Pais católicos, acaso suas filhas sabem que é normal — e até mesmo bom e santo — desejar uma vida como esposa e mãe, acima de todas as outras considerações terrenas (até mesmo renunciando a elas)? Vocês já lhes disseram explicitamente que elas são livres para buscar o santo Matrimônio (o estado de vida natural de uma mulher) como um objetivo em si mesmo, ignorando as expectativas mundanas da cultura atual para as jovens?
Se sim, louvado seja Deus! Este artigo não é para vocês.
Quanto aos outros pais, reflitam sobre estas histórias pessoais:
Depois de me formar em uma grande escola pública do Arizona, em 1985, fui para uma das melhores universidades particulares da Nova Inglaterra, me formei com distinção e depois fui para uma faculdade de pós-graduação no sul, onde recebi uma bolsa de assistente muito cobiçada. Todos os indicadores de sucesso estavam a meu favor, e o mundo estava aos meus pés!
No entanto, nunca pensei em seguir uma carreira. Desde pequena, sabia qual era o meu verdadeiro objetivo — e não era entrar no mercado de trabalho, competir com os homens, progredir na carreira e ganhar muito dinheiro (ou “fazer história”). Tudo o que o meu coração desejava era casar e ter filhos. Nunca tinha convivido com bebês durante a infância, mas queria ser esposa, mãe e dona de casa, assim como a minha mãe e a maioria das mulheres do meu bairro nos anos 70, quando estava na escola primária. (Saber que havia uma mãe atrás da porta de cada casa era um conforto; um presente para todas as crianças do bairro, que iam; voltavam da escola ou brincavam na rua o dia todo!)
Mas antes de poder viver o meu sonho, eu precisava terminar a faculdade, como era esperado. Não me arrependo de ter feito faculdade — foi assim que conheci meu marido, afinal de contas —, mas até mesmo esse detalhe serviu ao meu plano; na minha cabeça, eu estava lá para obter o meu diploma de “senhora”, como costumavam dizer. Nesse aspecto, eu não era realmente uma anomalia, pois a maioria dos estudantes da minha idade ainda esperava encontrar um cônjuge na faculdade e casar-se logo depois; mas uma boa percentagem das mulheres também esperava construir uma carreira.
Por outro lado, uma boa amiga minha do ensino médio não foi para a faculdade, mas casou-se com o namorado do colégio aos 19 anos — uma noiva adolescente! Não pude ir ao casamento dela em nossa cidade natal, pois estava longe, em Boston, terminando o meu primeiro ano de faculdade. Lembro-me claramente de estar sentada na minha cama, no meu pequeno dormitório, no dia do seu casamento. Estava melancólica, feliz e invejosa, tudo ao mesmo tempo. Ela estava vivendo o meu sonho.
Eu não tinha dúvidas de que ser uma jovem noiva sem diploma universitário “não era para mim” (deixar de obter um diploma de bacharelado não era uma opção no meu mundo, nem mesmo na minha cabeça); mas era real e profundo o meu desejo por aquilo que ela estava experimentando. Eu sabia que ainda tinha muitos anos pela frente antes que chegasse a minha vez; então disse a mim mesma para aguentar e lidar com aquilo. Assisti de longe a minha amiga engravidando com facilidade e tendo um filho depois do outro em seus anos mais férteis.
Embora não devesse sentir isso, eu tinha uma grande admiração por ela. Eu a admirava — e não a menosprezava — porque, na minha cabeça, ela já vivia como uma adulta, ao contrário de mim. Eu invejava sua vida de esposa e mãe adulta, com uma casa própria, enquanto eu me empenhava em cursos (muitas vezes questionáveis) e vivia uma adolescência artificial, devassa e degradante, típica da vida universitária.
Felizmente, o Senhor pode agir mesmo em meio à escuridão, e eu conheci o meu futuro marido durante esses anos de faculdade. Ficamos noivos seis semanas após a formatura, e eu senti que a minha vida adulta estava finalmente prestes a começar. Desisti da pós-graduação logo nas duas primeiras semanas porque minha vida já não era mais centrada na faculdade. Pude livrar-me das amarras de “obter outro diploma, receber mais elogios, sair e mudar o mundo!” e libertar o meu coração a fim de preparar o meu casamento e um futuro perfeitamente natural como mãe e dona de casa — assim como minha linhagem ancestral de mulheres nobres e trabalhadoras.
