Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15, 9-11)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”.

No Evangelho de hoje, Jesus diz algo importantíssimo aos seus discípulos na Última Ceia: “Permanecei no meu amor” (Jo 15, 9). 

A união que a fé provoca em nós não é um mito. As pessoas têm uma visão muito pueril de fé, achando que ela é apenas um sentimento de confiança, e não compreendem que ela ocorre na alma, na qual vemos a Verdade revelada pelo Cristo e, no ato de crer, somos iluminados pelo Ressuscitado. Pelo toque da graça de Nosso Senhor, verdadeiramente começamos a caminhar, e o ato de fé pode acontecer quer estejamos em pecado, quer estejamos em estado de graça. É evidente, no entanto, que se estamos em estado de graça, o ato de fé se torna mais completo por causa da caridade e do amor: “Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus Mandamentos — isto é, se estiverdes em estado de graça —, permanecereis no meu amor” (Jo 15, 9-10). 

A fé, mesmo deformada pela falta de amor, já é importante. Por isso, se temos fé, mas não estamos em estado de graça, precisamos enxergar o quanto ela é preciosa; a tábua da nossa salvação que irá nos conduzir à conversão final, verdadeira e profunda. Porém, para aqueles que já estão em estado de graça e possuem a fé moldada pela caridade e pelo amor de Cristo, Ele diz: “Permanecei no meu amor”. 

O que isso quer dizer na prática? Vamos nos recordar que, no Evangelho de ontem, Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer”(Jo 15, 5). Portanto, os atos de amor verdadeiro que realizamos, quando começamos a amar Cristo em nossos irmãos, não provêm de nós, pois fazem parte de uma ação do próprio Ressuscitado em nossas almas. 

Então, no ato de fé que fazemos, recebemos graças que começam a transformar a nossa vida, dando-nos as virtudes necessárias para realmente amarmos aos nossos irmãos. Assim, permanecendo em Cristo e crescendo de fé em fé, também se cresce de amor em amor, de paciência em paciência, de fortaleza em fortaleza, de castidade em de castidade, de fidelidade em fidelidade, entre outras belas virtudes. 

Entretanto, para que isso aconteça, precisamos obedecer aos Mandamentos, que podem ser seguidos fielmente se com frequência procuramos nos confessar e permanecer em estado de graça. Estar em sintonia com Deus é importante para que a nossa vida espiritual não esteja — usando uma expressão de Santo Tomás de Aquino, grande teólogo — “informe”, ou seja,  sem a “forma” do amor e da caridade.

Portanto, ainda hoje procuremos estar em estado de graça, buscando a Confissão, se necessário, para que em nós cresça cada vez mais o amor a Cristo e a obediência aos seus Mandamentos.