Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 16, 15-18)
Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.
Celebramos hoje a festa da conversão de S. Paulo, fundamental para nós, por ser luz e exemplo, e porque a intercessão do Apóstolo também nos ajuda a dar o passo da nossa própria conversão. S. Paulo narra várias vezes sua conversão em Atos dos Apóstolos, mas há uma referência a ela na Carta aos Filipenses que nem sempre notamos. Nela, Paulo descreve sua conversão não de forma narrativa, mas com uma metáfora, dizendo: “Eu fui alcançado por Cristo” (cf. 1, 12). Ele se refere a uma corrida: assim como, nos estádios, os atletas correm para conseguir chegar à meta, do mesmo modo Paulo também corria, mas foi alcançado por Cristo, que, tendo-o tocado e convertido, passou à sua frente. Por isso, S. Paulo, continuando com a metáfora, diz: “Deixando então o que está para trás, eu me lanço para ver se o alcanço” (cf. 1, 13). O verbo usado em grego para “lançar-se” é um termo técnico para descrever o esforço do corredor que, no momento final, quando está prestes a chegar à meta, se lança com um impulso com todo o peso do corpo, sem se preocupar se irá cair ou não, ou seja, deixando tudo o que está atrás e arremessando-se para frente. Mas os corredores o fazem para alcançar uma coroa perecível, enquanto Paulo o faz para alcançar Cristo. Assim como foi a conversão de Paulo, também deve ser a nossa conversão. É necessário deixar o que está para trás e lançar-se devotamente para o que está adiante, cheio de convicção. Um passarinho só voa quando se liberta dos fios que lhe prendem os pés. Precisamos deixar os pecados mortais e veniais, os apegos e as imperfeições, para assim alcançarmos o Cristo que já nos alcançou. A maior parte de nós já deu os primeiros passos na própria conversão: somos batizados, frequentamos a Confissão, vivemos em estado de graça; mas, apesar de tanta participação na Igreja, parece que ficamos estagnados… Por quê? Porque não nos lançamos como S. Paulo lançou-se. Ficamos negociando. Não, não é assim! Paulo nos diz: Caritas Christi urget nos! A caridade, o amor que Cristo teve por mim me impele. Ele me alcançou, agora eu devo alcançá-lo; Ele deixou tudo por mim, agora eu devo deixar tudo por Ele; Ele me amou, agora eu devo amá-lo de volta. É assim que seremos felizes. Sim, serão felizes os que amarem de volta o Cristo que nos amou. Esta é a conversão. Deixemos de negociar, deixemos a mornidão, deixemos o cristianismo burguês, acomodado, de “sofá e pipoca”! Precisamos lançar-nos destemidamente no amor de Cristo. Nisso a conversão de S. Paulo — seu radicalismo, seu amor, sua devoção, sua prontidão para amar Jesus — nos serve de exemplo. Façamos nosso exame de consciência. A que ainda estou amarrado? Quais são meus pecados “de estimação”, qual é o estilo de vida miserável e medíocre a que não quero renunciar? Façamos como S. Paulo, considerando tudo isso lixo, e lancemo-nos, joguemo-nos para alcançar Cristo!
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