos e convertamos os ateus, agnósticos, protestantes, muçulmanos, budistas, xintoístas, enfim, todas as pessoas, a fim de que conheçam a Verdade que é Cristo e se tornem profundamente católicos, seguindo a Igreja dos santos missionários e mártires. Mesmo que isso seja um “escândalo” para o mundo moderno, é justamente o que devemos fazer, porque não tem nenhum sentido venerarmos esses santos se não acreditarmos no que eles viveram e fizeram.
Sabendo que a Verdade de Cristo é a única que conduz para o Céu, sejamos caridosos com nossos irmãos que ainda não a conhecem e dediquemo-nos pela conversão deles, a fim de que, conhecendo a Cristo, eles estejam dispostos a amá-lo a ponto de entregar a própria vida a Ele.
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