As grandes organizações mundiais não desistem de seu intento sórdido de educar nossas crianças de acordo com sua agenda liberal e anticristã. A denúncia vem dos bispos da Espanha e é corroborada pela advogada María Inés Franck, de um grupo de bioética da Argentina[1], que encontrou em um documento da Organização Mundial da Saúde para a Europa algumas diretrizes escabrosas sobre educação sexual, aborto e família. De acordo com a perita, o documento "está infestado de linguagem ideologizada e de posições subjetivas assumidas como 'ciência', 'sem preconceitos'", embora "esteja cheio de preconceitos".

O texto da OMS, intitulado "Padrões para Educação Sexual na Europa"[2], fala de um enfoque "holístico" da sexualidade, que ajudaria "crianças e adolescente a desenvolver habilidades, a fim de capacitá-los a autodeterminar sua sexualidade e seus relacionamentos nos vários estágios de desenvolvimento". Trata-se de um linguajar rebuscado para se reafirmar a conhecida ideologia de gênero, segundo a qual homens e mulheres nada mais são que "revestimentos externos" de um gênero que deve ser construído. Com esta teoria perversa, já advertia o Papa Bento XVI, o homem "nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria".

Ao longo de todo o documento, é consolidada a expressão "direitos sexuais" e, ao lado desta, é proposto o "estabelecimento da negociação moral como uma moralidade sexual válida para hoje". Para a Organização da Saúde, "a essência da moralidade é que temas devem ser negociados num espírito de consentimento mútuo entre participantes maduros iguais em status, direitos e poder". Preconiza-se, assim, a legitimação de qualquer relação sexual, mesmo a mais abjeta, a partir do simples consentimento dos indivíduos.

As aberrações propostas pela OMS vão longe: desde a definição de sexualidade como compreendendo "sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução", passando pelo reconhecimento da masturbação como algo "normal" e até necessário para o aprendizado, até à própria minimização da importância dos pais na educação moral de seus filhos, já que, frequentemente, "a essas fontes informais – isto é, os pais e outros membros da família – faltam o necessário conhecimento, particularmente quando informação técnica e complexa é necessária", como é o caso da contracepção. Ou seja, a responsabilidade pela formação moral das pessoas, mesmo em uma matéria tão íntima, é transferida abusivamente da família para o Estado.

Isto é verdadeiramente terrível, mas – alguém poderia pensar – por acaso a Igreja é contrária à educação de nossas crianças, mesmo em matéria sexual? Negativo. O venerável Pio XII já ensinava:

"O pudor sugere ainda aos pais e educadores os termos apropriados para formar, na castidade, a consciência dos jovens. Evidentemente, como lembrávamos há pouco numa alocução, este pudor não se deve confundir com o silêncio perpétuo que vá até excluir, na formação moral, que se fale com sobriedade e prudência dessas matérias. Contudo, com frequência demasiada nos nossos dias, certos professores e educadores julgam-se obrigados a iniciar as crianças inocentes nos segredos da geração duma maneira que lhes ofende o pudor. Ora, nesse assunto tem de se observar a justa moderação que exige o pudor."[3]

Lendo o livreto "Padrões para Educação Sexual na Europa", fica nítido que o que a Organização Mundial da Saúde menos quer é educar nossas crianças para a virtude, observando "a justa moderação que exige o pudor". Propostas educacionais que primam pela abstinência ou pelo ensino da castidade, por exemplo, foram taxativamente excluídas do rol de programas da OMS, sob a alegação de "fundamentalismo".

E assim, chamando ao bem mal e ao mal bem, caminha a humanidade. Deus tenha misericórdia de nossas crianças.

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