Irmãos em Cristo, já tiveram a impressão de que estamos na mira de todo tipo de grupo ideológico? Eu, sem dúvida, já tive. Pensei muito sobre isso, e acho que descobri um padrão que explica por que sempre temos problemas com “a mais recente, a maior e a derradeira moda ideológica”.
Descobri esse padrão pela primeira vez em meu estudo sobre a revolução sexual.
1.º passo: Alguém vende ao público um ideal utópico, um paraíso na terra, algo que parece atraente, mas completamente impossível. Até boas ideias e objetivos nobres podem ser corrompidos ao serem transformados em ideologias utópicas. Por exemplo, o sonho utópico dos comunistas é o paraíso dos trabalhadores da economia perfeita e da igualdade social. Ora, podemos eliminar parte da desigualdade, mas jamais teremos a perfeita igualdade em todas as dimensões. Isto é completamente impossível.
Alguns ambientalistas querem eliminar toda a poluição, todas as emissões de carbono. Impossível. Reduzir a poluição? Com certeza podemos fazer isso. Mas eliminá-la não é possível.
Algumas pessoas do establishment da saúde pública querem eliminar todos os casos de Covid. Reduzir o número de casos? Com certeza. Eliminar todos? Impossível.
Naturalmente, a revolução sexual resume-se a criar um paraíso sexual na terra, onde cada adulto poderá ter as relações sexuais que quiser, e nenhum mal jamais ocorrerá.
2.º passo: As mesmas pessoas que vendem a fantasia também vendem a si mesmas como a potencial classe salvadora que pode tornar esse sonho uma realidade. Bastaria…
3.º passo: Dar a elas poder suficiente. Fazer o impossível requer muito poder. Portanto, a autointitulada “classe salvadora” exige poder ilimitado para transformar em realidade a fantasia onírica. Mas, mesmo com muito poder, essas pessoas não podem fazer o impossível. Portanto, têm de encher a sociedade…
4.º passo: De propaganda ilimitada, que mantém as pessoas convencidas de que o sonho é desejável e possível. Finalmente (e isso muito importante), a propaganda deve fazer com que a atenção das pessoas se volte para…
5.º passo: A classe que serve de bode expiatório. O cenário onírico jamais se materializará. Portanto, a classe salvadora precisa culpar alguém. Todas as ideologias totalitárias tiveram uma classe que lhes servisse de bode expiatório. Os comunistas culparam os kulaks, os camponeses ricos e os criptocapitalistas. Os nazistas culparam os judeus. Os revolucionários sexuais tratam como bode expiatório os cristãos que se recusam a aceitar a cartilha.
Qualquer ideologia é completamente incompatível com a religião cristã. Revisemos os cinco elementos para entender a razão disso.
1. Uma ideologia promete primeiro o céu na terra. Mas Jesus nunca nos prometeu o céu na terra. Na verdade, Ele prometeu que seríamos perseguidos e teríamos problemas. Ele nos disse: “Tome cada um a sua cruz e siga-me”. Disse que deveríamos abandonar nossas famílias, nossos pertences e nossas reputações, qualquer coisa que interfira na cruz. Jesus não promete o paraíso na terra. Promete o paraíso no céu.
2. A ideologia forja a necessidade de uma classe salvadora que possa tornar real esse paraíso na terra. Jesus nos proíbe de buscar uma classe salvadora. Ele é o único salvador. A religião cristã nos proíbe especificamente de atribuir o título de “salvador” a qualquer um, exceto a Jesus.
3. A classe salvadora pode nos salvar, desde que lhe concedamos poder suficiente para realizar a tarefa impossível que nos determinaram. Como cristãos, não temos permissão para fazer esse acordo. Temos o dever de dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Não é preciso dizer que não temos permissão para conceder poder ilimitado às elites políticas ou tecnocráticas. Temos de ouvir com respeito os especialistas de qualquer área, mas não devemos a eles obediência cega. Na verdade, eles devem oferecer respostas respeitosas às nossas dúvidas e preocupações. Afinal de contas, os especialistas em saúde pública, na chamada educação sexual, em ciência climática ou em economia global são cidadãos comuns como todos nós.
Nós, cristãos, temos essa ideia maluca de que as pessoas que detêm o poder não podem fazer o que bem entendem, e isso nos torna ainda mais incômodos para as elites no poder. Quem detém o poder não pode fazer o que quiser. A história do cristianismo está literalmente repleta de corpos de pessoas que enfrentaram os detentores do poder. Mais do que qualquer outra coisa, isso fez com que os cristãos enfrentassem problemas com as classes dominantes ao longo da história.
4. As ideologias precisam de propaganda ilimitada. Sejamos claros: a propaganda é uma forma de engano. Quando uma ideologia confere a si mesma a permissão para enganar, a fim de alcançar o sonho pretendido, o fiel cristão deve opor-se. O cristianismo afirma que existe uma coisa chamada verdade, que pode ser descoberta por meio da razão e da revelação, e que todos têm a responsabilidade de viver na verdade.
5. Finalmente, a ideologia precisa culpar alguém quando as coisas não saem como planejado. Mas a religião cristã nos proíbe especificamente de tratar as pessoas como bodes expiatórios. Por acreditarmos no pecado original, não esperamos poder livrar a espécie humana de todo mal, se nos livrarmos de tais ou quais pessoas más. Quando o assunto é pecado, estamos todos no mesmo barco. Como disse Solzhenitsyn numa frase que ficou famosa: “A linha que divide o bem e o mal existe no coração de cada ser humano”. Naturalmente, existem graus de delitos pessoais. Há sociedades melhores e piores, é claro. Mas, independentemente do progresso que se possa atingir, jamais alcançaremos a perfeição. A promessa de que algum dia, de algum modo, chegaremos à perfeição está preparando o nosso caminho para o fracasso e a decepção.
São as pessoas de fé a pedra no caminho da ideologia da moda. Quando surge uma nova ideologia, somos nós que dizemos, coçando a cabeça: “Isso não está certo”. Somos aqueles que estão dispostos a dizer: “Se alguém prometer o céu na terra, não morda a isca. Se é algo que parece muito bom para ser verdade, provavelmente não é nem bom nem verdadeiro”.
Por isso os cristãos são o inimigo público número um.
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