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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 7, 14-23)

Naquele tempo, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Quem tem ouvidos para ouvir ouça”. Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. Jesus lhes disse: “Será que nem vós compreendeis? Não entendeis que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, porque não entra em seu coração, mas em seu estômago e vai para a fossa?” Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros. Ele disse: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.

No Evangelho de hoje, Nosso Senhor declara que os alimentos são puros. Para nós, essa controvérsia com os judeus parece uma realidade longínqua, sem aplicação para nossas vidas. A partir da vinda de Cristo, uma série de preceitos do Antigo Testamento, instituídos por Moisés, estão superados. Aqui, porém, Nosso Senhor Jesus Cristo está nos ensinando uma verdade que, ainda hoje, muitas religiões não percebem: o fato de que o mal tem sua origem no espírito e não na matéria. Infelizmente, também percebemos alguns resquícios de platonismo, maniqueísmo e catarismo que vagueiam pela cultura cristã. Tais resquícios levam ao erro de classificar o que é material como mau e o que é espiritual como bom. No entanto, nós, cristãos, sabemos que toda a Criação é boa, e que o corpo ou a matéria, por si mesmos, não pecam. Nesse sentido, os animais não cometem pecados, mas apenas os seres humanos, porque têm espírito. Aliás, aqueles que primeiro pecaram e levaram a humanidade a pecar são seres espirituais: alguns anjos, criados por Deus como bons, mas que, na sua liberdade, escolheram rebelar-se contra o Criador. Isso nos ajuda a compreender que a maldade vem da nossa alma. Esta pode até sofrer a influência dos instintos e paixões do corpo, mas o pecado mesmo só ocorre quando nós, advertindo com a inteligência os estímulos desordenados que nos acometem, neles consentimos com vontade fria e deliberada. Assim, a alma, no exercício de sua liberdade, é a grande protagonista de nossa vida espiritual, sendo aquela que pode escolher negar a Deus, e assim pecar, ou amá-lo generosamente e por inteiro.

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