Finalmente chegou meu aniversário de 16 anos! Nunca pensei que fosse chegar, mas chegou. E foi incrível. Meus pais organizaram a festa, e havia mais gente do que eu podia contar. O dia inteiro foi fantástico. Mas, conforme o sol se punha, eu me lembrava: a melhor parte ainda estava por vir.
Era tarde da noite. Os confetes tinham sido varridos, os balões de hélio começavam a murchar e os embrulhos dos presentes tinham sido dobrados com cuidado, e guardados para uso da minha mãe. E enquanto eu estava sentada na janela, observando o céu escuro, meu pai espiou dentro do quarto com um sorriso.
“Pronta, querida?”, ele perguntou.
Era algum tipo de gracinha? Perguntei-me ao levantar de um salto. Eu esperava por essa noite há cinco longos anos, e finalmente ela havia chegado! Agora, oficialmente, eu receberia a autorização para namorar!
O plano era que meus pais e eu fôssemos ao meu restaurante favorito, na noite do meu aniversário de 16 anos, para oficializar o acordo — repassar as cláusulas, discutir regras etc. E agora estávamos finalmente a caminho.
Sentei-me à mesa, num canto tranquilo, com eles do outro lado. Feitos os pedidos, achei que era hora de começar. “Então, posso sair com qualquer rapaz que eu quiser, certo?”, perguntei, mal conseguindo conter a emoção.
Os dois deram uma gargalhada. Meu pai respondeu: “Ora, nós prometemos, não?”
“Que legal!”, exclamei, fazendo, ali na cadeira, uma pequena dancinha da vitória. Meus pais me seguraram por anos, mas agora eu poderia namorar qualquer rapaz! É claro, eles sabiam que eu tinha um bom relacionamento com Deus e, além disso, não me faltava bom senso.
“Espere um segundo”, minha mãe interrompeu-me com um sorriso. “Você só precisa nos prometer uma coisinha.”
Eu já esperava algum tipo de sermão, então já estava preparada. “O que preciso fazer agora?”, perguntei, inclinando-me para a frente com os cotovelos na mesa.
“Abra isto”, respondeu meu pai, mostrando uma pequena caixa branca. Ele sorria com ar de mistério.
Hesitei por um momento antes de remover o laço cor de rosa. Abri lentamente e deparei uma linda pulseira de prata. Mas não era uma pulseira qualquer. Era uma pulseira com berloques. E não eram berloques quaisquer. Eram pedras preciosas, pequenas, mas muito bonitas: uma dúzia de berloques delicados, balançando suavemente.
“Uau!” Não sabia o que dizer além disso. Definitivamente, fui pega de surpresa.
“Agora você precisa entender que essa não é uma pulseira qualquer”, minha mãe me informou.
“Eu sei”, respondi. “É tão linda!” Examinei-a mais de perto. Havia seis berloques pequenos alternando com outros ainda menores. Estes eram de um azul profundo. Safiras, pensei. E os outros seis eram todos diferentes. Um parecia ser apenas uma pedra, outro era rosa, um branco, um vermelho, um verde e… aquilo era um diamante?
“Essa pulseira com berloques é simbólica”, explicou meu pai, inclinando-se mais de perto para examiná-la comigo. “Ela representa você e sua pureza. É isto que vai guiá-la em seus relacionamentos. Sua mãe e eu só podemos lhe dizer o que é certo. Não podemos obrigar você a acreditar no que acreditamos. Espero que a pulseira lhe ajude.”
Olhei para ele com seriedade. “Estou ouvindo.”
“Esta pedrinha representa a primeira vez que um rapaz pegar em sua mão”, disse minha mãe, apontando para a cinza. “É apenas um pedaço de granito polido. Parece sem valor, sim, mas faz parte da sua pulseira.”
“Esta é quartzo rosa”, continuou ela, pinçando com cuidado a segunda joia. “Representa o seu primeiro beijo.”
“Esta verde é uma esmeralda”, continuou meu pai. “É o seu primeiro namorado. A pérola é para a primeira vez que disser ‘eu te amo’ para outro homem além de mim.”
Eu ri. Aquilo era bem legal.
“O rubi é para o seu primeiro noivado. E o diamante, para o ‘sim’ que disser diante do altar”, concluiu minha mãe.
Depois de assimilar tudo, desatei o nó da garganta e perguntei: “E as seis pequenas safiras, para que são?”
