Neste Domingo de Páscoa (27), enquanto o mundo católico celebrava a festa da Ressurreição do Senhor, morria no estado do Alabama, nos Estados Unidos, Madre Maria Angélica da Anunciação, fundadora do grupo EWTN, sigla em inglês para Eternal Word Television Network ("Rede de Televisão Palavra Eterna", lit.). Embora fosse conhecida principalmente nos países falantes de língua inglesa, graças à Internet o mundo inteiro pode conhecer a grande obra de evangelização que essa irmã religiosa empreendeu durante a sua vida.

Foi quando visitou uma estação de TV batista de Chicago, em 1978, que surgiu o sonho de fazer uma TV católica. "Senhor, eu tenho que ter uma dessas", ela rezou baixinho, enquanto admirava o estúdio. Ao mesmo tempo, ela se repreendia dizendo que irmãs de clausura jamais conseguiriam lidar com essas coisas.

Depois de olhar para o equipamento de satélite, no entanto, Madre Angélica — que, àquela altura, já era priora de uma comunidade religiosa e dava palestras em todo o território dos Estados Unidos — concluiu que não precisava de muito "para atingir as massas". Dois anos depois, ela e as poucas irmãs de sua comunidade (que somavam 12 mulheres) transformariam a garagem que tinham em um estúdio, dando início à maior rede de comunicação religiosa do mundo.

A EWTN nasceu, em 1980, para impulsionar o "crescimento espiritual" dos católicos, com a missão de fazer avançar a verdade, "tal como definida pelo Magistério da Igreja Católica Romana". Seguindo os mesmos passos do Papa João Paulo II, a rede fundada por Madre Angélica se comprometeu desde o princípio a "servir à fé ortodoxa e à doutrina da Igreja como proclamada pelo Sumo Pontífice e por seus predecessores".

Madre Angélica encontra o Papa São João Paulo II.

Seu programa Mother Angelica Live chegou a milhares de famílias, trazendo incontáveis pessoas de volta à Igreja e ressuscitando a fé de muitos católicos. "Se eu pudesse trazer uma alma de volta esta noite, que tenha deixado a Igreja, não seria maravilhoso?", ela dizia ao seu auditório, em um programa de 1992. Com sua oratória espontânea e cativante, Madre Angélica introduzia as pessoas nos mistérios da salvação e na vida de oração, lembrando aos seus telespectadores que a santidade era para todas as pessoas, independentemente da profissão que exerciam. "Todos vocês foram chamados para ser grandes santos. Não percam essa oportunidade!", ela repetia.

O sucesso de seu trabalho de evangelização levou a revista Time a considerá-la "indiscutivelmente a mulher católica mais influente da América".

Nascida Rita Antoinette Rizzo, em 1923, e filha de pais separados, a fundadora da EWTN entrou para um convento de clarissas com apenas 21 anos, professando seus votos perpétuos em 1953. Depois de submeter-se a uma cirurgia delicada em 1956, prometeu construir um mosteiro no sul, caso Deus a permitisse andar novamente — o que efetivamente ela levou a cabo, em 1962. Os difíceis anos pós-conciliares tornaram urgente um trabalho apostólico na área das comunicações, e foi a isso que Madre Angélica se dedicou até 2001, quando um acidente vascular a obrigou a abandonar as telas da TV e a recolher-se em seu convento, no Alabama.

Em 2009, por seus serviços prestados à Igreja, o Papa Bento XVI concedeu-lhe a medalha Pro Ecclesia et Pontifice, a honra mais elevada que um leigo pode receber de um Papa.

Esse reconhecimento, é claro, não significa uma "canonização" — e nem é nossa intenção julgar se Madre Angélica foi santa ou não. Quem quiser conhecer melhor a sua vida, compre em formato Kindle a biografia que o jornalista Raymond Arroyo escreveu sobre a sua personalidade e conheça a fundo a história da sua vida. (Vale muito a pena.) Inegável é o trabalho extraordinário que essa mulher realizou em favor da Igreja e das almas. Que o Senhor Todo-poderoso e Misericordioso recompense grandemente essa serva de Deus, agora que ela se encontra face a face diante da Palavra Eterna que tanto anunciou. Requiem aeternam dona ei, Domine, et lux perpetua luceat ei. Requiescat in pace.

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