Depois de um noivado desnecessariamente longo (noivados breves como os dos meus pais; avós eram irresponsáveis, sabem como é), casamos um ano depois. Trabalhei numa pequena agência de publicidade só para mulheres até pouco antes de nascer o nosso primeiro filho. Desde então, fiquei em casa e nunca mais olhei para trás.
O dinheiro era escasso e vivemos em apartamentos durante os primeiros anos. Meu marido trabalhava como atendente de serviço de quartos, numa época em que era difícil encontrar emprego. Mas meu coração estava transbordando. Eu amava tudo relacionado ao fato de ser mulher, esposa e mãe; e tinha um marido que entendia ser seu papel como homem proteger e sustentar a família.
Ok, tudo isso é muito bom. Isso foi no final dos anos 80 e início dos anos 90, quando uma nostalgia remanescente pelo lar ainda podia cativar os corações das jovens da época. Mas e as mulheres mais modernas? Certamente, depois de mais de trinta anos de lavagem cerebral feminista ininterrupta, e da promoção de uma sociedade andrógina e sem distinção de gênero, os corações femininos estão finalmente livres daqueles desejos estranhos por um marido, filhos e um lar; afinal, esse anseio interior era apenas uma “construção social”, e as jovens de hoje não estão “limitadas” pelas restrições da tradição, certo?
Eu não teria tanta certeza.
Enquanto escrevia artigos no meu antigo blog Little Catholic Bubble [“Pequena bolha católica”], havia uma leitora que comentava regularmente com o nome de “estudante universitária”. Ela não era católica. Era feminista, defendia abertamente a cultura do sexo casual, o aborto e a Planned Parenthood — basicamente, uma democrata liberal. Frequentemente, ela discutia comigo. Mas, controvérsias à parte, tornamo-nos amigas.
Ela tinha mais ou menos a idade da minha filha mais velha, e eu sentia por ela um carinho maternal, e passei a amá-la. Essa linda jovem se formou, entrou no mundo corporativo, teve muitos namorados/ficantes e se tornou bem-sucedida em todos os aspectos que o mundo moderno espera das mulheres modernas.
Mas, em seu íntimo, ela confessava que o desejo secreto do seu coração era encontrar um bom homem, casar-se e ter filhos. Ela dizia que, quando ela e suas amigas feministas conversavam em particular, o assunto era “casamentos e bebês”. Perfeitamente normal e adequado, eu dizia a ela. Essa atração pelo lar é o desejo natural do coração feminino desde o início da criação, quando Deus criou Eva para ser esposa e mãe. Certamente não era nada de que se envergonhar!
Eu a desafiei delicadamente: por que não quebrar o tabu? Por que não revelar seu verdadeiro desejo nas redes sociais e dizer às pessoas que seu sonho era ser esposa e mãe? Ela respondeu: “Leila, você sabe que não posso fazer isso”. Fiquei triste por ela — e por uma nação de mulheres jovens, estressadas, medicadas e solitárias, muitas delas “chefonas” que nem conseguem identificar por que sofrem tanto e tão profundamente.
Essas histórias representam milhões de mulheres, é claro. E geralmente os pais (inclusive pais católicos) apresentam muitas razões pelas quais a filha “deve” fazer isso e “tem” de fazer aquilo muito antes de começar a pensar seriamente em encontrar um marido, casar-se e constituir família. Afinal, é necessário obter um diploma, iniciar uma carreira, pagar dívidas, divertir-se, experimentar vários namorados, conquistar a “independência” e, claro, viajar! Também é preciso impressionar a família, os parentes, os amigos e o mundo das redes sociais com todas as suas conquistas pessoais. Todos sabemos como são as coisas hoje em dia e a pressão para “fazer tudo” é grande sobre as nossas meninas.
