Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 19, 41-44)
Naquele tempo, quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: "Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos! Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti e te cercarão de todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra. Porque tu não reconheceste o tempo em que foste visitada".
O Evangelho que nesta quinta-feira nos é proclamado apresenta uma das duas únicas ocasiões em que vemos a Nosso Senhor chorar; a outra, narrada por São João, foi a morte de Lázaro (cf. Jo 11, 33-35.38), amigo a quem Ele tanto amava (cf. Jo 11, 5. 36). Ora, a razão por que hoje o Senhor se entristece é a necedade e ignorância de Jerusalém: "Tu não reconheceste", diz, "o tempo em que foste visitada". A expressão de que se servem os originais gregos, ὁ καιρὸς τῆς ἐπισκοπῆς, significa o tempo oportuno, o tempo da visitação de Deus. A vida humana, com efeito, para além de sua dimensão meramente cronológica, possui também "estações" próprias, tempos de graça em que Deus vem ao nosso encontro para, como Senhor de sua messe, chamar-nos a colher os frutos de sua visita. É o tempo da consolação, dos benefícios, das alegrias, dos sucessos; mas é também, e de modo ainda mais profundo, o tempo das provações, das renúncias, dos sacrifícios, das tentações, das dores. É em tais oportunidades que Ele nos chama a atenção para que, arrependidos, mudemos o mau rumo que talvez venhamos seguindo e tomemos o caminho certo, ou para que retifiquemos as atitudes e os hábitos que nos fazem pouco cristãos. Aproveitemos, pois, estes momentos, nos quais às vezes nos sentimos abandonados, a fim de não deixarmos de amar o Deus que nos visita e que chora pela ruína que seus próprios filhos, perdendo o tempo desta vida, preparam para si.
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