Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 13, 18-21)
Naquele tempo, Jesus dizia: "A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos". Jesus disse ainda: "Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado".
O Evangelho de hoje nos apresenta duas parábolas sobre o Reino de Deus, que Cristo compara aqui ao grão de mostarda, a menor das sementes, e ao fermento, cujo efeito é fazer crescer a massa do pão. Apesar de diferentes, essas duas realidades, se bem consideradas, têm em comum o fato de haver nelas uma certa dinâmica, uma certa tendência ao crescimento, ao desabrochar. Sabemos, por outras passagens (cf. Lc 17, 6), que Jesus se refere neste Evangelho especialmente à fé, identificada com o Reino de Deus. É São Paulo, contudo, quem, logo no início de sua Epístola aos Romanos, traduz de forma incisiva tanto a necessidade de crescermos na virtude da fé quanto a dinamicidade da Palavra de Jesus Cristo: "Com efeito", escreve, "não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de Deus [δύναμις γὰρ θεοῦ] para a salvação de todo o que crê". O Evangelho, portanto, e a fé que ele nos inspira são uma força salvífica que age em nós, que nos leva a Deus e nos une a Cristo.
Mas essa força tem de ser alimentada, tem de ser cultivada como um grãozinho de mostarda, à semelhança do fermento que vai aos poucos inchando a massa em que se encontra. É ainda São Paulo quem nos esclarece a este respeito: "a justiça de Deus", revelada no Evangelho de Nosso Senhor, "se obtém pela fé e conduz à fé [ἐκ πίστεως εἰς πίστιν]" (Rm 1, 17), ou seja, deve crescer de fé em fé, de amor em amor, numa marcha progressiva e ascendente de união com Deus. A fé, crescendo vagarosamente como uma sementinha, deve também levedar o nosso coração, deve transformá-lo numa fornalha ardente e cheia de energia para amar. Peçamos a Deus que nos conceda a graça de crescermos todos os dias na fé com que Ele mesmo, segundo o seu beneplácito, nos presenteou. Que essa fé, crescendo em nosso peito "a caminho de Emaús", faça o nosso coração abrasar-se de amor por Jesus Cristo (cf. Lc 24, 32), que é o verdadeiro fermento de nossas vidas.
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