“São para lembrá-la de como você é linda e preciosa aos nossos olhos e aos olhos de Deus”, respondeu meu pai.
“Agora vem a parte complicada, a única regra que você terá de seguir em matéria de namoro.”
Apenas uma regra?! Parecia muito bom. Mal sabia eu...
“Sempre que você demonstrar um desses gestos de amor — um beijo, um ‘eu te amo’, um pegar de mãos — você também precisará dar à pessoa a gema correspondente.”
Devo ter entendido errado. “Tenho de dar a gema pro rapaz?”
“Isso mesmo: tem de dar-lhe a gema”, reiterou minha mãe.
Fiquei em silêncio por um momento. Achei que eles estivessem brincando. Mas não havia nenhum esboço de sorriso em seus rostos.
“Mas, pai!”, gritei de repente. “Elas são muito caras! Não posso simplesmente dá-las assim!”
Ele deu uma risada suave e amorosa: “Você ouviu o que acabou de dizer?”
“Querida”, continuou, “sua pureza, seu coração, são muito mais preciosos que algumas pedrinhas. Se não consegue entregá-las, é porque não deveria dar o que elas representam.”
Era como se tudo revirasse dentro de mim. Estava prestes a desabar em lágrimas. Por um lado me senti amada e valiosa. Mas, por outro, fiquei uma pilha de nervos. Não fazia sentido! Mas fazia…
Algumas semanas depois, estava com amigos na praia. O Carlos não quis nadar para me fazer companhia. Eu estava mais interessada em ler que em sujar-me de areia; e ele, mais interessado em ficar comigo que em nadar com os outros. Ele era legal. Ele era bonito. E tentou pegar em minha mão.
Estremeci por um nanossegundo, até que uma droga de granito mequetrefe cruzou a minha mente e me fez recuar. Fiquei furiosa — com meus pais, com minhas algemas, mas, acima de tudo, comigo própria. Estava deixando uma maldita pedra controlar minha vida romântica.
Fixei os olhos nela, furibunda, enquanto me dirigia envergonhada até o chuveiro. Foi então que Deus me acertou em cheio com uma chocante epifania. Eu não podia desistir da minha pedrinha de granito. Ela fazia parte da minha pulseira, o que, de certa forma, a tornava parte de mim. Sem ela, eu não estaria completa. Não era uma joia inestimável, mas tinha lá o seu valor. Tudo passou a fazer sentido então.
Depois de algum tempo, apareceu o Miguel. Nós nos divertimos. Saímos muito juntos. Achei que poderia amá-lo. Pensei em dizer isso a ele.
Pensei na minha pérola.
No fim das contas, não o amava tanto quanto pensava.
Meus pais estavam certos. Eles não podiam me obrigar a acreditar nas coisas em que acreditavam. Deixaram então que Deus e a minha pulseira fizessem o trabalho. Com a ajuda dos quatro, descobri o quanto eu era valiosa. O quanto era valiosa a minha pureza. O quão pouco valiam os rapazes que só queriam me fazer perder tempo. Se eles não tinham interesse em toda a pulseira, por que deveriam receber só uma parte?
Já o Humberto, ele achava minha pulseira incrível. Por isso, nunca tentou pegar em minha mão. Nunca tentou me beijar. Mas me pediu em casamento.
Nunca imaginei que tantos anos de tortura fossem dar em tanta felicidade. Eu achava que era bobagem. Que era exagero. Mas, agora, vejo que nenhuma outra coisa em toda a minha vida me deixou tão feliz.
Ao entregar ao meu marido a pulseira com todos os berloques, me perguntei por que tanto apego àquelas pedrinhas, se era tão extraordinário dá-las todas ao homem que eu realmente amava.
Mas a história não acaba aqui. Agora, quem usa a pulseira é a nossa filha.
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muito interessante a maneira como explicar a castidade.
Que linda história e que gesto mais expressivo!
Que lindo! Deus me dê as virtudes necessárias para educar minha filha assim!
Extraordinário
Quanta sabedoria! Amei! ❤️ 😍
Que lindo!
Que lindo!
Muito bom!
Que exemplo dos pais e como é importante escolher um homem ou mulher virtuosa e que realmente se tenha a intenção de casar e formar uma santa família!
Que história maravilhosa! Pais virtuosos, geram filhos e filhas virtuosos!