O assassinato de Charlie Kirk não representou apenas a morte de uma jovem e brilhante inteligência, de um marido e de um pai. Foi também uma tentativa de aniquilar a verdade. Foi uma tentativa de eliminar um movimento de jovens adultos que se envolvem no debate público sobre as verdades essenciais da humanidade. E foi uma tentativa de destruir a civilidade.
Isso não quer dizer que tudo o que Charlie dizia era verdade; não creio que isso aconteça com nenhum de nós. Mas Charlie participava do debate de ideias com mais coragem, vigor, civilidade e fé do que praticamente qualquer outra pessoa na esfera pública hoje em dia, e era por isso que tinha tantos seguidores jovens. Ele era diferente.
Pelo que pude perceber, ele não usava a linguagem inflamada tão comum no debate público de hoje. Era claramente um conservador convicto e um homem de fé genuína, de posições firmes e com um dom preternatural para o debate, características que acabaram por custar-lhe a vida. Mas o seu conservadorismo não era ideológico nem partidário. Era fruto de uma convicção bem fundamentada.
A perda de Charlie Kirk pelas mãos de mais um adepto da cultura da morte é uma tragédia para o país, pois ele, mais do que qualquer outra pessoa, tentou, com boa fé, moldar o discurso civil e o debate público. Sua principal habilidade era usar a palavra, com paciência e cordialidade, e não a violência, para abordar questões polêmicas. Você pode discordar dele, mas ele ouvia qualquer pessoa com atenção e só então respondia.
O assassino e aqueles que estão satisfeitos com o fato de Charlie Kirk já não estar na arena pública não compreendem que não foi propriamente um homem que foi atacado, mas sim a ideia de que a verdade é mais poderosa do que uma bala.
Esse tipo de violência é uma admissão tácita de que as mentiras não são poderosas o bastante para combater a verdade. É uma atitude covarde, mas é também o resultado do fracasso das mentiras. Sim, a morte de Charlie representa uma perda profunda, mas a verdade que ele buscava incansavelmente não pode ser morta. No fim, ela prevalecerá.
Para derrotar o mal, basta dizer a verdade. Espero que isso faça parte do legado de Charlie. A melhor maneira de responder a essa tragédia é com a verdade, pois a luz da verdade é o que destrói as mentiras, mesmo as mentiras violentas.
Estamos vivendo um momento perigoso na história. As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio ameaçam vidas e a paz em todos os lugares. A guerra fria civil que existe em nosso país está ficando mais acirrada e ameaça levar à violência generalizada. Reconhecer verdades óbvias está se tornando cada vez mais perigoso.
No entanto, cada um de nós tem a obrigação de dizer a verdade. Podemos não ser capazes de fazê-lo com a mesma habilidade que Charlie, mas devemos estar dispostos a arriscar tudo por ela. Devemos nos entregar à verdade com a convicção de que, mesmo diante da morte, ela prevalecerá. O mal e as mentiras serão derrotados simplesmente por dizermos a verdade.
Estamos numa luta feroz por nossas liberdades e nossa cultura, e o assassinato de Charlie Kirk parece ser um ponto de inflexão. Onde vamos parar? Existe o risco de que a sua morte leve a mais violência. O sentimento de raiva por causa dela é certamente justificado, mas a violência não vai resolver nada. Precisamos das virtudes que Charlie demonstrou: paciência e gentileza aliadas a um compromisso firme com a verdade.
Infelizmente, a hostilidade explícita e, por vezes, violenta contra as pessoas de fé tradicional está se tornando o novo normal neste país. Sim, há exemplos de conservadores que se comportam mal, mas é óbvio que a violência crescente em nosso país é direcionada às pessoas de fé tradicional.
Não estamos diante da perseguição sistemática dos tempos de Nero, mas ainda assim ela é real. Vidas estão sendo ceifadas, mas a cultura da morte também destrói de outras maneiras. Meus dois filhos adolescentes eram fãs de Charlie Kirk. Na quarta-feira, a inocência deles foi perdida. Agora eles sabem que, se tiverem ideias contrárias às da esquerda progressista, também eles serão odiados; e esse ódio pode se transformar em violência.
Em última análise, é claro, a resposta só pode ser um compromisso inabalável com as verdades do Evangelho. A pertença a Deus permite-nos derrotar as mentiras e o engano. Charlie Kirk era cristão e falava abertamente de sua fé. Pelo que ficamos sabendo, sua esposa ia diariamente à Missa, e Charlie às vezes ia com ela. Seu assassinato não pode ser separado do fato de que ele era um homem de fé profunda.
A fé cristã não é segura. Ela exige um compromisso com a verdade que requer sacrifício. Esperemos que não seja o sacrifício da própria vida, mas nossa vida diz respeito à eternidade e requer um compromisso com a verdade. Se necessário, o compromisso do mártir.
Rezemos para que a vida de Charlie inspire mais pessoas a se comprometer com a verdade de forma corajosa, independentemente do risco que isso possa acarretar.
Jayd Henricks, autor deste artigo, é presidente do grupo Catholic Laity and Clergy for Renewal [“Laicato e Clero Católicos pela Renovação”] e foi diretor-executivo de relações governamentais da Conferência Episcopal Americana. Seu texto foi publicado originalmente no site The Catholic Thing.

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