Meu objetivo não é argumentar que educação e viagens são coisas ruins, ou que as conquistas no mundo são más (não são!). Estou simplesmente pedindo aos pais católicos que talvez nunca tenham pensado nisso para eliminar um obstáculo que pode estar impedindo suas filhas de buscar o casamento, os filhos e a vida doméstica desde cedo — quando a transição é mais fácil e as perspectivas de encontrar um marido são melhores. Proponho que tirem um fardo antinatural e culturalmente imposto das cabeças e dos corações de suas filhas, simplesmente afirmando que é normal desejar casar, priorizar o casamento e até mesmo casar jovem. (Nossa! A Igreja permite!) Podemos libertar nossas filhas de um peso esmagador, dando-lhes segurança com palavras assim:
Querida filha, tão amada por Deus e por nós,
Você não deve ser pressionada jamais a fazer planos para ter uma carreira profissional. Não deve ser levada a acreditar que sua primeira tarefa como adulta é tornar-se “independente” e ganhar seu próprio salário. Não se deve esperar automaticamente que você frequente a faculdade (e, potencialmente, a pós-graduação; programas de doutorado), o que pode deixá-la endividada e forçá-la a trabalhar por muitos anos no futuro — influenciando-a a casar mais tarde e ter menos filhos, se é que terá algum.
Apesar do que a família, os amigos e até mesmo os onipresentes “influenciadores” católicos lhe dizem, você não precisa encontrar os seus sonhos ou aspirações “lá fora, no mundo”. Tem permissão para encontrá-los em casa, como esposa e mãe — o coração de sua família — e teremos tanto orgulho de você como se tivesse descoberto a cura para o câncer.
A Santíssima Virgem Maria, que era mais talentosa e dotada do que todas as mulheres juntas, é um modelo dessa verdade atemporal: o trabalho tradicional das mulheres, incluindo uma vida oculta e humilde de serviço à família, amor ao marido, educação dos filhos e cuidado do lar, não é “inferior” ao trabalho tradicional dos homens. As diferenças entre os sexos, dadas por Deus, não são motivos de competição, mas sim perfeições complementares incorporadas em nossa própria natureza. Aceitem com alegria e liberdade o privilégio de ser mulher.
Pais, depois de libertarem as mentes de suas filhas das expectativas inflexíveis de “independência”, ensino superior, carreira profissional, salário, acúmulo de riqueza, viagens e anos de namoros infrutíferos e em série (com menos perspectivas à medida que envelhecerem), não se surpreendam se as mais velhas — suas filhas adolescentes ou adultas — realmente olharem para vocês com perplexidade, inquietação ou até mesmo repulsa. As mais novas serão naturalmente receptivas, mas as mais velhas podem não compreender imediatamente a liberdade que lhes estão dando, nem sentir dilatarem seus corações, talvez precisem de tempo para se ajustar à ideia. A maioria das jovens, mesmo muitas de boas famílias católicas, acredita verdadeiramente que seu valor reside em todas as conquistas mundanas. Elas digeriram a venenosa mensagem secular — a ideia de que uma mulher forte e digna deve ser bastante parecida com um homem.
Ao abordar um tema diferente,mas igualmente importante, Leila Lawler explica esse triste pressuposto e suas consequências:
As pessoas mais jovens simplesmente pressupõem que as mulheres devem e vão trabalhar... Desde cedo (graças aos esforços dos mais velhos), elas aprenderam a silenciar eficazmente a voz interior que as chama, se forem moças, para o lar, para ser a rainha e o coração de suas casas… Consequentemente, elas vivem descontentes.
Nossas jovens — você, talvez, ou, se for mais velha, suas filhas — estão sob uma onda opressiva de ansiedade, porque o esforço por conformar-se, por mais enraizado que esteja neste momento, é extremo e tem o seu preço. Não sabemos o que estamos fazendo — ou, se sabemos, recusamo-nos a reconhecer que estamos erradas em buscar esse controle.
As jovens estão sofrendo…
E Moira Greyland, numa publicação perturbadora (mas importante) no Facebook, disse algo verdadeiro e simples sobre a influência de um mundo perverso e secular: “As mulheres não têm permissão para desejar o casamento e a família.”
Pais católicos, permitam que suas filhas desejem o casamento e a constituição de uma família. Tomem cuidado para não silenciar a voz interior que as chama para o lar, para ser a rainha e o coração de suas casas, tanto nas alegrias sublimes como nas cruzes santificantes. Quando vocês permitirem que suas filhas tenham um marido, filhos e um lar acima de todas as outras buscas terrenas, darão a elas a liberdade para escolher bem — e de acordo com os anseios mais profundos do coração feminino.

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