São José foi verdadeiramente pai de Jesus: não pai biológico, porque não lhe deu a vida natural; mas também não simplesmente "pai adotivo" ou "pai nutrício", como se simplesmente lhe outorgasse um nome, um abrigo, alimentos e só. Muito mais do que isso, convinha que Cristo, humano que era, fosse realmente educado por um homem*, inspirando-se em seu exemplo de masculinidade e paternidade para amadurecer totalmente e, chegando à idade adulta, entregar-se pela redenção da humanidade inteira.

Dada portanto a nobre e difícil missão que tinha diante de si, é razoável imaginar o patriarca da Sagrada Família como um homem jovem, na plenitude de suas forças físicas, de modo que, "se parte da iconografia mais recente tende a representá-lo com os traços de um velho, devemos pensar que é menos para sublinhar o número dos seus anos do que para dar uma idéia das suas virtudes, em especial da sua prudência e da maturidade do seu caráter" [1].

Tampouco se deve pensar em São José como um homem de aspecto efeminado, como se a virgindade e a pureza de alma fossem incompatíveis com a virilidade masculina. Ao contrário — ensina-nos a experiência —, só um homem verdadeiramente forte, capaz de submeter as suas paixões ao império da razão, pode enfrentar com igual vigor os grandes desafios e as lidas do dia-a-dia.

Olhando para a personalidade de Jesus Cristo, essas verdades tornam-se-nos ainda mais claras. De fato, só um homem de coragem é capaz de tecer um chicote com suas próprias mãos e servir-se dele para expulsar os vendilhões da casa de Deus (cf. Jo 2, 13-17); só um homem varonil pode suportar, como Cristo suportou, a traição dos próprios amigos, a flagelação na carne, os espinhos na cabeça e os cravos nos membros. Com quem o Filho de Deus encarnado aprendeu a ser homem assim, de modo perfeito, senão com o seu pai virginal, São José?

Nestes tempos em que a masculinidade experimenta uma grande crise, peçamos urgentemente a intercessão do carpinteiro de Nazaré, para que, imitando o seu exemplo, os homens possam enfrentar sem temor o desafio da paternidade, assumir o compromisso de formar os seus filhos e ver, enfim, coroados os seus esforços, nos frutos da boa educação que ministraram.

Referências

  1. Michel Gasnier. José, o silencioso. São Paulo: Quadrante, 1995, p. 46.

Notas

  • A natureza humana exige que as pessoas sejam criadas por um pai e por uma mãe, desenvolvendo-se a partir da complementaridade dos dois sexos. O fato de as famílias ditas "monoparentais" se terem tornado uma realidade comum não as torna normais. Tampouco a chancela do Estado às chamadas "uniões homossexuais" faz com que elas estejam aptas a educar uma criança. "Inserir crianças nas uniões homossexuais através da adoção significa, na realidade", explica o Cardeal Joseph Ratzinger, "praticar a violência sobre essas crianças, no sentido que se aproveita do seu estado de fraqueza para introduzi-las em ambientes que não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano" (Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, n. 7). E não é apenas a Igreja Católica que o reconhece. Em 2015, os estilistas criadores da marca Dolce & Gabanna, assumidamente homossexuais, deram declarações públicas contra a adoção de crianças por pares gays.

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