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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 10,42-45)

Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”. Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”

Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”

Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?” Eles responderam: “Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”.

Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

No Evangelho de hoje, os Apóstolos Tiago e João fazem ao Senhor um pedido que, pelo evangelho de Mateus (cf. 20,17-28), sabemos ter sido feito pela mãe em nome deles, o que nos dá ocasião de refletir brevemente sobre a oração de petição. Anunciou Jesus a proximidade de sua morte, e os discípulos, sem entender de todo as palavras do Mestre, suspeitaram que estava perto do fim o ministério público e do início a instauração do reino messiânico. Por isso os filhos de Zebedeu, prevenindo-se para tão aguardado momento, apressaram-se em garantir alguma dignidade ou título de nobreza: Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, isto é, concede-nos um primado de honra e poder quando estiveres na tua glória. Segundo Mateus, quem fez o pedido não foram os filhos, mas a mãe, sem dúvida a instâncias dos dois, tomados de ambição e esperança seja pelos serviços prestados a Jesus por Salomé (cf Lc 8,3; Mc 15,41), seja pelo parentesco que os unia a ele (cf. Jo 19,25; Mc 15,40).

Vejamos agora alguns detalhes notados por Mateus que ajudam a entender melhor por que este pedido, feito quer pela mãe, quer pelos filhos, tem bem pouco de cristão. Aproximou-se do Senhor a mãe dos filhos de Zebedeu e, ajoelhando-se em sinal de reverência, fez-lhe uma súplica cheia de fé na autoridade dele e no poder de lho conceder: Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. Ora, tem esta oração de Salomé inegáveis qualidades: é piedosa e reverente, como se vê no recato do corpo: Aproximou-se de Jesus e ajoelhou-se; é confiante e humilde, como demonstra a discrição com que esperou Jesus tomar a palavra: Com a intenção de fazer um pedido, e Jesus perguntou: Que queres?; é desinteressada, porque pede não para si, mas para os filhos: Manda que estes meus dois filhos etc.; 4) e é honesta pelo objeto, pois não pede menos do que a glória dos santos no reino dos céus: Sentem-se no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda.

No entanto, apesar de tantas qualidades, não só não lhe fez caso o Senhor como repreendeu os que, pela embaixada da mãe, não ousaram pedir-lho diretamente: Não sabeis, Tiago e João, o que estais pedindo por boca alheia. São estas as qualidades que têm muitas vezes a nossa oração, e é este quase sempre o despacho que ouvimos de Cristo: Não sabeis o que estais pedindo. E por que saímos tantas vezes frustrados da oração, se tanto esforço pomos em fazê-la com as qualidades que Deus recomenda? Porque, por mais recato que guardemos no corpo, por mais confiança que tenhamos ao rezar, por mais honesto que seja o pedido, o queremos pelos nossos meios e caminhos, nem sempre conformes aos de Cristo: Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? E se o queremos do “nosso jeito”, é porque buscamos fazer a nossa vontade, e não a de Deus.

Ora, Jesus quer que dele nos aproximemos com fé e esperança, com confiança e humildade, de joelhos no chão, desejosos de alcançar os dons que ele nos quer dar, mas não sem a cruz com a qual no-los mereceu. Deve pois a nossa oração despir-se da lógica demasiado humana de que a glória sem a cruz, o Tabor sem o Gólgota, a vida imortal sem a morte da Páscoa: Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Se nos dispusermos a beber deste cálice, tomando às costas a nossa cruz, seguindo Cristo até o Calvário para com ele ser crucificados, então, sim, lhe serão aceitáveis os nossos pedidos porque os teremos querido pelos meios com que ele no-los quer conceder: De fato, vós bebereis do meu cálice.

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