Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 15,29-37)
Naquele tempo, Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel.
Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”.
Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, neste deserto, tantos pães para saciar tão grande multidão?” Jesus perguntou: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos”. E Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. Depois pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, e os dava aos discípulos, e os discípulos, às multidões. Todos comeram, e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.
Para comungar bem
1. Disposições do corpo. — a) Jejum: A lei eclesiástica prescreve sob pena grave o jejum eucarístico, que na legislação atual consiste em abster-se de qualquer alimento, seja a modo de comida ou bebida, ao menos uma hora antes de receber a sagrada Eucaristia. Permite-se, porém, a ingestão de água e remédios. É o que dispõe o Cân. 919, §1, do Código de Direito Canônico: “Quem vai receber a santíssima Eucaristia, abstenha-se, pelo espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão, de qualquer comida ou bebida, exceto água ou remédios”. — Estão isentas deste dever “as pessoas de idade provecta e as que padecem de alguma doença, e ainda quem as trata”, as quais “podem receber a santíssima Eucaristia, mesmo que dentro da hora anterior tenham tomado alguma coisa” (Cân. 919, §3). — O jejum eucarístico impõe-se tão-logo o fiel é iniciado na santíssima Eucaristia, isto é, a partir da primeira comunhão, quando surge até para as crianças o dever da comunhão anual: “Todo fiel que tenha sido iniciado na santíssima Eucaristia está obrigado a receber a sagrada comunhão, ao menos uma vez por ano” (Cân. 920, §1).
b) Decência: Aos que se acercam da sagrada comunhão requer-se, por direito natural, limpeza, modéstia e postura aptas para exprimir a devoção e a reverência exigidas pela dignidade de tão grande mistério. Por isso, cumpre que o comungante esteja decorosamente vestido, segundo o próprio estado e as próprias condições.
2. Disposições da alma. — a) Estado de graça: Para a lícita recepção da Eucaristia, requer-se, sob pena de pecado mortal, o estado de graça, ao menos prudentemente estimado; na falta dele, deve o fiel confessar-se sacramentalmente. Assim estabelece o Código de Direito Canônico: “Quem estiver consciente de pecado grave não celebre Missa nem comungue o Corpo do Senhor, sem fazer previamente a confissão sacramental” (Cân. 916).
Basta uma estimação prudente, já que ninguém pode saber com absoluta certeza, sem uma revelação divina especial, se estão ou não em estado de graça.
À confissão sacramental está obrigado, de regra, todo cristão que tiver consciência de pecado mortal. Logo, α) quem duvida de modo razoável se pecou mortalmente (dúvida quanto à gravidade), ou mesmo se cometeu um pecado (dúvida quanto à comissão do ato), não tem obrigação estrita de confessar-se. A confissão, no entanto, pode ser recomendável, a menos que se trate de um fiel escrupuloso; e para que não haja perigo de o sacramento não produzir efeito, convém ao fiel em dúvida realizar um ato de contrição perfeita antes de comungar. — β) Quem, antes da comunhão, adverte ter se esquecido sem culpa de declarar algum pecado mortal na última confissão não está obrigado a confessá-lo senão na próxima confissão, uma vez que o comungante já cumpriu o preceito: de fato, antes da comunhão, purificou-se daquele pecado, perdoado no sacramento da Penitência por via indireta. Tampouco é necessário, neste caso, realizar um ato de contrição perfeita.
b) Preparação mínima: Para receber mais plenamente os frutos da Eucaristia, convém preparar-se antes de recebê-la. Essa preparação consiste em evitar, tanto quanto possível, os pecados veniais deliberados e em realizar atos de verdadeira devoção. Entre estes, os que mais contribuem para aumentar a devoção são: α) uma fé viva em Cristo substancialmente presente sob as espécies sacramentais, com todos os tesouros de sua graça; β) humildade profunda e reconhecimento da própria indignidade; γ) desejo ardente de receber a Cristo e dar-lhe toda a caridade de que formos capazes com o auxílio da graça.
3. Ação de graças. — Após a Missa, é de grande importância saber aproveitar o tempo em que Jesus sacramentado permanece no comungante e fruir da presença de tão ilustre hóspede. De fato, não pode haver tempo mais oportuno para tratar dos assuntos de nossa salvação do que aquele em que temos junto e dentro de nós o autor mesmo dela. “Cumpre, pois”, diz o autor da Imitação de Cristo, “não só que te prepares devotamente antes da Comunhão, mas que também cuides em manter-te devoto depois de terdes recebido o sacramento”. Afinal, não se requer depois da Comunhão menor cuidado que a devota preparação para ela, pois a guarda diligente da alma e dos sentidos é já a melhor preparação para receber ainda maiores graças. Ora, tornamo-nos muito indispostos para comungar de novo, se logo após receber a sagrada hóstia nos dissipamos com coisas exteriores ou preocupações interiores.
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