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A verdadeira razão da pobreza de São Francisco

A humildade perfeita não se contenta em reconhecer os seus limites ou a sua miséria. O que a inspira, mais do que a consciência de não ser nada, é o amor ardente àquele que, sendo o nosso tudo, esvaziou-se a si mesmo para nos enriquecer com a sua grandeza.

Texto do episódio
657

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10, 13-16)

Naquele tempo, disse Jesus: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.

Celebramos hoje, com grande alegria, a Memória de São Francisco de Assis, o seráfico pai de toda a Ordem e família franciscana. 

Vemos, no Evangelho de hoje, que Jesus dirige palavras duras para as cidades de Corazim, Betsaida e até mesmo Cafarnaum, a cidade de Pedro, que Nosso Senhor, estrategicamente, utilizava como ponto de apoio para as suas pregações na Galileia.

A repreensão de Jesus sobre esses lugares nos faz recordar do próprio Satanás que, por soberba e orgulho de não querer servir a Deus, quis se exaltar e, exatamente por isso, foi precipitado ao Inferno. 

Esse orgulho faz grande contraste com São Francisco, chamado por muitos de Pai Seráfico. Os serafins são anjos da mais elevada ordem que adoram a Deus diretamente e, ardentes de amor, estão na presença da Santíssima Trindade. Então, por qual motivo Satanás — que, conforme algumas tradições, era também um serafim — precipitou-se no Inferno? Por causa da sua falta de humildade. 

Uma das notas características da espiritualidade franciscana, o amor aos pobres, baseia-se justamente no amor ao Cristo humilde. Essa é a razão principal da virtude da humildade. Obviamente, devemos nos fazer pequenos diante de Deus, porque somos apenas criaturas pecadoras. No entanto, existe uma razão principal e mais importante para sermos humildes: Cristo humilhou a si mesmo em um ato de amor por nós, e os anjos bons, vendo a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade fazer-se homem, sentiram-se atraídos por seu gesto infinitamente generoso com um amor abrasador. Ou seja, existe um imã que atrai com amor caridoso, divino, ardente e seráfico as almas que verdadeiramente amam a Deus. 

São Francisco gostava de meditar sobre o mistério da Encarnação, de contemplar a humildade do Menino Jesus deitado em um cocho. Por isso, vamos hoje seguir o exemplo dos anjos e dos grandes santos, amando o Cristo humilde e, por imitação, atração e união a Ele, humilhar-nos profundamente. Peçamos, pois, a intercessão do grande São Francisco para que ele nos ajude a enxergar o fato de que, além de nos reconhecermos criaturas e pecadores, precisamos amar fervorosamente a humildade que nos une a Nosso Senhor.

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