Os santos Cosme e Damião eram irmãos, nascidos de pais cristãos ricos em Egeia (localizada na Cilícia, Ásia Menor). Os dois estudaram medicina com o objetivo de conquistar os pagãos para Cristo e encorajar os cristãos à virtude e à constância na fé. Deus abençoou de tal modo suas habilidades médicas, que eles ficaram conhecidos em todo o país pelas curas bem-sucedidas que realizavam, e tanto pagãos como cristãos recorriam a eles em todas as doenças graves. Não cobravam dinheiro dos doentes, e serviam-nos por amor a Deus.
Quando visitavam um paciente, interrogavam-no sobre suas debilidades e curavam-no fazendo sobre ele o sinal da cruz. Eles até restituíam a visão aos cegos e faziam andar os coxos. Muitos pagãos, curados dessa maneira, convertiam-se à fé cristã, pois não só se convenciam do poder da Santa Cruz, mas também aprendiam com os santos irmãos quem era aquele que morrera por nós no madeiro. Por isso, esses dois santos médicos foram com razão estimados e honrados como apóstolos pelos cristãos.
No entanto, os pagãos consideravam-nos os maiores inimigos de seus deuses, e quando o governador Lísias, por ordem de Diocleciano e Maximiano, chegou a Egeia para exterminar os cristãos, os dois irmãos foram os primeiros a ser denunciados como feiticeiros e corruptores do povo. Lísias exigiu-lhes explicações, mas eles responderam sem medo:
Não somos mágicos, nem corruptores do povo, mas cristãos na fé e médicos de profissão. Na prática da nossa ciência, não somos movidos por motivos egoístas nem por desejo de lucro, pois não recebemos remuneração de ninguém. Não devemos ao nosso conhecimento as curas bem-sucedidas que realizamos, mas sim ao poder de Jesus Cristo, a quem adoramos como o verdadeiro Deus.
Para o governador, bastava saber que ambos professavam o cristianismo. Ordenou que fossem amarrados, chicoteados e depois lançados ao mar. A primeira dessas ordens foi imediatamente executada com extrema crueldade, mas a segunda não foi cumprida, pois um anjo do Senhor soltou os grilhões dos mártires e os levou de volta à praia, curados das feridas que haviam recebido no bárbaro açoite.
Quando Lísias soube desse fato, ordenou que fossem queimados vivos. Mas, lançados numa fornalha ardente, saíram ilesos. O tirano mandou então amarrá-los a uma cruz e ordenou que lhes atirassem pedras e flechas, mas tanto as pedras como as flechas ricocheteavam sem lhes causar o menor dano, enquanto feriam gravemente os pagãos que estavam por perto. Muitos se converteram por causa desse milagre. Só Lísias permaneceu impassível e, como não conhecia outros suplícios, condenou os dois santos à morte pela espada.
Considerações práticas
Cosme e Damião tiveram muito amor aos doentes, mas não desejavam ser recompensados por isso, porque faziam tudo por amor a Deus.
Trabalhar e sofrer por amor a Deus é a melhor das intenções, e devemos nos esforçar por cultivá-la. É uma intenção boa e santa fazer ou sofrer qualquer coisa para escapar do Inferno, mas é ainda melhor quando faço ou sofro qualquer coisa para obter a salvação. Sabemos que até grandes santos se serviram de tais intenções. A mais nobre e excelente, porém, é fazer e sofrer apenas por puro amor a Deus.
Tenha esta intenção logo pela manhã, quando fizer suas orações, e renove-a frequentemente durante o dia. Volte frequentemente seus pensamentos ao Todo-Poderoso e diga-lhe: “Senhor, por amor a Vós! Para vossa honra!” Você deve fazer isso especialmente quando o que estiver prestes a realizar for tedioso, pois essa intenção o tornará mais leve.
Os doentes, que não podem rezar muito, devem habituar-se a repetir tais palavras. Devem dizer ou pensar com frequência, olhando para o Céu ou para o crucifixo: “Senhor, eu suporto este sofrimento por amor a Vós! Tudo por amor a Vós, ó meu Deus!” Isso os confortará e será muito meritório. Digo muito meritório, sim, e mesmo no mais elevado grau. É algo que nos trará uma grande recompensa no Céu, como nos assegura São João Crisóstomo: “Não pense que ficaremos sem recompensa só porque não trabalhamos tendo em vista um salário; precisamente por isso nossa recompensa será ainda maior no Céu.”
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