Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5, 13-16)

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde seu sabor, com que se salgará? Não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e pisado pelas pessoas. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida. Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.

No Evangelho de hoje, São Mateus apresenta uma frase emblemática: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13). Em nosso ciclo semanal de leituras, estamos no capítulo 5 do Evangelho de São Mateus, que se inicia com as Bem-aventuranças, e é exatamente nesse contexto que podemos meditar a referida frase. 

O Sermão da Montanha, que abrange os capítulos 5 a 7 do Evangelho, pode ser considerado a primeira grande homilia de Jesus. Ele é fundamental porque nos mostra como a vida cristã deve buscar a salvação e, principalmente, a santidade, levando-nos a ter um coração configurado a Cristo. Ou seja, os santos não são pessoas que apenas admiram Jesus ou que seguem os seus Mandamentos, mas que vivem a vida do próprio Cristo, marcada pelas realidades da Cruz e da Ressurreição, ou seja, abraçando a morte para fazer surgir uma nova vida.

Dessa relação entre a renúncia de si mesmo (morte) e a vida na graça (nova vida), vem a felicidade, a bem-aventurança daqueles que vivem o verdadeiro amor, a santidade. É por isso que chamamos os santos do Céu de bem-aventurados. Então, uma vez que começamos a viver a vida de Cristo a ponto de podermos dizer como São Paulo: “Vivo, mas não eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 22), tornamo-nos sal da terra e luz do mundo, porque somente Cristo é o “Sal da terra” e a “Luz do mundo” e, configurados a Ele, podemos realizar as suas obras. É para isso que nós recebemos o Espírito Santo com seus sete dons no Batismo e na Crisma.

Quando, depois de convertida, uma pessoa passa por um processo de purificação, chega a um ponto em que ela começa a operar divinamente, realizando obras que espanta a todos e inclusive a ela mesma, a ponto de perguntar: “Mas de onde vem esse amor tão grande que eu não tinha? Sozinho não sou capaz de amar assim, mas Cristo pode amar em mim”. 

Então, em todos os santos, existe uma característica fundamental: eles agem, operam, amam e vivem de uma forma que faz com que fiquemos embasbacados ao lermos suas biografias. E, então, nós nos perguntamos: “Como é possível alguém viver assim e realizar obras tão sublimes?”. A resposta é que não é o ser humano que realiza essas obras, mas a graça divina que age por meio dele. Cristo, enviando o Espírito Santo, que é derramado em nossos corações, é gerado cada vez mais em nós, de tal forma que não somos nós que vivemos, mas é Nosso Senhor que vive em nós. Somente assim, seremos sal da terra e luz do mundo.