Contei recentemente, a um jovem solteiro de futuro, o conselho de carreira que costumo dar a jovens mulheres. Ele perguntou-me se eu poderia partilhar meu conselho com uma jovem mulher na qual ele está interessado. Eis aqui o meu conselho.

Prezada Joana,

Parabéns por sua graduação na faculdade. Você provavelmente pensa que o próximo passo é a carreira.

Este é o meu conselho profissional: a coisa mais importante que você pode fazer em sua vida, neste momento, é se casar e ter filhos. Para os católicos, eu ainda acrescentaria que é necessário discernir se o chamado é para a vida matrimonial ou religiosa. 

“Mas espere!”, dirá você. “Quero um conselho sobre carreira profissional”. 

Permita-me explicar.

Tal como os meus estudos em Stanford e Yale, seu curso universitário estava preparando você para ter uma carreira, não para ser uma pessoa humana (tal é a situação deplorável de boa parte da educação moderna). Você precisa fazer o seguinte: dar um passo atrás em sua educação universitária e refletir sobre o que significa ser humana — em seu caso, o que significa ser uma mulher.

Não confunda carreira com vocação. Carreira é, no melhor dos casos, algo que se encaixa na sua vocação, ou talvez apenas um conceito moderno vago. Seja como for, uma carreira não é um percurso de vida autossuficiente. Por isso, você precisa levar a sério o seu discernimento vocacional em vez de focar numa carreira. Na verdade, o tempo de Deus não é o nosso. Mas não se distraia com a ilusão de que uma carreira é uma vocação; não é. Não reforce sua busca por uma carreira, transformando assim a busca pela vocação numa reflexão tardia da qual você se ocupará “algum dia”. 

Estão diante de nós dois fatos fundamentais: seu corpo foi feito para gerar e educar filhos agora — não daqui a dez anos, mas agora —, e Deus criou você como ser humano, não como um autômato que procura uma carreira. Deus criou você e a ama tanto, que enviou seu único Filho para morrer por você; além disso, Ele explicou o que quer que você (na verdade, cada um de nós) faça com esta aventura da existência humana. Primeiro, “amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 5); segundo, “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 31).

Isso significa que Deus chama cada um de nós à santidade. Nossa tradição católica nos dá dois caminhos principais para nos ajudar nisso: a vida religiosa e o sacramento do Matrimônio. Então, dentro de cada uma delas vem o discernimento de um caminho particular com uma comunidade integrada, a fim de podermos ajudar uns aos outros a permanecer focados no amor vertical de Deus e também exercitar diariamente o chamado horizontal para amar o próximo.

Como explicou Mary Cuff, “não existe vocação para a ‘vida de solteiro’”. Não acredito que Deus queira você errando sozinha por aí. Ao mesmo tempo, porém, é improvável que sua vocação simplesmente bata um dia à sua porta. Você precisará ser consciente e ter uma postura ativa de abrir o seu coração e a sua vida para isso.

Se a sua vocação é casar-se, tome como prioridade conhecer um homem com quem possa se casar. Agora. Não depois de seu próximo diploma ou de seu próximo emprego. Agora. Isso significa estruturar sua vida em torno dessa prioridade. Não busque uma carreira e suponha que o Sr. Certinho simplesmente aparecerá no meio do caminho. No Ocidente, as estruturas sociais que nos ajudavam a conhecer esposos estão danificadas ou inclusive desapareceram. Portanto, você deve ser proativa e criativa para compensar esses “tecidos conectivos” há muito desaparecidos. Conte para sua família e seus amigos que você quer se casar. Deixe que lhe apresentem pessoas (e não os repreenda quando um encontro arranjado for menos do que “espetacular”). Escolha onde morar levando em consideração o local onde houver maior probabilidade de conhecer homens qualificados. Reze e deixe que Deus forme a sua alma. Invista tempo em formação sobre o Matrimônio sacramental e seu verdadeiro sentido; você não aprenderá o que é o Matrimônio por osmose a partir do que é considerado casamento na cultura ocidental contemporânea. 

Agora, permita-me contar-lhe três segredos que as feministas não querem que você saiba.

“Alice no País das Maravilhas”, de George Dunlop Leslie.

Primeiro: não há problema algum em ser feminina. As feministas passaram décadas tentando aniquilar os nossos instintos mais básicos. Mas a realidade continua se impondo, e nós não devemos fugir dela. Nas histórias bem-sucedidas que eu escuto hoje, de mulheres que se casaram, é comum os homens falarem da alegria de ter conhecido uma mulher “amável” e “carinhosa” — noções que deixam as feministas em polvorosa. (Um alerta: cabe não confundir isso com paquera no escritório, algo que só estimula uma competição entre as mulheres para chamar a atenção dos homens, enviando a eles sinais confusos e inapropriados.)

Segundo: as feministas querem que você busque uma carreira só para que possam usá-la na promoção da própria agenda. Na busca das feministas pelo poder e autonomia das mulheres, é conveniente que elas tenham o maior número possível de mulheres no trabalho. Isso permite que elas insistam em sua busca fantasiosa pela imposição da paridade salarial, ou mesmo pelo domínio feminino nas instituições e profissões. Além disso, quanto maior for o número de mulheres no mercado de trabalho, maior será o número de futuras candidatas aos postos de chefia. As feministas não se importam com você. Elas apenas querem usá-la como bucha de canhão em sua tentativa de quebrar telhados de vidro.

Se você comprar o mito feminista da “carreira acima de tudo”, poderá ser elogiada por algumas de suas conquistas mundanas; mas, quando você morrer e se encontrar com seu Criador, essas coisas serão irrelevantes. Porém, no plano de recrutamento das feministas, elas retratam a carreira para meninas e jovens como um arco que passa por sucessivos momentos de glória. Sem dúvida, alguns empregos são relevantes em certos momentos, mas eles são a exceção, não a regra. A maioria dos chefes capitalistas e burocráticos quer apenas usar seu trabalho para seus próprios fins; em geral, você só encontrará trabalhos pesados em empregos medianos e o estresse causado pela dinâmica disfuncional presente nos escritórios, além de viver e envelhecer sozinha com o passar das décadas.

É óbvio que as mulheres podem contribuir (e de fato o fazem) profusamente para a vida pública. Palmas para isso! Mas as carreiras precisam servir à nossa vocação. Se invertermos as nossas prioridades, a carreira nos fará desviar de nossa vocação. Descubra sua vocação primeiro e então submeta a carreira a ela. Se Deus a chama ao Matrimônio e à maternidade, você pode buscar uma graduação e um desenvolvimento profissional posteriormente; pode inclusive fazer essas coisas em meio período enquanto os filhos são pequenos.

Isso me leva ao terceiro segredo que as feministas não querem que você conheça: a maternidade é um caminho nobre e honroso na vida.

Meu conselho sobre carreira profissional é o seguinte: você é chamada a algo muito maior que uma carreira. Se você tiver vocação para a vida religiosa, descubra onde essa vocação se desenvolverá. Se você ficar em casa de braços cruzados e pensando: “Um dia…”, não chegará a lugar algum. Se tiver vocação para o casamento, procure um marido que tenha uma compreensão sacramental do Matrimônio; que queira ajudar você a trilhar seu caminho vocacional de amor a Deus e ao próximo; e que quererá, também ele, viver a própria vocação de amar a Deus, Nosso Senhor, e ao próximo — vocação que começa com ele amando você.

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