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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1, 39-45)

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

Estamos às portas do Natal! Hoje, dia 21 de dezembro, é solstício de inverno na terra de Jesus, lá no hemisfério norte: é a noite mais longa e o dia mais curto do ano. Aqui, no hemisfério sul, acontece o contrário: é o dia mais longo e a noite mais curta do ano. É exatamente esse evento — por assim dizer — celeste que nos orienta sobre o significado do Natal. É uma festa de luz, festa em que a luz vence as trevas. Naquele passo lento, naquela noite longa, longuíssima, naquela noite que parece não ter fim, Nosso Senhor desponta como o Sol nascente que nos veio visitar. Por isso a antífona proclama: “Ó Sol nascente, luz que brilha”. Referimo-nos aqui a um evento deste mundo, dos astros, como metáfora ou comparação poética: o Sol nasce e, assim, “vence” as trevas, dissipando-as. E quanto à nossa vida espiritual? Pois bem, é preciso entender que tudo isso que a Igreja nos propõe e as Sagradas Escrituras nos apresentam é como um “caminho pedagógico” para a vivência de outra coisa, da realidade que está por trás de tudo. O que é? É o fato de que uma luz precisa brilhar em nosso coração. Mas em que, afinal, consiste isso? Porque, ao falar de luz, nos mantemos ainda no domínio das metáforas. Trata-se do seguinte: nós nascemos para nos unir a Deus. Ora, o que une é o amor: com efeito, é próprio do amor unir os que se amam; o amor é unitivo. O amante se une à pessoa amada, e é assim que acontece a verdadeira união. A nossa salvação está em amarmos a Deus e, portanto, nos unirmos a Ele. Mas como é possível amar sem conhecer o amado? 

Aqui está a tragédia da qual muitos não se dão conta, a saber: ninguém ama o que não conhece, e Deus, que habita em luz inacessível, vem para revelar-se, isto é, para que nós o conheçamos e, conhecendo-o, o amemos. Por quê? Porque Ele sabe que só serão felizes os que o amarem. Eis a maravilha! Precisamos, pois, conhecê-lo para amá-lo. E como, na prática, se faz para conhecer a Deus? Ora, Deus veio mostrar-nos o seu rosto: Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus encarnado, a quem precisamos conhecer e em cujo mistério devemos mergulhar de verdade, para saber melhor quem Ele é. Como? Lendo o Evangelho, contemplando o testemunho dos santos, estudando o Catecismo… Sim, temos aqui a necessidade de um conteúdo intelectual. Se não enriquecermos o nosso mundo interior, a nossa inteligência, não adiantará nada. Um computador, por exemplo, em que não há nada instalado, não vai rodar nada. Pode até ser uma máquina potentíssima; mas, se não tem nada dentro, de nada adianta. É necessário ter o santo propósito de estudar a vida inteira, mas estudar no sentido profundo da palavra: buscar Jesus, conhecer as coisas de Deus, ir atrás do testemunho dos santos, do Catecismo, da história da Igreja etc. Nessa amorosa busca, notaremos que uma luz começará a brilhar dentro de nós. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”! Essa luz se vai intensificando, e nós vamos adquirindo uma compreensão cada vez mais profunda de Jesus. Mas só se tivermos vida de oração e pedirmos com frequência: “Jesus, eu quero vos conhecer, quero vos amar, quero me unir a vós. Não permitais que me separe de Vós; do espírito maligno defendei-me; na hora da morte chamai-me e mandai-me ir para vós”. Peçamos isso a Jesus, supliquemos, e Ele será para nós o Sol nascente que nos vem visitar. A longa noite da nossa ignorância será então iluminada, porque nós o conheceremos um pouco mais e, conhecendo-o, o amaremos e, amando-o, seremos felizes.

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