Este breve texto não foi escrito pelo Padre Paulo Ricardo; é de autoria do Monsenhor Stephen Rossetti, exorcista na Arquidiocese de Washington, capital dos Estados Unidos, há mais de 12 anos. A tradução para a língua portuguesa é de nossa equipe.


No meio do exorcismo, Keila começou a gritar: “Não consigo sair! Ele não me deixa sair!” Perguntei: “Quem?” Ela respondeu: “Bafomé”. E acrescentou: “Ele disse que eu fiz um aborto e as portas do inferno estão trancadas”.

Keila teve um aborto alguns anos atrás e os demônios agora estão usando esse pecado contra ela. Ela dizia em meio a soluços que os demônios a estavam fazendo sentir, emocional e fisicamente, como se ela estivesse passando de novo por todo o procedimento de aborto.

“Portões do Inferno”, de Auguste Rodin, onde se encontra, originalmente, a famosa escultura “O Pensador”.

Uma vez mais o pai dela lhe disse que ela fôra perdoada. Ele disse que a amava e perdoava. Eu disse a ela que Jesus a havia perdoado e que a Cruz de Cristo tinha aberto os portões. Do inferno, porém, ela não conseguia [nos] escutar. Dizia repetidamente que os portões estavam trancados e ela não conseguia sair. Estava entrando em pânico.

Quando os demônios se manifestam, é típico que a pessoa afligida [por eles] sinta um pouco do que eles sentem e, com frequência, experimente o mundo tenebroso deles. Ou seja, os possessos experimentam aspectos de como é estar no inferno. Keila estava no inferno de encarar a devastação de seu pecado e o desespero de se sentir além do perdão de Deus. Ela se encontrava na morada dos condenados.

Tanto eu quanto seu pai não conseguíamos convencê-la do contrário. Enquanto ela estava “no inferno”, estávamos de mãos atadas. Tivemos de seguir em frente com a sessão, não obstante seus gritos e pânico, e expulsar os demônios o mais rápido possível. O exorcismo é uma coisa muito feia.

Ao término da sessão, Keila estava de volta e os demônios tinham saído, ao menos temporariamente. As primeiras palavras dela foram: “Quero me confessar” [i].

A experiência de Keila tem algo a dizer a todos nós. Confesse seus pecados enquanto há tempo. No inferno, ele já não existe mais.

Notas

  1. Nota do autor: Keila disse a seu pai que já havia confessado esse pecado antes, mas queria fazê-lo de novo. Ainda que os pecados confessados sejam verdadeiramente apagados aos olhos de Deus, minha experiência como exorcista é que os demônios observam nosso comportamento pecaminoso no passado e podem usá-lo para nos tentar, tentando nos fazer crer que não fomos perdoados ou que somos imperdoáveis — mais uma mentira demoníaca.

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