Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 14, 13-21)
Naquele tempo, quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: "Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!" Jesus porém lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!" Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". Jesus disse: "Trazei-os aqui". Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
Por feliz disposição da Providência divina, esta segunda-feira da 18.ª Semana do Tempo Comum, cujo Evangelho nos relata a primeira multiplicação dos pães, coincide com dois importantes e significativos eventos: de um lado, o início do mês de agosto, comumente dedicado à oração pelas vocações sacerdotais e, em não poucos lugares, ao culto e à devoção eucarística; de outro, a memória de Santo Afonso Maria de Ligório, que contribuiu grandemente para difundir na Igreja a prática das visitas a Jesus Sacramentado. Em vista disso, parece-nos de grande proveito considerar hoje tanto os frutos desta piedosa prática para a nossa vida interior quanto a conveniência de fazermos a chamada comunhão espiritual. Em largos traços, pode-se dizer que a visita ao Santíssimo Sacramento consiste em deter-se por alguns instantes aos pés de Cristo, presente real e verdadeiramente na Eucaristia. É daqui, pois, que este doce costume deriva toda a sua força e toda a sua eficácia: o Senhor está, de fato, presente em nossos altares, com o seu mesmo e único Corpo — concebido no seio da Virgem Mãe e libertado do sepulcro naquele glorioso domingo de Páscoa.
Após nos termos colocado na sua presença amorosa, devemos deixar o nosso coração dilatar-se "em fervente colóquio com Jesus" (A. Royo Marín, Teologia de la Perfección, n. 317): podemos expor-Lhe os nossos desejos e anseios, pedir-Lhe novas graças e auxílios, implorar com humildade o seu perdão e, acima de tudo, amá-lO muito, com terno fervor, tendo para com Ele aquela cega confiança que as criancinhas costumam depositar em seus pais. Neste momento, convém-nos fazer a comunhão espiritual, ou seja: manifestar ao Mestre o nosso vivo e ardente desejo de O receber na Eucaristia, de O abraçar, de O ter sempre conosco, bem dentro do coração. Embora não dispensem de forma nenhuma a comunhão sacramental, que nos confere ex operato a graça própria deste diviníssimo Sacramento, as comunhões espirituais têm a grande vantagem de não se limitarem à hora da Missa; antes, pelo contrário, podemos repeti-las várias e várias vezes ao longo do dia, estreitando assim a nossa união com o Senhor a cada hora ou mesmo a cada Ave-Maria.
Façamos hoje o firme propósito de visitar com mais frequência Aquele que, tendo-nos criado e por nós morrido, está à espera da nossa visita desde a fundação do mundo. Que a Virgem Santíssima, cuja vida transcorreu aos pés do seu amado Filho, nos ajude a crescer nesta devoção e a saber aproveitar a sua inigualável eficácia santificadora. Não deixemos de recorrer por fim a Santo Afonso Maria de Ligório, prova cabal dos frutos espirituais que se podem colher nestes momentos a sós com o Senhor.
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