No tempo do imperador Diocleciano, inimigo dos cristãos conhecido no mundo inteiro, vivia em Roma um célebre ator e malabarista chamado Genésio, pagão de conduta licenciosa e insolente. Odiava profundamente os cristãos e dedicava-se, de corpo e alma, à idolatria.
Sabendo que a melhor forma de agradar o imperador era ridicularizando os cristãos e imitando descaradamente todos os seus mistérios, Genésio resolveu um dia representar o Batismo e todas as suas cerimônias da maneira mais caricata que se podia imaginar. Para atingir esse objetivo, o ator procurou se familiarizar com tudo o que acontece no santo Batismo, designou os papéis aos atores e explicou o que cada um deles deveria fazer. Sua ambição era tornar este santo sacramento tão desprezível quanto lhe fosse possível.
Quando chegou o dia da representação, estavam presentes o imperador, toda a sua corte e um grande número de pessoas. A comédia começou, e Genésio representava o papel principal. Fingindo estar doente, deitou-se e pediu aos seus amigos que lhe trouxessem algo para aliviar seu sofrimento. Depois de atenderem ao seu pedido, ele lhes disse que deveriam batizá-lo, pois pressentia que morreria em breve. Levaram ao palco tudo o que era usado no Batismo e fizeram-lhe todas as perguntas que são feitas aos que recebem esse sacramento.
A cerimônia inteira de fato foi realizada, mas de uma forma tão ridícula que o imperador e todo o povo riram às gargalhadas. Mas, — oh! prodígio incompreensível! oh! grande misericórdia de Deus! — no momento em que os devassos atores pagãos zombavam e blasfemavam do santo sacramento da verdadeira Igreja, o Todo-Poderoso tocou o coração de Genésio, iluminando-o com um raio de sua divina compaixão. De repente, o ator mudou completamente, e proclamou-se cristão em voz alta e sincera.
Sem saber o que tinha acontecido, seus companheiros continuaram a zombaria blasfema. Após a realização da cerimônia, colocaram em Genésio uma túnica branca, escarnecendo a vestimenta normalmente dada aos recém-convertidos e batizados. E, assim vestido, o ator foi apresentado ao povo em meio a muita zombaria. Mas Genésio, já um verdadeiro cristão, voltou-se para o imperador e para os outros espectadores, e confessou, com grande dignidade, o que se passara em seu íntimo.
Declarou solenemente que até aquele dia, cego pela idolatria, havia zombado e ridicularizado o cristianismo, e por isso havia se proposto a representar o Batismo no palco, para divertir o povo. Porém, durante a representação sacrílega, seu coração mudou subitamente e, desejando tornar-se cristão, recebeu o batismo com esse anseio. Disse ter visto o céu se abrir e sentido o toque de uma mão, quando a água do Batismo foi derramada sobre ele.
Genésio afirmou ainda que, antes de o batizarem, tinha visto um anjo que carregava um livro no qual estavam registradas todas as suas iniquidades passadas, o qual lhe assegurou que todas elas seriam lavadas pelo santo Batismo. Testemunhou também que, após a cerimônia, realmente viu que todos os seus vícios haviam sido apagados de suas páginas.
Depois de contar isto, acrescentou que renunciava à idolatria e, por acreditar que Jesus Cristo era o filho do Todo-Poderoso e o Redentor do mundo, viveria e morreria dali em diante como cristão. Ao terminar, exortou o imperador e todos os presentes a seguirem seu exemplo e a adorarem o único Deus verdadeiro.
A princípio, todos pensaram que Genésio estava brincando, mas quando perceberam que o ator estava falando sério, o imperador ficou furioso com aquela nobre e franca confissão, e ordenou imediatamente que lhe arrancassem as vestes e o açoitassem com flagelos e paus diante de todo o povo, e depois o trancafiassem na prisão. Plauciano, o prefeito, recebeu ordens para renovar este castigo diariamente, até que Genésio abandonasse sua nova fé.
A primeira ordem foi executada de imediato, e Plauciano foi extremamente pontual no cumprimento da segunda. O santo confessor foi esticado sobre o cavalete, rasgado com ganchos de ferro e queimado com tochas. Disse-lhe o prefeito, enquanto o prisioneiro sofria: “Miserável! Submete-te à ordem imperial e oferece sacrifícios aos deuses, para que possas salvar a tua vida e encontrar a graça.” O santo mártir respondeu:
Teu imperador não passa de um homem mortal; quem desejar o favor de alguém assim, que o procure. Eu rezo ao Rei imortal do céu e da terra, e jamais o abandonarei. Sei que Ele, que me recebeu no santo Batismo, é o verdadeiro Rei, e arrependo-me de tê-lo escarnecido e ofendido tantas vezes. Não obedecerei a Diocleciano, cujo reinado acabará em breve e que um dia se reduzirá a nada. Por isso, podes torturar-me o quanto quiseres, que eu permanecerei fiel ao meu Deus. Mesmo que tivesses o poder de me matar cem vezes, não serias capaz de tirá-lo do meu coração ou da minha boca.
Plauciano, indignado com o destemor, comunicou aquelas palavras que ouvira ao imperador, que ordenou a decapitação do novo cristão. A sentença foi executada no ano 303 de nosso Senhor. Assim, São Genésio — que de idólatra se tornara cristão, e de escarnecedor do cristianismo, destemido confessor do Salvador — recebeu a coroa do martírio.
