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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 
(Jo 6, 16-21)

Pela tarde, desceram seus discípulos à beira do mar. Entrando numa barca, dirigiram-se para a outra margem do mar, rumo a Cafarnaum. Já estava escuro e Jesus não tinha ido juntar-se a eles. Soprava um forte vento e o mar estava agitado. Já tinham remado uns cinco ou seis quilômetros, quando viram Jesus que se aproximava da barca, caminhando sobre o mar. Tiveram medo. Ele os tranquilizou: “Não temais! Sou eu”. Queriam recolhê-lo na barca, mas esta logo tocou a terra, no lugar para onde iam.

Estamos no Tempo Pascal, lendo o capítulo 6 do Evangelho de São João, em que Jesus falará do Pão da Vida. É exatamente nesse contexto que hoje vemos Cristo caminhando sobre as águas.

O Evangelho de ontem nos disse que estava próxima a Páscoa dos judeus, na qual se recorda a libertação dos hebreus da escravidão do Egito, ou seja, quando Moisés, com o povo de Israel, atravessou o Mar Vermelho.

Hoje, vemos Jesus, não abrindo o mar, mas andando sobre ele. Esses são dois fenômenos extraordinários, que recordam um ao outro: “E estando próxima a Páscoa dos judeus, Jesus caminha sobre as águas do mar”. A referência à passagem através das águas do mar é claríssima. A própria palavra Páscoa, em hebraico “pessach”, quer dizer passagem.

Aqui percebemos que a passagem pelas águas do Mar Vermelho remete exatamente ao sacramento do Batismo, pelo qual nós também vivemos a nossa Páscoa, saindo da morte do pecado e entrando na vida da graça.

Na Vigília Pascal, a Igreja proclama essa vitória. Nessa celebração, uma das leituras fala acerca da primeira Páscoa, em que os hebreus foram salvos da escravidão do faraó, que sucumbiu com suas tropas debaixo das águas do Mar Vermelho, enquanto o povo de Israel passou a pé enxuto. 

Também no Batismo vemos serem afogados Satanás e os nossos pecados, para, enfim, chegarmos ao estado de graça, à amizade com Deus. Portanto, quando Jesus caminha sobre as águas, está nos recordando toda essa realidade batismal: a passagem da morte para a vida. 

Ontem, Jesus multiplicou os pães, anunciando profeticamente o que fará na sua Páscoa definitiva: Ele nos dará a Eucaristia, lutando contra Satanás, entregando-se em sacrifício por nós na Cruz e ressuscitando no terceiro dia.

Contudo, para recebermos o fruto da vitória de Cristo, precisamos passar pelas águas do Batismo. Jesus entrou nas águas do mar, que representam a morte, e pisou sobre elas, conduzindo-nos para o outro lado. Após essa passagem batismal, estamos finalmente prontos para receber a Eucaristia, o Pão da Vida.

Eis, portanto, a arquitetura deste capítulo, Jesus luta contra a morte na Cruz, pisa sobre essa morte, caminhando sobre as águas e dá-nos o Batismo e a Eucaristia, os dois rios que brotaram do seu lado aberto e que são o fundamento da vida sacramental que precisamos viver.

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