Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 8,34 –9,1)
Naquele tempo, chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la. Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”. Disse-lhes Jesus: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.
No Evangelho de hoje, Jesus nos diz que devemos renunciar a nós mesmos, tomar a nossa cruz e segui-lo, pois “quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la” (Mc 8, 35).
Ouvindo isso, podemos pensar: “Mas o Evangelho não é sempre uma boa notícia? Porque então devemos abraçar a cruz?” Se não estamos enxergando a boa notícia, é porque não percebemos ainda a profundidade do que Jesus nos disse. É importante reconhecer que Deus é o Deus do amor e da vida; mas o nosso inimigo, Satanás, apresenta-nos uma outra vida que parece muito mais prazerosa, que consiste em buscar a felicidade neste mundo. Contudo, sabemos que o diabo é o pai da mentira, e essa vida tão atraente que ele oferece é, na verdade, o caminho da perdição.
Já o Evangelho do Senhor é diferente. Por fora, a vida que Ele oferece é aparentemente assustadora, porque pede renúncia e sofrimento e que passemos pela porta estreita, quando, evidentemente, preferiríamos um caminho largo. No entanto, abriga dentro de si um grande tesouro, o Reino dos céus, que permanece escondido na fé.
Precisamos penetrar a luz da fé e meditar este Evangelho. O que quer dizer “tomar a cruz”? Significa que precisamos crucificar o homem egoísta que está em nós, se quisermos amar e ganhar a verdadeira vida. Existe em nosso interior uma espécie de “parasita” que suga nossa energia, nossa vida, deixando-nos abatidos e disformes. Ora, se tomamos um “vermífugo”, matamos apenas os parasitas, e não a nós mesmos; por isso, devemos renunciar ao egoísmo, ao homem velho que está parasitando nossa vida, e embora o remédio seja amargo, depois ele se tornará doce, porque nos dará a vida verdadeira.
O Evangelho fala da vida e do amor, mas é impossível percorrer seu caminho se continuamos em nossas comodidades burguesas. Deus irá nos contrariar, pois é impossível que Ele não contrarie aquele que vive uma cultura de morte e de egoísmo como nós. Não é possível conciliar o Deus de amor com o homem velho e egoísta; o Deus da vida com a “vida” mortífera do pecado.
Portanto, peçamos a Jesus a graça de termos perseverança e forças para enfrentar o caminho duro e difícil que, no fim, irá nos levar à salvação e à verdadeira felicidade.
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