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Memória de São Charbel Makhluf

Escondido dos olhos do mundo, São Charbel Makhluf mostrou com sua humildade que o que vale na vida de um cristão não é o sucesso pastoral, mas a caridade com que se sacrifica por Jesus Cristo, o amor com que ama a Deus de todo o coração.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13, 1-9)

Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz.

Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. Quem tem ouvidos, ouça!”

Celebramos hoje a memória de S. Charbel Makhluf, eremita libanês do séc. XIX, também conhecido em português como S. Sarbélio. Este santo hieromonge, uma das honras da igreja siríaca maronita, viveu um amor tão ardente a Jesus Cristo que, passados tantos anos desde a sua morte, suas relíquias continuam a realizar milagres estupendos até os dias de hoje, sinal do quanto o Senhor fica agradecido aos que nesta vida o servem intensamente. Com efeito, Deus tem suas preferências, e não há dúvida de que Ele terá uma especial predileção pelos que mais o amarem, ou seja, por aqueles homens em quem a semente da graça divina brotar, produzindo frutos abundantíssimos de caridade sobrenatural. É este, aliás, o tema do Evangelho de hoje, em que o Senhor nos fala da parábola do semeador. É verdade que a semente, in recto, é símbolo da Palavra de Deus; mas não é menos certo que, in obliquo, a Palavra de Deus designa também a própria graça: Deus fala por fora (exterius) de mil maneiras; a sua Palavra porém ficará sem o efeito desejado se não for acolhida internamente (interius). Isso significa, em última análise, que o que Deus quer que brote em nosso coração não é apenas a sua Palavra, mas o fruto dela, que é o amor, a caridade, a mais perfeita de todas as virtudes. No entanto, quando falamos de amor neste contexto, não nos referimos a suas manifestações externas — as chamadas obras de caridade, como a esmola, por exemplo —, mas ao ato interior de amor a Jesus Cristo. As obras externas têm, é claro, um valor insubstituível; mas constituem apenas o que há de mais exterior na caridade, assim como uma casca, por mais bela que seja, é apenas o revestimento de um fruto suculento. Por isso, o que devemos admirar na vida de um santo como S. Charbel não é tanto o que ele fez, mas o que Deus fez nele; não é tanto os seus empreendimentos apostólicos quanto o motivo sobrenatural que os animava, isto é, aquela caridade ardentíssima que faz merecer o céu quem dá um simples copo d’água por amor a Cristo: “Em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa” (Mt 10, 42). — Que, por intercessão de S. Charbel, possamos crescer dia após dia neste amor divino, que só o Espírito Santo nos pode infundir, a fim de darmos a todas as nossas ações um fim tão digno, tão amável e de tão suave sabor como é o próprio Deus, digno de ser amado sobre todas as coisas e de ser servido sempre, por mais árduas que sejam as renúncias exigidas.

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