Como se preparar para escolher uma profissão? O que se deve ler? Que línguas aprender? Esses são questionamentos comuns na juventude, que tendem a causar angústia ou até mesmo desespero no jovem, especialmente naquele que carece de exemplos sólidos e firme direcionamento.
Quantas dúvidas e inseguranças podem experimentar as almas jovens! São como pequenos navios que estão começando a enfrentar o mar. Por isso, é tão necessário que esses navios pequenos e frágeis, nas tempestades da primavera da vida, tenham uma mão vigorosa que aponte o leme na direção certa.
É nesse sentido que a editora Molokai nos brinda com o livro A Boa Educação, de Tihamer Toth (ou Dom Tihamer Toth, como o chamaríamos), bispo húngaro que empenhou sua vida na boa formação dos jovens. Essa obra é um verdadeiro guia para a juventude moderna que tem suas dificuldades pessoais agravadas pela crise educacional e moral que enfrentamos em nossa civilização. Essa crise acaba por produzir jovens desencorajados, desanimados em relação ao futuro, incapazes de tomar decisões definitivas, reféns da cultura do provisório. O bispo Toth vem ajudar o jovem a tomar consciência do seu chamado e da sua dignidade, a fazer bom uso da sua liberdade e a discernir a melhor forma de agir na circunstância dada.
A Boa Educação é o primeiro livro que a editora Molokai publicou para a coleção Tihamer Toth. Visite a página da editora e conheça outros excelentes títulos para a sua formação pessoal e para a educação dos seus filhos.
A seguir, tornamos disponível um capítulo dessa obra, intitulado "Todas as carreiras são boas". Trata-se de uma ótima reflexão para os jovens à procura de uma ocupação profissional.
Quero ainda dar-lhe um conselho: não pense exclusivamente em uma carreira. Isso o faria infeliz no caso de ter de abandoná-la. Em muitos casos, são as circunstâncias exteriores que decidem a carreira dos jovens. Por exemplo: quer ser engenheiro, mas seu pai tem um escritório de advogado bem conhecido: é mais prudente que siga a carreira dele. Deseja ser médico, mas seu pai tem uma farmácia que será seu legado: então é melhor que seja farmacêutico. Quer ser professor, mas seus pais têm uma bela propriedade em terras: os estudos agrícolas estão, pois, plenamente indicados.
No fundo, importa pouco que desenvolva a sua atividade em tal ou tal carreira, pois em toda parte pode, como é o seu dever, ter pensamentos elevados; e é o principal. Com quadros e flores, pode tornar-se bonito, ou ao menos suportável, o aposento mais triste; assim, também pode embelezar com pensamentos ideais uma carreira que foi obrigado a abraçar contra a vontade. Sabedoria profunda oculta-se nas palavras de São Francisco Xavier: "Quando a gente não pode fazer o que quer, deve contentar-se com querer só o que pode".
Pode ser que tentem dissuadi-lo de uma carreira: "Ah! Meu amigo, nunca seja isso nem aquilo: eu conheço o ofício! Escolha outra carreira, não importa qual, contanto que não seja essa!"
É a linguagem dos que falharam na vida. Toda carreira é boa, se está de acordo com você. Os que não estão satisfeitos com a profissão que livremente escolheram queixam-se porque conhecem bem as dificuldades e os desgostos dela, mas não souberam apreciar os prazeres; das outras carreiras, só veem as vantagens e delícias sem prestar atenção às dificuldades. A outra margem do rio parece-nos sempre mais bela do que a que pisamos.
Não nego que haja vidas realmente fracassadas; a maioria, porém, dos que dizem que poderiam ter sido muito mais felizes noutra profissão, são eles próprios a causa da sua infelicidade. Seriam igualmente inquietos, descontentes e inconstantes em outra ocupação. Só uma consciência pura e o amor do trabalho podem tornar uma vida feliz, e muitas vezes é justamente isso que falta. Esses melancólicos vencidos na vida, que gemem sob o peso dos deveres cumpridos sem gosto, poderiam aliviar muito o seu trabalho se vissem nele o cumprimento da vontade de Deus e do seu destino terrestre, um meio de merecer a vida eterna, e não apenas uma ganha-pão.
Seja qual for a carreira que escolher, pode sempre se preocupar com a salvação de sua alma e com o bem do próximo — é este, afinal de contas, o negócio decisivo! Toda carreira pode ser vista pelo seu lado ideal: é o que deve guiá-lo na escolha. Que venha a ser negociante, economista, médico ou funcionário público, afinal de contas pouco importa. Digo que é o mesmo porque, em qualquer carreira, pode-se cumprir a tarefa fixada pelo Eterno a toda vida humana: glorificar a Deus e trabalhar para o bem do próximo.
Toda carreira, portanto, é boa, se escolhida por vocação, e em toda parte podem assegurar-se os interesses imortais da própria alma: achará ótima prova na vida dos santos. Entre os santos da Igreja, não achamos só eclesiásticos, padres e religiosas, mas gente de todas as ocupações. Santo Estêvão era rei, São Hermenegildo, príncipe, São Roque, mendigo, São Cesário, médico, São Martinho, soldado, São Paulo, camponês, Santa Zita, criada, Santo Ivo, advogado, São Cassiano, professor primário, São João Câncio, professor de universidade, etc.
Aceito uma única exceção: nunca se torne padre se o coração não disser, e só as circunstâncias exteriores pareçam obrigá-lo. Mas não deixa tampouco que algum obstáculo o afaste deste caminho, se para ele sentir vocação.
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