Em um editorial recente, a revista protestante American Reformer faz um apelo urgente aos seus líderes para que reajam ao que consideram uma “onda” de conversões ao catolicismo. Segundo seu editor, Mike Sabo, a causa principal seria a força renovada da apologética católica, que põe a Eucaristia no centro da proclamação da fé.
Paradoxalmente, enquanto alguns católicos progressistas acham que “proselitismo” é uma palavra feia, são justamente os católicos que não têm medo de confessar a sua fé que estão ganhando terreno e atraindo anglicanos e evangélicos. E isso, aparentemente, é motivo de alerta para aqueles que, durante décadas, deram como certo que o protestantismo continuaria sendo o bloco majoritário.
O peso crescente da voz católica no debate público. — Sabo queixa-se abertamente de que os protestantes “cederam grande parte do espaço público” a comunicadores católicos conservadores como Jack Posobiec, Matt Walsh ou Michael Knowles, que — com acertos ou erros — falam sem rodeios de sua fé.
Diante deles, a tibieza protestante traduz-se em silêncio e na ausência de referências sólidas capazes de articular uma visão cristã coerente. Não se trata de “ocupar espaços” por estratégia política, mas de cumprir o mandato evangélico de anunciar Cristo “a tempo e fora de tempo” (cf. 2Tm 4, 2). O catolicismo cresce em influência pública não por causa de um plano oculto, mas pela convicção de que a Verdade é inegociável.
A Eucaristia: pedra de tropeço para o protestantismo. — O ponto mais controverso do artigo de Sabo é quando ele critica o fato de a Missa ser vista como um “golpe mortal” ao protestantismo, com Roma tendo “o sacrifício” e eles oferecendo apenas “símbolos vazios”. Embora ele negue, a história confirma que a doutrina católica sobre a Presença Real foi — e continua sendo — um motivo decisivo de conversão.
“É ridícula a ideia de que o golpe mortal contra o protestantismo é o fato de Roma ter o sacrifício da Missa, enquanto os protestantes têm apenas símbolos vazios”, ele diz.
O problema não é que a Eucaristia seja “ridícula”, como afirma Sabo, mas que sua negação deixa o protestantismo sem o próprio coração da fé cristã: Cristo realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Nenhum “memorial” puramente simbólico pode substituir o milagre que a Igreja tem guardado desde o Cenáculo até hoje.
O colapso doutrinário anglicano como alerta. — Dentre os casos mais visíveis de perda de fiéis para o catolicismo, os anglicanos lideram a lista. Ordenação de mulheres ao episcopado, bênçãos a uniões homossexuais, aceitação da ideologia de gênero e serviços especiais para pessoas trans... essas concessões, sob o pretexto de “adaptar-se ao mundo moderno”, levaram ao esvaziamento de suas igrejas e à fuga de milhares de fiéis.
O catolicismo, com todas as suas crises internas, continua a ser um farol para aqueles que procuram uma fé que não mude ao ritmo das modas. Por isso, os dados que Sabo apresenta — como a diminuição da porcentagem de católicos nos EUA — não anulam a evidência: quando um protestante estuda com honestidade a história e a doutrina, mais cedo ou mais tarde se depara com um dilema incômodo: permanecer com uma fé parcial ou abraçar a plenitude da verdade na Igreja de Cristo.
Um desafio que o protestantismo não pode evitar. — Em seu autodiagnóstico, a American Reformer reconhece que o protestantismo está perdendo influência e credibilidade doutrinária. No entanto, em vez de rever suas deficiências, ela ataca aqueles que simplesmente anunciam o Evangelho com todas as suas consequências.
O receio de Sabo e daqueles que pensam como ele não é tanto perder “espaço público”, mas sim a possibilidade cada vez maior de os crentes descobrirem que, sem a Eucaristia e sem a autoridade da Igreja fundada por Cristo, qualquer projeto cristão acaba por diluir-se.
E esse é um debate que o protestantismo não poderá evitar por muito mais tempo.

O que achou desse conteúdo?