Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 13, 18-21)
Naquele tempo, Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.
O propósito das duas parábolas que Jesus nos conta no Evangelho de hoje é mostrar a força, a eficácia e o caráter dinâmico que a graça divina exerce em nós. Nelas está resumido, portanto, de modo bastante denso e profundo, o funcionamento ou o “mecanismo” interno, poderíamos dizer, de nossa vida espiritual. O Reino de Deus, isto é, o reinado de Cristo em nosso espírito, coração e vontade, assemelha-se ora ao grão de mostarda, imagem expressiva da virtude teologal da fé, ora ao fermento, símbolo da força do Evangelho, que vai aos poucos “transmutando” os sentimentos e afetos interiores do homem, conformando-o à imagem de Cristo e conferindo-lhe uma participação cada vez mais íntima da natureza divina. Pela infusão da graça na essência de nossa alma, é acendida dentro de nós a luz da fé, que possui um dinamismo próprio e, como toda virtude, é capaz de crescer e desenvolver-se em ordem a atos progressivamente mais intensos, perfeitos e meritórios. Mas esta fé, justamente por ser uma virtude, quer dizer, um hábito, só irá desabrochar se a pusermos em prática, se a exercitarmos.
Eis porque ao cristão verdadeiramente empenhado em ser santo é imprescindível ter vida de oração e trato íntimo com o Senhor. Ora, se é no contato pessoal com Deus que a nossa fé cresce e se dispõe a dar o fruto maduro da caridade, é somente por meio da esperança, desta pressa ardentíssima de deixar esse corpo de pecado para encontrar-se com Cristo, que poremos no Senhor o “foco” de nossa vida, de todas as nossas atividades, trabalhos e ocupações. Que Jesus nos conceda, hoje e sempre, o incremento das três virtudes teologais, mas particularmente da esperança, a fim de correspondermos do modo mais perfeito possível à sua graça, que nos convida e capacita a amar aquele que nos amou primeiro e se entregou à morte para que tivéssemos vida, e vida em abundância.
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