Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 3, 31-36)
“Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida.
O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”.
Temos hoje a alegria de celebrar a memória de S. Atanásio, bispo de Alexandria e Doutor da Igreja, conhecido também como pai da ortodoxia por sua corajosa defesa do dogma da divindade de Jesus Cristo. S. Atanásio foi um estrênuo defensor da fé contra a heresia ariana, que tanto mal fez às almas no séc. IV e pôs em grandes apuros a integridade do dogma cristão. Com efeito, por negarem a divindade do Verbo, rebaixado à condição de simples criatura, os arianos não reconheciam a Cristo como Filho consubstancial ao Pai e igual a Ele em tudo, mas apenas como um homem superior aos outros por graça e missão, contrariando assim o que Ele mesmo declara a seu respeito no Evangelho de hoje: “Aquele que vem do alto está acima de todos […]. Aquele que vem do céu está acima de todos”. S. Atanásio teve ainda de enfrentar os poderes seculares do seu tempo, que viam no arianismo uma força útil à sujeição da Igreja aos interesses políticos do Império. Numa época delicada, em que tantos bispos apostataram e o próprio Romano Pontífice parecia vacilar, S. Atanásio soube manter-se firme na confissão da verdadeira fé recebida dos Apóstolos, negando-se com santa intransigência a ceder à pressão dos poderes deste mundo, que pertencem à terra e só falam coisas da terra, incapazes por sua própria vontade de aceitar sem acréscimos nem subtrações o testemunho do Filho de Deus. Confiando-nos hoje ao patrocínio do bem-aventurado Atanásio, confessor incansável da divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, não tenhamos medo de opor-nos ao irenismo covarde e oportunista destes tempos iníquos, dispostos a riscar do Credo todos os artigos de fé menos concordes com as ideologias dominantes, com o falso ecumenismo e com o “tolerantismo” de um mundo que, por não crer em nada, acaba crendo em tudo, sobretudo nas próprias mentiras. — S. Atanásio, rogai por nós!
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