Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13,44-46)
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.
Jesus nos conta hoje duas pequenas parábolas. Na primeira, o reino dos céus é comparado a um tesouro escondido no campo, ou seja, que se oculta sob o véu obscuro da fé. Deus, com efeito, não se nos dá a conhecer plenamente, face a face, a rosto descoberto; Ele quer, sim, o nosso amor, mas sabe que, para que o amemos livremente, temos de aprender primeiro a confiar nele, a tratar com Ele “como por espelho” (1Cor 13,12), descobrindo aos poucos o amor infinito daquele que nos amou muito antes que pensássemos em o amar de volta.
A alegria deste descobrimento, por sua vez, é descrita no Evangelho como uma renúncia da qual o Senhor mesmo é o protótipo: tendo achado no campo aquela riqueza escondida, o homem vai, cheio de júbilo, e “vende todos os seus bens e compra aquele campo”, pois o próprio Cristo, embora fosse de condição divina, “não se prevaleceu do seu ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens” (Fl 2,7), a fim de nos comprar por seu precioso sangue (cf. 1Cor 6,20; 7,23; 1Pd 1,18).
Ele tudo fez e a tudo renunciou propter nos homines et propter nostram salutem, “por nós, homens, e para a nossa a salvação”, como professamos no símbolo do Credo Niceno-Constantinopolitano.
Nessa curta mas luminosa parábola, o Senhor também nos faz notar a necessidade do recolhimento para a vida interior. De fato, o homem só pode pôr-se à busca de algo oculto e escondido se também ele, com paciência e aplicação, esconder-se dos olhos do mundo, à semelhança de um explorador que, para descobrir as maravilhas de uma caverna, não receia descer até às entranhas da terra, aonde não chega sequer a luz do sol.
Assim também deve ser a nossa vida de oração e relacionamento com o Senhor: “Quando orares”, diz Ele aos discípulos, “entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á” (Mt 6,6).
Ora, o que é este “quarto”, o que é este lugar “escondido” senão o nosso coração, a nossa interioridade? É lá que encontramos o tesouro oculto de que hoje ouvimos falar. Daí a necessidade da fé, para começar a buscá-lo; daí a necessidade do recolhimento e do silêncio, para conseguir encontrá-lo.
Peçamos a Deus, pois, que nos exercite nessas virtudes e nos ajude a procurá-lo onde Ele tanto deseja habitar: no nosso coração. Que a Virgem Santíssima, Moradia consagrada a Deus, ilumine os nossos caminhos e nos ensine a amar o seu Filho como Ele quer ser amado por nós.
O que achou desse conteúdo?