O Martirológio Romano menciona um outro Genésio, nascido em Arles, na França. Inicialmente foi um soldado, depois um tabelião público e, um dia, recebeu a ordem de escrever um édito contra os cristãos. Embora fosse pagão na época, reconheceu a injustiça do ato e recusou-se a transcrevê-lo. Instado a obedecer, jogou fora a tabuinha, confessou-se cristão e preferiu perder o cargo e até a vida, como seguidor do Salvador, a tornar-se culpado diante de Deus por escrever uma ordem tão injusta. Esta heroica resolução custou-lhe a vida temporal, mas assegurou-lhe a felicidade eterna.
Considerações práticas
I. Quão maravilhoso é o Todo-Poderoso na conversão até do maior dos pecadores; quão misericordioso até para com aqueles que o ofenderam profundamente! No momento em que Genésio provocou a justa ira de Deus, ridicularizando o santo Batismo, Ele mudou seu coração e transformou-o num valente defensor da fé cristã e, pouco depois, num glorioso mártir.
Por isso, se vir um grande pecador, não o menospreze. Quem pode ter certeza de que um dia ele não se tornará um penitente fervoroso, um grande santo? A mão do Senhor, que transformou um publicano num Apóstolo, um perseguidor da Igreja num de seus protetores, um escarnecedor num mártir, não perdeu seu poder. Ele é capaz de salvar o maior dos pecadores.
Ao mesmo tempo, como Deus é misericordioso! Por causa da sua zombaria sacrílega, Genésio merecia ter uma morte súbita e ser precipitado no fundo do Inferno. O Senhor não o tratou de acordo conforme aquilo que ele merecia, mas poupou-o do castigo devido e deu-lhe a graça de reconhecer sua falta e de apagá-la com seu sangue. Você também não experimentou a mesma misericórdia das mãos do Todo-Poderoso? No momento em que o ofendeu, você merecia morrer em seu pecado e perder-se para sempre, mas Deus o poupou. Que Deus lhe mostrou essa misericórdia?
O mesmo a quem você tanto ofendeu, deu-lhe tempo e oportunidade para fazer penitência. Exortou-o a fazê-la, não porque isso pudesse ser benéfico para Ele, mas porque Ele é misericordioso e o ama. Ponha-se de joelhos e dê-lhe graças por uma bondade tão incompreensível. Dizia o penitente Agostinho: “Mil vezes poderíeis ter-me condenado com toda a justiça, se o quisésseis fazer. Não o fizestes, porque amais a minha alma”. Diga o mesmo a si e confesse que um Deus tão misericordioso merece que você não volte a ofendê-lo.
II. Genésio valeu-se do conhecimento que Deus lhe dera e também do tempo e da graça que lhe foram concedidos pela misericórdia divina. Arrependeu-se de seu erro e expiou-o com uma confissão pública da fé cristã, da qual nem mesmo a morte pôde separá-lo. Como você aproveita o conhecimento que Deus lhe deu? E o tempo? E a graça? Você coopera com ela? Aproveita o tempo para fazer penitência? Corrige as faltas que cometeu? É constante na reforma de si?
Ai de você, se não fizer isso! Tem razão em temer que Deus lhe prive da graça, se não empregá-la para sua salvação. Ele tirará de você o tempo e a oportunidade de fazer penitência, porque não a emprega no propósito para o qual ela lhe foi concedida. Quanto maior tiver sido a misericórdia do Todo-Poderoso com você até agora, tanto mais severa e terrível será sua justiça. Quanto mais tempo Deus tiver esperado por sua conversão, tanto mais doloroso será seu castigo, se não aceitar a graça dele.
Santo Agostinho aconselha: “Não desprezes a misericórdia de Deus, se não queres conhecer sua justiça. Mede pela grandeza de sua misericórdia, a extensão de sua justiça; porque o Todo-Poderoso é infinito tanto em sua justiça como em sua misericórdia.” São Bernardo escreve: “Quanto mais tempo Deus esperar por nossa conversão, mais severamente nos castigará se a negligenciarmos.”
O que achou desse conteúdo?
Ótimo!
Magnificamente edificante e esclarecedor! Quanto poderemos usufruir de tal graça e misericórdia durante a nossa vida, se crermos nessas santas afirmações contidas neste texto! Busquemos então o amor de nosso Deus que se encontra dentro de nosso coração,antes que nos lembremos da bendita frase de Santo Agostinho que disse: " TARDE TE AMEI, POIS BUSQUEI-TE FORA DE MIM! Quanto tempo perdido!!!!!!!
Maravilhoso para a nossa conversão, o que aconteceu com São Genésio nos leva a refletir sobre o caminho que estamos trilhando rumo a conversão. Tenham paciência comigo, eu me atrapalho na internete. Quero permanecer aqui, não me excluam, por favor!
Os bem aventurados e santos (ao contrário de nós) veem o quadro todo; elas sabem que mesmo em meio às dores e provações da vida , Deus ainda está trabalhando nos bastidores. Elas também sabem que Satanás é um inimigo derrotado, e algum dia todo o mal será destruído e Cristo governará em perfeita paz e justiça.
Você tem certeza de que irá para lá quando morrer? Você pode ter, voltando-se para Cristo e entregando sua vida a Ele.
Peça para Jesus permitir você voar para Ele agora.
“A cada vitória sobre o pecado corresponde um grau de glória eterna”.
São Padre Pio de Pietrelcina
Pena que este Santo não estava nas Olimpíadas de Paris, deste ano de 2024!!!!!