Uma investigadora secreta da organização pró-vida Live Action arrancou confissões reveladoras de empregadas em uma clínica de aborto tardio nos Estados Unidos. Em um vídeo divulgado na Internet, as assistentes do lugar admitem, sem nenhum remorso, que deixariam morrer um recém-nascido lutando pela vida após um aborto malsucedido.
A primeira pessoa com a qual a equipe conversa é Laura Mercer, que explica com detalhes os procedimentos para matar a criança de quase 24 semanas de gestação. O primeiro recurso é uma injeção (chamada de digoxin): "Nós fazemos a injeção, que é uma picada rápida na sua barriga, e isso para o coração fetal", diz a mulher, com frieza. "Se eles não usarem o digoxin, eles vão apenas, uh, sugarem o bebê e é possível que haja movimentos enquanto eles estão tirando o feto". A descrição, que ela diz carecer de detalhes, é assombrosa: "Nós usamos uma combinação de sucção e, então, instrumentos reais para, literalmente, pegar e puxar os pedaços para fora".
Para convencer a "cliente" a ir adiante, a "doutora" recorre à desumanização do feto: "Ele não está totalmente desenvolvido. (...) Nem se parece com um bebê ainda."
As cenas filmadas por uma câmera secreta da Live Action revelam os escombros mais sujos por trás de toda fachada abortista de progresso e evolução. De fato, tem-se tornado comum ouvir as pessoas falando do aborto como uma agenda de "avanço", a ponto de as próprias Nações Unidas intentarem uma redefinição do termo "direitos humanos", tencionando incluir entre eles um malfadado direito ao aborto. A realidade por trás de todo o discurso de "direito sobre o próprio corpo", porém, é que todo abortamento significa a destruição direta de um ser humano inocente – com material genético, órgãos e sistemas totalmente autônomos.
Nenhum eufemismo, bem como nenhuma lei positiva ou sentença judicial, podem reduzir a gravidade deste crime horrendo. Nos Estados Unidos, o aborto até 24 semanas é legal desde 1973, quando do famoso caso "Roe versus Wade" – uma farsa cujos efeitos trágicos se fazem sentir até hoje na sociedade americana. A letra da lei, no entanto, não pode mudar a crua realidade dos fatos. A indústria abortiva tem as mãos sujas de sangue, já condenada pelos múltiplos requintes de crueldade de que se serve para levar a cabo seus projetos.
Perguntada pela falsa cliente da Live Action o que aconteceria caso o bebê sobrevivesse ao aborto, Linda, uma auxiliar do centro de aborto filmado pelas câmeras, admite que eles não ajudariam o bebê a sobreviver:
Linda: Algumas vezes, eles sobrevivem, sim. Mas isso não, isso não necessariamente significa que ele vai sair inteiro. Porque eles usam a sucção e outros instrumentos, então, às vezes, os fetos não saem, você sabe, completos...
I nvestigadora: Mas e se ele sair inteiro... Quer dizer, eles vão ressuscitá-lo? Tipo, eu terei de cuidar dele?
Linda: Uh-uh... Não... Eles não ressuscitam.
No diálogo, o termo "ressuscitar" é, claramente, uma imprecisão. No caso de o procedimento do aborto falhar e a criança nascer viva, não será preciso ressuscitar ninguém – afinal, só se ressuscita o que está morto. Mas as palavras mal colocadas da mulher revelam muito: para os assassinos da clínica norte-americana, a criança continua sem direito à vida. Dentro ou fora do útero.
Abrem-se, então, as portas para o infanticídio. Infelizmente, não é a primeira vez que se escuta um discurso justificando a prática desses crimes. Um artigo recente, publicado em uma revista de ética médica, defendia que se matassem as crianças vítimas de abortos malsucedidos, ao invés de dá-las para adoção[1]. O raciocínio é: se se pode matar alguém antes de nascer, por que não depois?
A essa pergunta perversa é preciso responder inversamente: se não se pode matar alguém depois de nascer, por que sim antes? As revelações macabras colhidas nessa clínica de aborto norte-americana devem lembrar às pessoas que um homem, desde que é concebido, deve ter a sua dignidade respeitada, esteja ou não no útero materno. Como diz o Papa João Paulo II, "o ser humano, desde o momento de sua concepção até à morte, não pode ser explorado por nenhuma razão"[2].
Quando se esquece disso, quando a própria vida humana é tratada como um objeto ou como um animal que se pode abater e de que se pode abusar, não é difícil entender por que a civilização humana caminha, a passos rápidos, para o abismo.
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