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Por que Jesus fazia milagres?

Os milagres de Jesus, ainda que tivessem como fim próximo manifestar a misericórdia do seu Coração, tinham como fim remoto e fundamental confirmar a sua qualidade de Cristo e Filho do Pai, a fim de nos atrair, como argumentos claros e suficientes, à obediência da fé.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 29-32)

Naquele tempo, quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas.

Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão.

No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.

No Evangelho de hoje, o Senhor se recusa a dar sinais à sua geração. O motivo disso, Ele mesmo o declara: “Esta geração é uma geração ”, e por isso não lhe será dado nenhum sinal a não ser o de Jonas. Ora, é justo perguntar-nos o porquê dessa repentina mudança de proceder. Uma vez que Senhor, até o momento, tem pregado por todo o Israel e realizado muitos milagres, por que decide agora não dar sinais, se já os tinha dado tão claros e em bom número? O problema não é que os judeus lhe pedissem sinais, mas que os pedissem pela razão errada. Se Jesus, com efeito, se apresentava como Cristo e Filho de Deus, maior do que Salomão e preexistente aos dias de Abraão, não era muito que Ele apresentasse nem que o povo lhe exigisse algum sinal ou argumento que desse credibilidade ao seu testemunho. Os seus milagres, portanto, tinham como objetivo fundamental isto, e somente isto: confirmar de modo suficiente a sua legação divina, isto é, a sua qualidade de Filho enviado por Deus Pai, e suscitar a fé sobrenatural nos homens de boa vontade.

Os milagres de Cristo são como palavras encarnadas, destinadas não tanto a curar doenças e ressuscitar mortos quanto a trazer o homem à fé e à vida da graça. É por isso que o Senhor se recusa hoje a dar sinais a muitos de sua geração: “Ela busca um sinal” pelo sinal, ou para satisfazer a curiosidade ou para conseguir algum benefício temporal, sem querer ouvir o que diz o sinal e ver aquilo para o qual aponta, que é a verdade de Cristo. É também por isso que não têm escusa alguma os judeus que rejeitam a sua legação divina (cf. Jo 15, 24s), por não levarem em conta os sinais já feitos e buscarem novos, sem se disporem a crer no que eles desvelam. Mas nós, se temos juízo, hemos de repetir com Nicodemos: “Senhor Jesus, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3, 2); e, se temos fé, hemos de ir além do doutor da lei e repetir com S. Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16, 16), que nos disseste e confirmaste de tantos e tão admiráveis modos: “Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa dessas obras” (Jo 14, 11).

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