Uma rede norte-americana de televisão apresentou recentemente, em um de seus programas, um menino do sexo masculino que, com o apoio de seus pais, afirma ser um “drag queen”, ou, como ele mesmo se chama, um “drag kid”.
Quem assistir à reportagem da NBC, disponível na internet, verá uma jornalista toda sorridente conversando com Desmond Napoles, de 10 anos, cujo nome nas redes sociais é “Desmond Is Amazing” (o que em português se poderia traduzir, literalmente, por: “Desmond é maravilhoso”). Durante uma entrevista com o menino, que exibe brincos de diamantes, ela pergunta se ele é transgênero (ao que ele responde que não) e se identifica a si mesmo como gay (ao que ele responde que sim). “Quando você saiu do armário?”, ela pergunta. “Desde que eu nasci”, ele responde.
Ao longo da matéria, durante a qual se fala também com os pais de Desmond, é possível ter acesso à história por trás de tudo. Sua mãe explica que, quando ele estava começando a andar, ele se sentava em seu colo enquanto ela assistia a um reality show de “drag queens”. Ele ficava hipnotizado, ela conta, e eventualmente começou a se vestir igualmente em casa. A repórter pergunta a Desmond como era assistir àquele programa de TV, e o menino responde que ficava impressionado com “como elas eram bonitas e quão maravilhosas elas pareciam”, o que o levou a pensar: “Eu quero ser maravilhoso também.”
O pai e a mãe de Desmond consultaram um terapeuta a respeito do interesse do menino em se vestir como um travesti. Eles foram aconselhados a se manter neutros, não estimulando nem desencorajando o filho. A partir disso, então, eles deixaram a criança tomar as rédeas da situação e passaram a lhe dar apoio.
Um vídeo de Desmond desfilando como travesti durante uma parada gay em 2015 tornou-se viral, dando origem a uma “estrela das redes sociais”. Ele agora tem mais de 40 mil seguidores no Instagram e seu próprio canal no YouTube. Ele ganhou uma matéria na revista de moda feminina Vogue e começou uma carreira de modelo. Quando não está na escola, Desmond está ocupado em desfiles e sessões de fotografias.
Em suas aparições, a criança está sempre com o rosto exageradamente coberto de maquiagem e as unhas repletas de esmalte, mas sua mãe não vê nada de sexual no que ele está fazendo. Para ela, trata-se apenas de uma criança se divertindo. Quando a repórter pergunta à mãe se ele não é novo demais para fazer tudo aquilo, ela menciona o fato de que Mozart começou a tocar o piano com três anos de idade. Aparentemente, a seus olhos, travestir-se é um talento de Desmond.
A história de Desmond não estaria completa, evidentemente, se a repórter não acrescentasse que o menino usa suas plataformas nas redes sociais para apoiar outras crianças e inspirá-las a sair do armário. “Eu sou feroz e maravilhoso”, a criança diz à repórter. “As drag kids irão dominar o mundo.”
Há muita coisa a ser destrinchada nessa história. Pode alguém em sã consciência realmente acreditar que é bom e saudável uma criança de 10 anos de idade procurar fama e atenção se vestindo como os travestis de um programa de televisão? Pode alguém realmente achar que essa criança crescerá equilibrada, segura e feliz?
É de se perguntar, ainda, como esse menino começou a se identificar como homossexual tendo a frágil idade de 10 anos. Eu não estou certo do que é mais aterrador: ele entender de fato o que isso significa, ou não. Também não sei por onde começar com relação aos pais, que parecem quase que alegremente inconscientes do que se tornou a infância do próprio filho.
Mas para mim há um outro absurdo: isso é um programa de televisão retratando um menino de 10 anos que gosta de usar roupas e maquiagens extravagantes; trata-se de uma jornalista entrevistando uma criança e perguntando se ela é gay e quando ela “saiu do armário”. Ainda que os dias de bom jornalismo se tenham ido há muito tempo, tudo tem limites. Seja lá qual for a sua opinião a respeito dessa criança e desses pais, o fato de uma rede de televisão considerar essa triste história digna de divulgação é uma desgraça. É abusivo e de extremo mau gosto, e a NBC deveria sentir vergonha disso.
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