O que Bilbo Bolseiro tem a ver com o período penitencial da Quaresma? O que uma pequena criatura de um conto de fadas, de uma obra literária de fantasia, tem a ver com os pormenores da penitência, ou com o jejum e a oração?
A resposta pode ser encontrada na insistência de Tolkien de que os contos de fadas são um espelho para o homem. Eles revelam-nos a nós mesmos.
Tal como as histórias de ficção que Cristo nos conta no Evangelho, “O Hobbit” é uma parábola que ensina lições inestimáveis sobre a vida espiritual. Concretamente, toda a história pode ser vista como uma meditação sobre o texto do Evangelho de São Mateus (6, 9-21):
Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões perfuram as paredes e roubam. Entesourai para vós tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça os consomem, e onde os ladrões não perfuram as paredes nem roubam.
No início de “O Hobbit” recebemos a informação de que uma toca de hobbit significa conforto. Bilbo Bolseiro é uma criatura do conforto viciada nos confortos das criaturas. Recusa-se a deixar sua casa, sua zona de conforto, porque está possuído por suas posses. Por isso, Gandalf, o feiticeiro sábio e enrugado, convence Bilbo a partir numa aventura com os anões. O hobbit precisa aprender o que G. K. Chesterton ensina: uma aventura é um inconveniente bem ponderado. É abraçando o incômodo, o desconforto, o sofrimento, que Bilbo cresce em sabedoria e virtude. Aprende a desapegar-se dos seus bens mundanos e a dar a vida por seus amigos. Aprende a acumular tesouros no céu. Aprende a amar.
Aprende que o acúmulo de tesouros na terra é a “doença do dragão”, a possessividade que possui a alma. Aprende que não apenas os dragões são afetados pela doença do dragão, mas que essa possessividade pode afetar hobbits e anões — e homens.
Quando Bilbo Bolseiro volta para casa no final da história, descobre que seus vizinhos estão vendendo os pertences dele por acharem que estava morto. Na verdade, ele estava morto antes de partir para a aventura. Ou, pelo menos, não estava totalmente vivo. É na aventura, na peregrinação, que ele aprende a morrer para si mesmo, dando a vida pelos outros. Morreu e ressuscitou. É um novo Bilbo que volta para casa. É um hobbit ressuscitado porque morreu para si mesmo e ressuscitou dos mortos. Será que a aventura de Bilbo é diferente da aventura da própria Quaresma?
O que achou desse conteúdo?
JRR Tolkien! GK Chesterton! e Pe Paulo RIcardo! Temos no Brasil um sacerdote que realiza com louvor o seu apostolado! Despertando nos para os tesouros da Igreja e dos grandes clássicos! Amém!
Muito boa a analogia!
O Senhor dos Anéis de Tolkien, em seus personagens, traça um retrato fiel da humanidade. Tolkien e Lewis souberam muito bem, através do imaginário, traduzir o homem com suas misérias e suas riquezas.
Estou aprendendo a ler.
Belíssima reflexão! É isso mesmo!
Morrer para em Jesus Cristo ressuscitar!
Ficcao e a nossa religiao sao distintas e o texto e-com acento-pertinente.
Eu sou apaixonada pela saga do Senhor dos Anéis! De fato, os contos de fada nos ensinam muito. E a história de Bilbo Bolseiro vem coroar toda a luta do bem!
Muito obrigada por nos ensinar a cada dia a ver o mundo com o olhar de Cristo, mesmo utilizando um conto. Que o Senhor continue abençoando o seu Ministério 🙏🏻
Excelente! Até achei que pode ser interessante para catequizar crianças e adolescentes que gostam dessas histórias...
A si mesmo
Muito surpreendente, e de um profundo aprendizado para um amadurecimento em conhecer açaí mesmo.
Que reflexão poderosa!
Foi de muita valia para mim este artigo. Obrigada 🙏🏼
Amo o Hobbit e Tolkien, obrigado pela lembrança, Padre Paulo!
Muito proveitoso para mim.
sacrifício - quaresma - conversão.
eu amo o Bilbo Bolseiro e amo a relação de O Hobbit com nossa vida espiritual.
✝️🛐
Obrigado pela ótima interpretação espiritual dessa jornada (primeira conversão). Todavia, retornando para seu lar, Bilbo levou consigo o Um Anel, sendo influenciado pelo mal maior e, assim, começando uma nova aventura (segunda conversão), que culminará com a santidade final, representada pela partida com os Elfos.
Um conteúdo precioso para todos nós ,a ficção de Tolkien nos dá a oportunidade de entender a nossa prisão neste mundo ,o que nos faz escravo verdadeiramente das coisas ,todas as coisas que supostamente nos fazem felizes mas nos amarram e não nos deixa sentir a verdadeira felicidade .Ser livre é realmente ter a coragem de abandonar tudo para se tornar uma nova mulher ,um novo homem.Obrigada padre por apresentar caminhos que nos liberta e faz com que sejamos corajosos.
A boa comida, o conforto de uma casa, tudo indo bem no meu mundo. O Hobbit nos lembra que a zona de conforto é um desafio a ser enfrentado, como cristão devemos nos importar e fazer o bem a todos.
Que reflexão maravilhosa! Eu sempre gostei da trilha do senhor dos anéis. Obrigada, padre, por nos presentear com sua inteligência e seus ensinamentos espirituais!
que Deus o abençoe!
Ana Catarina Dantas
Maravilhoso como tudo desse Padre Maravilhoso. Nossa Senhora faz maravilhas nesse querido orientador espiritual. Te gosto muito Padre Paulo . Adelaide Chaves